Práticas culturais ajudam a evitar perdas ocasionadas pelo granizo

Cidades da Serra foram atingidas por chuvas e ventanias que
prejudicaram plantações de frutas e hortaliças no início de novembro

O meio rural foi castigado no início de novembro com fortes chuvas, ventanias e granizo que atingiram as culturas de frutas e hortaliças de diversos municípios da Serra Gaúcha. As estimativas de perdas chegaram a 70% no cultivo da uva e até 100% nas hortaliças. Conforme levantamento da Emater RS-Ascar, os municípios mais atingidos foram Bento Gonçalves, Pinto Bandeira e Monte Belo do Sul. No primeiro, as frutíferas (pêssego, ameixa, caqui e quivi) chegaram a 80% da produção nos 175 hectares cultivados, o que representa um volume de 1.905 toneladas.
Diante desse quadro, é importante que os agricultores adotem uma série de práticas para evitar pre-juízos ainda maiores. Nos casos da viticultura e da fruticultura de clima temperado (pêssego, ameixa etc.), o procedimento específico depende do grau de danos provocados aos vinhedos e pomares. Conforme o pesquisador em fitopatologia da Embrapa Uva e Vinho Lucas Garrido, nas situações de perdas altas, próximas de 100%, os produtores deverão efetuar uma poda de formação, igual à feita no inverno. A seguir, precisarão aplicar fungicidas de contato para proteção dos ferimentos nas plantas e cicatrização daqueles decorrentes do granizo. Também uma nova adubação é necessária, para que a planta tenha nutrientes suficientes para a brotação e acúmulo de novas reservas, pensando-se na próxima safra.
Para os vinhedos e pomares que apresentam um nível menor de estragos a recomendação é a aplicação de fungicidas de contato, para proteção dos ferimentos ocasionados nas plantas pelo granizo. Também as frutas danificadas devem receber uma ou duas pulverizações com fungicidas de contato, para evitar que fungos causem o apodrecimento das mesmas, a partir dos ferimentos.
O pesquisador assinala que, em ambos os casos (maior ou menor perda), é importante a manutenção de pulverizações com fungicidas, para que as plantas possam manter as folhas e novas brotações com boa sanidade. “Sem a produção de novas brotações e folhas a videira estará mais sujeita a não entrar adequadamente em dormência no próximo inverno, o que poderá aumentar os problemas de morte de plantas por escurecimento da casca”, observa Garrido. Em caso de dúvida, os produtores deverão consultar os técnicos de extensão rural ou de vinícolas a que entregam sua produção ou são associados.

Número das perdas
Um levantamento feito pela Emater/RS-Ascar com as secretarias municipais de Agricultura apontou os principais municípios atingidos pelas chuvas excessivas. Em Bento Gonçalves as perdas foram estimadas em R$ 9,89 milhões, atingindo 365 propriedades, em uma área de 931 hectares. Nas frutíferas (pêssego, ameixa, caqui e quivi), estimam-se perdas de 80% da produção nos 175 hectares cultivados, o que representa um volume de 1.905 toneladas. Em nota enviada pela assessoria de imprensa de Bento Gonçalves, na viticultura, a projeção de quebra para a próxima safra é de 13,45%.
Em outros municípios, como Pinto Bandeira, a redução na produção de pêssego deve chegar a 30% e nas ameixas há 50%. Em Monte Belo do Sul, dos 2.530 hectares cultivados, 70% (1.770 hectares) foram afetados pelas chuvas. Em Farroupilha, foram registradas perdas de 30% em uma área de 500 hectares, principalmente de parreirais, pessegueiros e ameixeiras, em 200 propriedades rurais, de 15 comunidades.
Conforme o assistente técnico da Emater/RS-Ascar do escritório regional de Caxias do Sul Enio Ângelo Todeschini, além da redução na produção da safra 2013/2014, os pomares atingidos terão sua capacidade produtiva diminuída nas próximas safras, devido à perda das folhas e gemas e ao estresse causado pelos ferimentos. Isso também vai aumentar o risco de incidência de doenças, exigindo mais cuidados e investimentos por parte dos produtores e onerando a receita das famílias.
Localidades como Fagundes Varela, Cotiporã, Veranópolis, Santa Tereza e Vila Flores também tiveram prejuízos nas lavouras, estradas e perdas na produção de leite devido à falta de energia. Os municípios de Bento Gonçalves, Veranópolis e Pinto Bandeira decretaram situação de emergência. Grande parte dos produtores atingidos tem seguro agrícola.

Pêssego foi uma das culturas mais atingidas. (Foto: Carina Furlamentto)
Pêssego foi uma das culturas mais atingidas. (Foto: Carina Furlamentto)

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