Região italiana é conhecida mundialmente pela produção, principalmente, de Barolos e Barbarescos
O doce perfil das colinas cobertas pelo verde dos vinhedos irradia beleza e magia na primavera no Piemonte. A combinação faz desse território o local ideal para a apresentação das novas safras de dois dos mais ricos patrimônios vitivinícolas da Itália: os emblemáticos Barolo e Barbaresco. Há 18 anos, a Albeisa, uma associação que reúne produtores de Barolo, Barbaresco e Roero, organiza um evento com o objetivo de mostrar a qualidade dos vinhos que chegam ao mercado neste ano. É o Nebbiolo Prima, uma grande e organizada degustação que neste ano reuniu 74 jornalistas de diversos países para analisar os vinhos Barolo 2009 e Reserva 2007, Barbaresco 2010 e Reserva 2008, Roero 2010 e Reserva 2009. Durante cinco dias, foram degustadas quase 380 amostras, uma média de 75 por dia, inscritas por 200 vinícolas. Foram 246 Barolos, 97 Barbarescos e 35 Roeros. As degustações aconteciam sempre na parte da manhã, às cegas, no Palazzo Mostre e Congressi di Alba, cidade de Alba. Uma verdadeira maratona, mas que, ao final, é surpreendente, já que, mesmo em meio a tantos bons vinhos é possível destacar os melhores.
“As novas safras são ainda muito jovens, mas nosso objetivo é que os vinhos sejam analisados observando o potencial de guarda de cada um deles”, explica o presidente da Albeisa, Alberto Cordero di Montezemolo. Na parte da tarde os jornalistas participavam de visitas técnicas para conhecer o terroir e ter contato direto com os proprietários das vinícolas. A Editora Novo Ciclo, através dos jornais A Vindima, O Florense e revista Bon Vivant participou do evento à convite da Albeisa e apresenta abaixo um pouco mais sobre este território italiano que nos brinda com vinhos tintos que figuram, sem nenhuma dúvida, entre os melhores do mundo.
O Piemonte desponta com uma das mais importantes regiões mundiais para a elaboração de vinhos de alta qualidade. É nesse famoso território que nascem as uvas Nebbiolo, cujas bagas dão origem ao conceituado vinho Barolo e a outro tinto, um pouco menos famoso, mas não menos importante, o Barbaresco. As áreas onde estão implantados esses vinhedos estão localizadas na província de Cuneo, numa área conhecida como Langue e Roero, próximo a cidade de Alba.
O RioTanaro corta esta região, cujas colinas são a marca registrada. O solo é compacto e sólido. Entre os diferentes tipos, destacam-se os calcários-argilosos e os arenosos. As estações do ano são bem definidas. Mudanças bruscas de temperatura entre o dia e a noite permitem alcançar um equilíbrio entre os componentes da uva que originam vinhos estruturados e de vida longa.
Tanto o Barolo quanto o Barbaresco são elaborados com a uva Nebbiolo, em regiões muito próximas, com processos parecidos. Mas, comparando um e outro percebe-se que são bem diferentes em seu estilo. O Barolo é um vinho vigoroso, imponente. É mais fácil apreciá-lo depois de alguns anos de envelhecimento. No mínimo seis, oito anos. Tem uma produção bem maior que a do Barbaresco, que é um vinho mais elegante e delicado. Segundo informações da Albeisa, da vindima de 2010 chegarão ao mercado no próximo ano 12.147.200 garrafas de Barolo. De Barbaresco serão 4.329.067.
A uva Nebbiolo, cuja primeira referência documental data de 1268, é conhecida pelos taninos marcantes e pela personalidade que mescla estrutura e finesse. É a variedade mais antiga do Piemonte. Sua colheita é tardia, geralmente em meados de outubro, com ciclo vegetativo longo, sendo a última das castas piemontesas a amadurecer. Seu nome deriva de “nebbia”, que significa neblina. É considerada a rainha das uvas tintas. A exemplo da Pinot Noir, na Borgonha, a Nebbiolo raramente adapta-se bem fora do Piemonte. São raros os Nebbiolos de qualidade fora do norte da Itália.
O Barolo é produzido em 11 pequenas cidadezinhas localizadas próximo a cidade de Alba. Entre elas está Barolo, lugarejo que leva o nome do vinho, La Morra, Monforte, Serralunga d’Alba, Castiglio Falletto, Novello, entre outros. Pequenas comunidades cercadas por imponentes castelos medievais e que encantam pela beleza de sua arquitetura. Em Barolo também está localizado o Castelo de Barolo, uma antiga edificação que conta a história deste vinho durante os séculos. Esse vinho também é conhecido como o Rei dos Vinhos ou Vinho do Reis. Isso porque era o preferido do rei Vitor Emanuel II, o primeiro rei da Itália após sua unificação em 1861.
Do charmoso lugarejo de Barbaresco, aninhado bem no alto de uma colina, e de outras pequenas zonas, como Treiso, Neive, além de parte da cidade de Alba, provém o vinho Barbaresco. É conhecido como o Príncipe dos Vinhos por ter o mesmo caráter do Barolo, porém com menos estrutura e longevidade. Este vinho começou a ganhar notoriedade mundial depois dos anos 1960 e hoje também tornou-se grife de luxo no mercado mundial de vinhos principalmente porque o paladar de grande parte dos consumidores pede vinhos mais leves.
Por Andréia Debon
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