Plantio de canola cresce 50% na região de Vacaria

Mesmo com o excesso de chuva, que diminuirá a produção
deste ano, produtores investem na plantação do grão

 

O excesso de chuvas no início de maio e uma geada na metade de agosto atrapalharam as expectativas dos produtores de canola dos Campos de Cima da Serra. O clima prejudicou o período de germinação e floração da oleaginosa e deve diminuir a produtividade do cereal neste ano.
Entretanto, mesmo com as condições climáticas nada favoráveis, os produtores da região aumentaram em 50% a área plantada em relação a 2013. Novos produtores passaram a investir no grão, juntamente com os pioneiros.

Segundo o engenheiro agrônomo da Cooperval, Eduardo Fetzner Hoffmann, os motivos para o crescimento são vários. Entre eles, está a valorização da canola, que é cotada pelo mesmo preço da soja e mais uma bonificação de R$ 6 por saca (60 kg). Em setembro a soja estava cotada a R$ 62.  “Além da questão comercial, a canola é uma cultura de inverno que permite a rotação de plantios. Ela possibilita plantar mais cedo a soja ou trabalhar a leguminosa no inverno e depois plantar o milho”, explica Hoffmann.
Nos Campos de Cima da Serra, a cultura passou a se desenvolver após o surgimento de grãos de híbridos de canolas adaptados as condições climáticas da região. “Estamos fomentando esse mercado porque agora temos esses novos híbridos e novas tecnologias para controle de pragas e plantas invasoras”, aponta o engenheiro.

 

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Depois da floração, no final de outubro inicia a colheita do grão. (Foto: Cooperval/divulgação)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Safra 2014 deve ser menor nos Campos de Cima

A plantação de canola está com 90 dias de desenvolvimento e tem previsão de colheita a partir do final de outubro até a metade do mês de novembro. Na questão da produtividade, a safra deste ano deverá ser bem inferior a 2013, devido ao excesso de chuvas no início da germinação e a geada que atacou os grãos durante a floração. A estimativa da Cooperval é que sejam colhidos na região cerca de 1,5 mil quilos por hectare. Na safra passada, com a colaboração do tempo, a produtividade chegou a 2,1 mil quilos por hectare. “Com uma chuva de 400 milímetros, as sementes acabaram apodrecendo e se teve uma perda de 30% a 40%. Alguns produtores optaram por refazer o plantio e outros por manter o que tinha e isso já limitou a produtividade”, diz Hoffmann.

De acordo com dados da Associação Brasileira de Produtores de Canola (Abrascanola), em todo o Rio Grande do Sul, a área cultivada com canola deve chegar a 50 mil hectares nesta safra – 20% a mais do que no último ano. No Brasil, a produção deve se concentrar em 70 mil hectares.
O Estado responde por 80% da produção nacional. Na sequência, aparecem Paraná com 17,1%, Minas Gerais com 1,3% e Mato Grosso do Sul com 1,1%.

Hoje, o principal destino da canola no Rio Grande do Sul é a alimentação humana. Os grãos produzidos no Brasil, de acordo com a Embrapa Trigo, possuem de 24% a 27% de proteína e são ricos em ômega 3,  que  ajuda na redução do colesterol. Porém, uma nova opção está sendo moldada que é a destinação para a produção de biocombustíveis. A canola tem 38% de óleo, o dobro do teor da soja. O mercado gaúcho possui nove usinas para a produção do biodiesel. Em 2013, foram 883 milhões de litros produzidos no estado. Na Europa, a canola é uma das mais importantes matérias-primas para o combustível.

 

Saiba mais

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Canola é utilizada para consumo humano e também para fazer (Foto:biodiesel.clisenberg.wordpress.com)

– Em 2008, a área colhida no Rio Grande do Sul foi de 18,6 mil hectares; em 2013, chegou aos 30,3 mil hectares;
– A produção na safra 2013/2014 foi de 60,5 mil toneladas;
– Os rendimentos em 2013/2014 foram de 1.330 kg/ha;
– Na safra 2012/2013 a produção de grãos de canola no mundo foi estimada em 60,63 milhões de toneladas. Os maiores produtores são União Europeia, China, Canadá e Índia;
– 38% é o teor máximo de óleo de canola, enquanto que o percentual da soja é de 18%.

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