A vitivinicultura brasileira está passando por uma transformação. É uma atividade importante para a sustentabilidade da pequena propriedade no Brasil e tem se tornado também importante no desenvolvimento de algumas regiões, na geração de emprego em grandes empreendimentos que produzem uvas de mesa e uvas para processamento. Na principal região produtora de uvas no Brasil, a Serra Gaúcha, a vitivinicultura está fortemente ligada ao turismo. Nos últimos anos, por um lado, a crise econômica mundial, associada ao ingresso de outros países no mercado, dificultou as exportações de uvas de mesa do Vale do São Francisco; por outro, o excesso de oferta de vinhos no mercado internacional, associado ao aumento do poder aquisitivo dos brasileiros, tem facilitado o ingresso de vinhos importados no país, influenciando fortemente o desempenho da vitivinicultura brasileira.
De acordo com dados estatísticos disponíveis no portal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve, em 2012, redução de 0,52% na produção de uvas no Brasil, em relação ao ano de 2011 (tabela 1). A maior redução da produção ocorreu no Estado do Paraná (-32,86%). Também ocorreu redução de produção nos Estados da Bahia (-4,80%) e de São Paulo (-0,18%). Nos Estados de Pernambuco, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, houve aumento de produção de uvas de 7,71%, 3,09%, 4,64% e 1,29%, respectivamente, em relação ao ano de 2011.
Em 2012, a produção de uvas destinadas ao processamento (vinho, suco e derivados) foi de 830,92 milhões de kg, representando 57,07% da produção nacional. O restante da produção (42,93%) foi destinado ao consumo in natura (tabela 2).
As áreas plantada e colhida de uvas no Brasil apresentaram pequena recuperação em 2012, com aumento de 0,72% e 0,78%, respectivamente, em relação ao ano de 2011(tabela 3 e tabela 4). Os maiores aumentos de área aconteceram nos Estados do Paraná e de Santa Catarina. No Paraná, a área plantada aumentou 3,37% e em Santa Catarina aumentou 3,33%, em 2012. No Estado maior produtor de uvas do Brasil, Rio Grande do Sul, ocorreu aumento da área plantada de apenas 1%, em 2012. Em Pernambuco, a área plantada com videiras sofreu redução de 2,15% e na Bahia, a redução foi de 5% em 2012.
Cabe mencionar que em 2011 já houve reduções importantes na área com videiras, especialmente no Vale do São Francisco (PE e BA).
Embora não disponível nas estatísticas do IBGE, a viticultura está sendo implantada em vários Estados, como Mato Grosso do Sul, Goiás, Espírito Santo, Ceará e Piauí.
Não se dispõe de estatísticas sobre a produção e comercialização nacional de vinhos e suco de uvas. O Estado do Rio Grande do Sul, responsável por cerca de 90% da produção nacional desses produtos, possui informações relativas à produção de uvas, vinhos e derivados e à comercialização, cuja análise permite ter uma boa aproximação do desempenho da agroindústria vinícola do país.
A produção de vinhos, sucos e derivados do Rio Grande do Sul, em 2012, foi de 579,31 milhões de litros, 0,09% superior à quantidade produzida em 2011 (tabela 5). O maior acréscimo ocorreu na produção de suco de uva concentrado e no mosto de uva (mosto simples). O suco concentrado apresentou aumento de 27,27% e o mosto de uva, um aumento de 20,77%, em relação ao ano de 2011. Considera-se que, normalmente, grande parte do mosto de uva é transformado em suco de uva. Em 2012, a produção de suco de uva integral sofreu redução de 19,19%. Ocorreu aumento na produção de vinhos finos de 4,6% e redução na produção de vinhos de mesa em 17,48%.
Em Santa Catarina, segundo dados da Superintendência Federal da Agricultura do Estado, foram produzidos 21,18 milhões de litros de vinhos e derivados da uva e do vinho em 2012 (tabela 6). Desse volume, 72,57% referem-se a vinhos de mesa. Ocorreu aumento (11,77%) na produção de vinhos de mesa em 2012 e, redução de 19,14% na produção de vinhos finos no Estado, enquanto que na de suco houve incremento de 75,55%, incluindo suco concentrado transformado em suco simples e suco de uva integral. A propósito, desde 2011 é que estão sendo também disponibilizados os dados de produção de suco de uva catarinense. Cabe salientar que, em 2012, a safra de uvas utilizadas para elaboração de vinhos finos foi prejudicada devido à chuva de granizo.
O Rio Grande do Sul, em 2012, apresentou redução na comercialização de suco e vinhos, em relação ao ano anterior, de 3,61% (tabela 7). Os vinhos de mesa tiveram redução de 10,13%, enquanto os vinhos finos apresentaram aumento de 12,53%. Esse aumento decorreu do aumento das exportações, devido ao Programa de Escoamento da Produção do governo federal (PEP). Os vinhos espumantes, em 2012, continuaram sua trajetória crescente. Os espumantes moscatéis obtiveram aumento de 20,49%, e os espumantes apresentaram crescimento de 9,41% nas vendas. O aumento crescente dos espumantes nos últimos anos, aliado à trajetória descendente dos vinhos finos nacionais, mostra que em apenas cinco anos a proporção de vinhos finos/espumantes passou de 2,43 para 1,51, ou seja, enquanto em 2008 para cada garrafa de espumante (inclusive moscatéis) nacional vendida eram comercializadas 2,43 garrafas de vinhos finos, em 2012 essa relação foi de uma garrafa de espumante para 1,51 garrafa de vinho fino.
A comercialização de sucos de uva, que vinha apresentando trajetória crescente, em 2012 apresentou aumento de apenas 1%. O suco de uva integral apresentou aumento na quantidade comercializada de 19,04%, enquanto o suco de uva concentrado apresentou redução de 3,91%, no ano de 2012, em relação ao de 2011.