As doenças das plantas são causadas por diferentes organismos, tais como fungos, bactérias e vírus. Para diminuir as perdas de produção e qualidade dos produtos agrícolas são usadas diferentes ferramentas que visam principalmente diminuir a presença desses organismos na área de plantio quando a cultura está suscetível a ser infectada, manejar as plantas e o sistema de plantio de modo a desfavorecer a infecção das plantas e manter protegidas as plantas durante o período em que estão sujeitas à infecção, com produtos que impeçam a germinação ou o crescimento desses organismos prejudiciais.
O modo de ação desses produtos, que, no caso dos fungos que causam doenças se conhecem como fungicidas, pode ser específico para inibir somente um processo necessário para a sobrevivência deles ou não-específico, por afetar, ao mesmo tempo, vários processos necessários para a vida deles.
Nesse último grupo se encontram os fungicidas conhecidos como sistêmicos, que possuem a capacidade de penetrar no interior das folhas e de outros tecidos das plantas. Esses fungicidas somente matam ou inibem os fungos que causam as doenças porque somente afetam processos específicos deles e não das plantas.
Contudo, em razão dessa especificidade, esses fungicidas podem selecionar da natureza algumas cepas de cada organismo que causa doença que não são afetadas pelo produto. Por não serem controladas quando o fungicida é pulverizado, vão aumentando em quantidade, até chegar o momento em que o fungicida não tem efeito (Figura 1), e a doença se desenvolve causando perdas para o produtor.
É sabido que as práticas de campo que eliminam rotineiramente os focos potenciais em que se alojam os fungos causadores de doenças (como, por exemplo, remoção e destruição dos restos da cultura ou de ramos ou frutas infectadas dos pomares ou vinhedos, bem como diminuição dos fatores que possibilitam a manutenção da umidade) contribuem para evitar o surgimento maciço de cepas resistentes aos fungicidas. Isso é porque com maior número de cepas dos fungos que causam doenças maior será a possibilidade dos não-sensíveis dominarem nessa cultura.
Outras estratégias para evitar a resistência têm a ver com o tipo de fungo e com o número de vezes que o fungicida vai ser utilizado. Assim, nas doenças como o mofo cinzento, o míldio e o oídio, os fungos que as causam desenvolverão mais rapidamente resistência, porque produzem grande número de estruturas de reprodução que são disseminadas pelo ar com facilidade, sendo mais fácil nesse grande número haver cepas não-sensíveis.
Também o uso permanente de um produto só irá concentrar as cepas não-sensíveis, causando no fim a perda de controle, e isso será mais grave se ocorrer ineficiência da pulverização, ou seja, falha na proteção uniforme da cultura (Figura 2).
Por Rosa Maria Valdebenito Sanhueza –
Engenheira agrônoma, Dra. em Fitopatologia
gostei da explicação