Pequenas no tamanho, gigantes no retorno

Em um mercado em plena expansão, as hortaliças mini e baby
têm sido garantia de lucros e presença na mesa dos brasileiros

Carlos Formoso, da Agristar do Brasil.
Carlos Formoso, da
Agristar do Brasil.

Danúbia Otobelli

Um consumidor mais atento já deve ter notado nas gôndolas dos supermercados uma nova forma de apresentação de hortaliças. São as miniaturas das hortícolas que, apesar do tamanho reduzido, têm um grande potencial de mercado. Além do porte menor, elas garantem aspecto moderno e sofisticado ao prato, o que os torna mais atrativos para a alta gastronomia. Só isso já amplia a margem de lucro para seus produtores em comparação com as hortaliças tradicionais.
Na Europa e nos Estados Unidos, os mini fazem sucesso desde os anos 1990, enquanto que no Brasil o mercado começa a se expandir além das mesas de restaurante dos chefs e já está disponível nas lojas especializadas e nos supermercados. Segundo pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o consumo médio dos vegetais e frutas em miniaturas cresce a taxa médias anuais de 15% a 20%. “É um mercado novo e ainda pequeno no Brasil, mas está em relativa expansão, sendo uma aposta do setor. Não é um produto para as classes D e E, mas cresce a cada dia e já não é exclusivo apenas da classe A. Por exemplo, os minitomates são uma febre que se populariza”, comenta o coordenador técnico de vendas da Agristar do Brasil, Carlos Formoso.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (Abcsem), Luis Eduardo Rodrigues, a representatividade dos mini é pequena em relação a totalidade das hortícolas, não chegando a 1%, porém, é um segmento que traz as redes de supermercado um produto diferenciado e atrativo. “Tem uma tendência natural de crescimento, porque é muito mais prático para o consumidor final devido ao sabor, a facilidade de manuseio (não precisa cortá-lo) e também possibilita o consumo em diferentes momentos e não apenas nas horas tradicionais”, enumera Rodrigues.
Entretanto, o estudo da Cepea sobre o crescimento também aponta que o mercado dos minis precisa superar alguns desafios, como preços mais acessíveis, facilidade de comercialização entre produtor e consumidor e melhoras no manejo. Por serem mais delicadas, as miniaturas demandam mão de obra mais intensa – no geral precisam ser plantadas em cultivo protegido – e requerem mais cuidados na época da colheita. Entre as culturas mais conhecidas estão os minitomates, as minicenouras, as minialfaces e as folhosas baby, porém é possível encontrar outros legumes e frutas em miniaturas, como abobrinha, beterraba, cebola, chuchu e até melancia. “O tomate é muito comercializado, as abobrinhas têm ingressado e o grande xodó do momento são o minipimentões, que recém estão entrando no Brasil”, destaca o presidente da Abcsem.

As diferenças entre mini e baby

As frutas e hortaliças em miniatura integram o segmento das ‘especialidades’ e estão divididas em dois grupos: as mini e as baby. Apesar de possuírem o mesmo tamanho, existe um grande diferencial entre elas. Nas mini a produção ocorre pelo plantio de sementes que passaram por melhoramento genético, como os minitomates, as miniabóboras ou ainda as minicenouras. Já as baby são obtidas por meio da colheita antecipada do produto original, como as alfaces e folhosas baby leaf, ou ainda abobrinhas, milhos, beterraba, berinjela, moranga, pepino, melancia, e uma série de outros legumes.
Em geral, as sementes das mini-hortaliças são híbridas e têm origem japonesa ou europeia, o que torna o custo de produção das miniaturas mais elevado do que os legumes tradicionais. De acordo com o presidente da Abcsem, Luis Eduardo Rodrigues, o cultivo dessas miniaturas guarda muitas semelhanças com as de tamanho normal. Por exemplo, o tempo de plantio e a colheita são praticamente os mesmos que o produto normal. Algumas hortaliças, porém, podem se desenvolver mais rápido, como a beterraba e a abóbora. Nesses casos, o período de carência de defensivos também dever ser menor. A única, ressalva é para os legumes baby, já que é preciso saber o momento ideal da colheita, que vai permitir a obtenção de uma hortícola mini e não tradicional.
Para o plantio, o espaçamento muda, justamente pela planta ser menor. A proximidade entre as plantas, em alguns casos, contribui para manter o tamanho pequeno. A hidroponia é o sistema mais indicado para produção dos mini. Na hora da comercialização, as regras são as mesmas aplicadas aos produtos de tamanho normal. Conforme Carlos Formoso, da Agristar, a única exigência extra dos mini são os cuidados redobrados na hora da colheita e do armazenamento. “Por ser um produto estético e o mercado pagar por isso ele precisa ser armazenado, embalado e transportado com cuidado. Por isso, muitos produtores podem não se adaptar com a cultura, devido a essas pequenas exigências”, destaca.

Vantagens
Os preços mais elevados de venda dos produtos mini e a alternativa para diversificar a produção, sobretudo nas pequenas propriedades, têm sido as vantagens de produzir esses mini-legumes. Nos supermercados, em média, uma caixinha de 180g custa entre R$ 5 a R$ 6. O coordenador técnico Formoso aponta que, além do valor agregado, a produção também se torna vantajosa pelo espaço reduzido que ocupa. Por exemplo, em um campo menor que os cultivos tradicionais é possível cultivar o dobro do produto. “O produtor que tem como foco trabalhar com esse tipo de linha tende a conquistar um novo mercado, aquele que atinge o perfil da família brasileira atual, com poucos filhos e um consumo de alimentos menor. Ou seja, ele sai da linha tradicional e entra em um mercado em expansão, com oportunidade de agregar valor ao seu produto”, aponta Formoso.
Além do valor de venda para os produtores ser maior, os mini têm vantagens para os consumidores. Estão inseridos nas hortaliças que passam por um processo de rastreamento e segurança alimentar. “Ele é apresentado no mercado de uma forma diferente, embalado, com marca e isso torna um produto mais seguro para o consumo. Além disso, estamos caminhando para uma tendência em que o tamanho dos produtos está diminuindo para atender as diferentes faixas de consumidores (casais, solteiros e famílias menores)”, opina Rodrigues.

página 26Uma alternativa para os mini

Para quem não planta as mini-hortaliças ou as babys, uma alternativa é um equipamento desenvolvido pela Embrapa Hortaliças para a produção de minicenouras. O processador é utilizado para tornear pedaços de cenoura inicialmente cilíndricos para que adquiram formato de cenourete ou catetinho. A produção consiste em submeter pedaços de cenoura ao processo de abrasão, com a finalidade de remover a camada superficial e torná-los arredondados. Dependendo do comprimento da matéria-prima pode se produzir a cenourete ou catetinho. Para as cenouretes são utilizados pedaços de cenoura com 6cm de comprimento em formato de bastonete arredondado e para os catetinhos usam-se pedaços em diâmetro.
Quem investiu nesse mecanismo foi a produtora de Antônio Prado, Rosangela Riva, na empresa de hortifrutigranjeiros da família. Há cerca de três anos, toda a cenoura – plantada de forma tradicional – e que não atingia tamanho para comercialização ou era muito fina na classificação passou a ser processada e virar uma cenourete ou catetinho. Além das minicenouras, a empresa também produz minibeterraba, no mesmo processo. “Isso veio para agregar valor a um produto que era, muitas vezes, descartado”, diz Rosangela.
A produtora explica que a produção destinada para as mini-cenouras é pequena em relação ao montante total produzido pela família, porém lucrativa. “Temos um custo elevado de produção devido aos processos que levam ao produto final, mas é vantajoso pois temos a matéria-prima, caso contrário não seria lucrativo”, explica.
A venda dos minilegumes é feita nas grandes redes de supermercados de Porto Alegre. Segundo a funcionária da empresa, Jaqueline Fantin, uma das responsáveis pelo processamento e embalagem dos produtos, a empresa produz cerca de 100 caixinhas de 250g por semana.
Além das mini processadas, a família trabalha com cenoura, beterraba, abóbora, alho, maçã e milho nos processos tradicionais, cultivados em uma área de 925 hectares, dividida em propriedades nos municípios de Antônio Prado, Ipê e Campestre da Serra.

Tabela

 

Jaqueline Fantin atua em empresa de Antônio Prado. (Foto: Danúbia Otobelli)
Jaqueline Fantin atua em empresa de Antônio Prado. (Foto: Danúbia Otobelli)

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Respostas de 15

  1. sou india xucuru e moro em terras tupiniquim em aracruz espirito santo, trabalho junto c meu marido com agricultura organica, e quero cultivar miniaturas de hortalicas como faco p obter sementes

  2. A matéria sobre minis e babys foi bastante esclarecedora. Desejo experimentar seus cultivos.Podem mme informar onde consigo sementes de boa procedência? Grata.

  3. Tenho especial interesse na produção de mini-cenouras. Gostaria de saber onde encontrar os equipamentos para este mini-processamento.
    Fico muito grato se me derem um retorno. Estou em Porto Alegre.
    Abraços
    Sérgio

    1. Prezado José Sérgio, obrigada pelo contato.
      Você pode buscar informações sobre o mini processador para pequenas frutas pelo telefone (61) 3385-9000.

  4. Boa Noite!
    pode me informar onde consigo sementes de boa procedência.Gostaria de cultivar mini morangas.você poderia me dar algumas dicas basicas.e também enviar sementes.Desde ja grata

  5. gostaria de fazer um trabalho em nossa ong produzindo mini hortaliças. conforme documentario acima mais gostaria de saber onde consigo sementes?
    061 99251-0086 whatsapp

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