Período para também cuidar da cobertura do solo

Viticultor efetuando o manejo de aveia, através de ‘acamamento’ com o uso de pequena caçamba.
Viticultor efetuando o manejo de aveia, através de ‘acamamento’ com o uso de pequena caçamba.

Também nesta época o produtor de uva deve atentar para o manejo das plantas de cobertura do solo. O assistente técnico em fruticultura e olericultura do escritório regional da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, Enio Ângelo Todeschini, identifica, em relação ao assunto, uma ‘mudança de paradigma’ nos últimos tempos. “Há poucos anos, o produtor que mantivesse ervas no pomar era considerado ‘relaxado’; hoje, é o contrário: o desleixado é o que mantém o solo desprotegido, sem cobertura vegetal, o que resulta na perda de solo e nutrientes, pela erosão, perda de água, pela intensificação da evaporação, e necessidade de um uso maior de herbicidas”, afirma.

 

Conforme ele, a ‘mudança de mentalidade’ a respeito deve-se, em muito, à atuação da própria Emater/RS-Ascar, que assumiu a introdução ou implantação de cobertura de solo em programa iniciado junto aos agricultores há cerca de dez anos. A entidade, desde então, propôs a aveia-preta como espécie básica para a viticultura, por uma série de aspectos, diz Todeschini:
* Sendo uma gramínea, ela consome nitrogênio – ajudando no equilíbrio de vigor dos solos dos parreirais, que, na Serra Gaúcha, apresentam teores de matéria orgânica de médio para altos. É o efeito inverso ao propiciado, por exemplo, por leguminosas como a ervilhaca e os trevos, que adicionam nitrogênio ao solo;
* Seu ciclo se adequa exatamente ao período de dormência da parreira: enquanto esta ‘descansa’, a aveia-preta ‘trabalha’;
* Apresenta facilidade de germinação, dispensando o revolvimento do solo – e evitando, em consequência, sua erosão;
* É facilmente encontrável no mercado, a preços acessíveis;
* Auxilia no controle das formigas cortadeiras, pois o sombreamento e a umidade gerados criam um ambiente inóspito para as mesmas.
Para o manejo das espécies de cobertura, continua o engenheiro agrônomo, o produtor não precisa usar herbicida: pode lançar mão do ‘acamamento’, a derrubada da palhada. Para tanto, pode usar desde uma caçamba ou plaina até a copa de árvores como o eucalipto ou mesmo um conjunto de pneus velhos. Entre os benefícios proporcionados pelo ‘acamamento’ estão o controle das ervas espontâneas durante a primavera e verão (“praticamente como um herbicida natural”), a manutenção da umidade do solo e o controle da erosão.

 

O azevém e o trevo branco – O assistente técnico do escritório regional da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul observa que, ao se falar em cobertura de solo, é também pertinente abordar certo ‘tema polêmico’: a adoção de azevém para a função. “O produtor, de modo geral, tem aversão ao azevém e também ao trevo branco, mas este receio de uso é mais cultural do que qualquer outra coisa”, afirma. “Contudo, manejando-as bem, estas coberturas oferecem muito mais benefícios do que riscos”, completa.

 

Nesse sentido, Todeschini explica que o principal perigo representado por qualquer espécie de cobertura é a concorrência com as plantas de uva em busca de água, em momentos de estiagem e no período que vai de novembro de um ano a janeiro de outro. Aí, de fato, o azevém, por ter um ciclo longo/tardio – dependendo do frio para a quebra de dormência da semente –, pode ser um eventual concorrente da videira. Mas, para superar o problema, basta recorrer a práticas simples de manejo, aponta o engenheiro agrônomo: uma delas é a própria roçada; a outra, o uso (excepcional) de herbicidas, para controlar a expansão da espécie.

 

Adubação foliar 
Uma outra dica dada pelo assistente técnico em fruticultura e olericultura do escritório regional da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul é a efetivação, nesta fase inicial de brotação, da adubação foliar. Os objetivos do procedimento são:
01 – Estimular o bom florescimento e pegamento da fruta, através da aplicação de boro (micronutriente encontrado em produtos comerciais como bórax, ácido bórico e ulexita);

 

02 – Através da aplicação de fosfitos, induzir a planta a produzir fitoalexinas (que são enzimas defensoras naturais), dando mais resistência contra doenças causadas por fungos, principalmente o míldio, a ‘mufa’, que começa a preocupar mais a partir do florescimento da videira.

 

Foto: Emater-RS / Divulgação

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