Um dos grandes problemas detectados pelos diagnósticos realizados pelo projeto ATER é a pouca mão de obra disponível nas propriedades. Para que melhorias no processo produtivo se efetivem se faz necessário apresentar propostas práticas e viáveis para suprir esta deficiência. Uma das medidas que está sendo difundida pelos técnicos do projeto é a poda de outono, ou poda antecipada, como é conhecida por alguns Agricultores. Essa medida permite um melhor aproveitamento da mão de obra especializada que existe nas propriedades, praticamente dobrando o período de poda.
A poda de outono nada mais é que efetuar a poda definitiva nos meses de abril e maio, deixando a videira pronta para a brotação. Deve ser conduzida igual a poda dos meses de julho a setembro. A época preferencial para a poda de outono vai de 15 de abril a 15 de maio, podendo estender-se o período em função da variedade e do microclima da região. Deve-se começar a poda por variedades que completam o ciclo primeiro. Definimos o fim do ciclo da videira pelas folhas amareladas, indicando que a fotossíntese terminou. Vários testes estão sendo feitos pelos produtores que já aderiram à poda de outono, em diversas regiões da serra. Os resultados mostram que os vinhedos vêm produzindo a mesma quantidade e qualidade de uva que nos podados na época tradicional. Como a poda de outono não promove perda de seiva (a videira não chora) observa-se que os ramos novos brotam muito bem, e sempre uniforme com a brotação dos esporões. A maturação dos cachos também é mais uniforme. “É importante que cada produtor teste a técnica em sua propriedade e em cada variedade, para depois efetuá-la numa área extensa, pois pode haver diferença entre micro climas e variedades”, lembra o técnico do projeto ATER, Paulo Tesser. Outro aspecto importante é a observação que os vinhedos podados com esta técnica brotam um pouco mais tarde, o que é muito favorável, em especial nos anos que temos geadas tardias.

Leandro Venturin – coordenador técnico do Projeto ATER
Vitor Baldasso – técnico do Centro Ecológico

Agricultor comprova as vantagens

Um ano após publicar reportagem sobre a atividade de Poda de Outono com o Agricultor Associado da Cooperativa São João, Valdeni Mangoni, a equipe do Caderno ATER voltou à propriedade para recolher informações sobre o comportamento da parreira na área podada em abril de 2013. Ainda recuperando as forças após a intensa atividade da colheita, ele revelou que, com a poda antecipada, conseguiu aumentar significativamente o volume produzido. Na mesma área do ano passado, a variedade Cabernet Sauvignon produziu cinco mil quilos a mais.
Fruto da experiência acumulada, Mangoni afirmou que a poda antecipada proporciona uma uva muito melhor. “A brotação acontece de forma homogênea, tanto do esporão, quanto dos novos galhos, dando maior estabilidade no cultivo”. Essa foi a quarta safra com poda antecipada. “Quando vocês publicaram minha experiência esse assunto provocou muita curiosidade. Um grupo de Veranópolis veio ver como eu fazia. Também recebi a visita de produtores de Garibaldi e Nova Roma que quiseram conhecer a experiência”.
Valdeni observa que, além da qualidade da parreira, o ciclo produtivo é conduzido com mais serenidade, porque antecipa um trabalho que seria feito no final do inverno.
Segundo ele, a parreira podada no outono brota mais tarde. Isso significa mais tempo de dormência, mais acúmulo de seiva e brotação mais parelha. “A impressão que a gente tem é que ela não reconhece a poda. Trabalha como se fosse uma planta não podada. Então, reage normalmente ao período de brota com maior vigor”. Revela que neste ano, introduziu a poda antecipada também na variedade merlot e observou um bom desenvolvimento. “Se pudesse, faria a poda antecipada de todo a área cultivada. Mas, o tempo ideal de fim de abril até meados de maio, não é suficiente para podar todo o parreiral”.
Outra grande vantagem deste procedimento, segundo Mangoni, é suprir a falta de mão de obra porque distribui o período de poda. Apesar das dificuldades climáticas, foi bom o resultado na área de poda antecipada. “Em condições normais, as parreiras com Poda de Outono dão um resultado melhor que as demais”. Ele agradeceu ao Técnico de ATER, Paulo Tesser, pelo acompanhamento e estímulo na adoção dessa medida.