Elton Bozzetto – Jornalista
Natural da Linha Campos Salles, Município de Veranópolis, Moacir Mazzarollo, 44 anos, é o novo Presidente do IBRAVIN. Desde 1999 , ele é o Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Veranópolis. Ele foi eleito na condição de representante da Comissão Interestadual da Uva, tendo como vice, Dirceu Scotá representante da Uvibra, entidades instituidoras do Ibravin, juntamente com a Fecovinho.
Nos próximos dois anos, Mazarollo pretende dar continuidade a implementação do plano de trabalho já aprovado pelo membros do IBRAVIN. Ampliação dos mercados, difusão do produto e qualificação da produção vitivinícola, essas são as metas do novo presidente.
ATER: Qual a missão do IBRAVIN no contexto de adequação do mercado e da produção vitivinícola?
Mazzarollo: O IBRAVIN tem a responsabilidade de representar todo o setor, definindo estratégias de qualificação, desde a produção até o mercado consumidor.
ATER: Como devem agir as entidades do setor nesse cenário?
Mazzarollo: Cada ator tem suas responsabilidades: as Cooperativas, as empresas privadas, os sindicatos, o governo. No entanto, temos que buscar uma harmonização de propósitos para que o setor seja fortalecido. Um fator que nos preocupa é a concorrência deslear com os produtos importados, especialmente os vinhos de nossos países vizinhos. Temos uma verdadeira invasão de produtos com preços aviltados.
ATER: Como o IBRAVIN deve atuar na qualificação da produção da uva?
Mazzarollo: A qualidade final do vinho e dos demais derivados depende da qualidade da matéria prima. Tendo essa premissa, temos que tomar como referência o Projeto 2025, aprovado no ano de 2004. Aí está definida a necessidade de reconversão dos parreirais e adoção de variedades adequadas para a região. Temos um trabalho muito grande de apoio e assessoria ao Agricultor, com orientação técnica adequada e adaptada a cada microrregião.
ATER: Como se enquadra nesse contexto a contribuição do Programa ATER?
Mazzarollo: Ele é vital. Sem esse programa não acredito e não vejo que sejam possíveis mudanças no setor, principalmente no produtor, com conscientização, trabalho de campo e assessoria técnica. A tecnologia que avança a cada dia precisa ser implantada de modo correto, com orientação técnica. Sem sombra de dúvida, o Programa ATER é importantíssimo para o futuro e a sobrevivência do pequeno Agricultor. Sem assistência técnica vamos sofrer consequências terríveis e a curto prazo. Portanto, não podemos retardar a ampliação dessa atividade.
ATER: Como adequar o assessoramento técnico ao perfil do nosso produtor?
Mazzarollo: Essa não pode ser uma ação isolada desta ou daquela entidade. Deve ser uma ação orgânica e compartilhada, inclusive com apoio das secretarias de agricultura do Estado e dos municípios, que não acordaram para essa necessidade urgente. Aí poderemos atingir algumas metas. Individualmente será impossível obter êxito. Essa ação harmônica é estratégica. Ela será capaz de fazer o Agricultor compreender que essas inovações, essas novas tecnologias e os novos processos de cultivo precisam ser implantados nas pequenas propriedades. A unidade de ação é indispensável.
ATER: Quais as maiores dificuldades para essa mudança?
Mazzarollo: O pequeno Agricultor tem sua mão de obra própria. Ele tem muitas resistências para adotar tecnologias inovadoras. A manifestação que se ouve é aquela: “Eu sempre fiz e deu certo. Não preciso mudar”. Por isso, vejo que precisamos de uma ação de impacto integrando todo o setor.
ATER: Qual a sua avaliação da safra deste ano?
Mazzarolo: Ainda é cedo para uma posição mais conclusiva. Mas, temos um pouco menos de volume de carga neste ano. Estamos projetando uma colheita de 700 milhões de quilos. Em matéria de qualidade, esperamos a confirmação das expectativas. Chuva a menos da média é um componente importante. Torcemos que se mantenha essa situação, uma vez que as previsões fazem esse prognóstico para fevereiro. Isso vai representar maior qualidade da matéria prima.
ATER: O que o Agricultor pode esperar, em matéria de remuneração?
Mazzarollo: Espero que o bom senso prevaleça, pelo menos cumprindo os preços mínimos. Os Agricultores irão ganhar mais com o aumento do preço mínimo. Se somado aumento da qualidade, como está projetado, aí teremos uma remuneração melhor.
ATER: Você pretende tomar alguma medida para negociar melhor o preço mínimo da uva, com maior remuneração do produtor?
Mazzarollo: Com certeza. Não podemos negociar o valor na hora da safra. Precisamos realizar os estudos e cálculos com antecedência, junto com as entidades do setor, CONAB, Governo e Ministérios, a fim de que tenhamos um bom preço para o Agricultor, para quem compra e para quem industrializa.
ATER: Como você analisa a ação das Cooperativas na produção vitivinícola da Serra Gaúcha?
Mazzarollo: Elas sempre foram cumpridoras de um papel social importante. Quem dá sustentação a Agricultura Familiar, com qualidade de vida, assessoria, orientação adequada e apoio tecnológico são as Cooperativas. Não somente no setor da uva, mas também do leite e de outros segmentos a Cooperativa tem uma responsabilidade social e econômica que nenhuma outra empresa possui.
ATER: Qual o seu maior desafio no IBRAVIN?
Mazzarollo: Será buscar o equilíbrio entre a industria, as Cooperativas e o produtor, para que o setor e, principalmente, o Agricultor seja o beneficiado. Conto com apoio de todos os setores para que esse equilíbrio seja uma realidade no IBRAVIN. Vou ter uma grande dedicação a essa função que assumi. Inclusive, a partir de março, deixarei a presidência do Sindicato de Veranópolis, Fagundes Varela e Vila Flores para ter uma dedicação total ao Instituto. Esse tempo será fundamental para realizar o contato e o relacionamento com todas as entidades que integram o setor.