
Os primeiros vinhos brasileiros elaborados com uvas PIWI, variedades resistentes a doenças e que demandam menos tratamentos químicos nos vinhedos, já chegaram ao mercado e estão chamando a atenção de consumidores e especialistas. A Vinícola Villa de Bem, em São Joaquim (SC), foi a pioneira no lançamento comercial dessas variedades, após acompanhar de perto os estudos conduzidos pela Epagri, que testaram sua adaptação ao terroir catarinense.
O primeiro vinho PIWI da vinícola teve um lote de apenas 180 garrafas, produzido com a variedade Bronner. Segundo a enóloga e produtora Betina de Bem, a aceitação do público foi bastante positiva.
“O vinho foi muito bem aceito pelos consumidores. O que mais chama atenção é que o vinho, quando bem elaborado dentro das práticas enológicas de qualidade, não é notório diferenças em relação às viníferas. A qualidade e o perfil de aroma é refinado e elegante, sem apresentar sabor foxado”, explica Betina.
A boa aceitação dos primeiros vinhos motivou a Villa de Bem a ampliar o cultivo das uvas PIWI, incluindo a Regent e Muscaris na próxima safra. Além disso, a produtora observa vantagens significativas no manejo dos vinhedos, com redução no uso de defensivos agrícolas e menor impacto ambiental.
“Não tive dúvidas que a sustentabilidade, a qualidade da uva e a resistência em campo seriam um grande diferencial para minha produção. Acredito que as variedades PIWI auxiliarão muito os produtores a cultivar uvas de qualidade com redução significativa do uso de controles químicos nos vinhedos”, destaca.

A decisão de investir nessas variedades também considera uma tendência global. Países como Alemanha, França e Itália já apostam nas uvas PIWI como uma solução para o cultivo sustentável, e a aceitação do mercado tem sido crescente.
Mesmo que as uvas PIWI ainda sejam desconhecidas para grande parte do público brasileiro, a qualidade do vinho tem sido o fator determinante para sua aceitação. O consumidor brasileiro, que ainda está se familiarizando com diferentes castas, tende a valorizar a experiência sensorial acima de tudo, o que favorece a entrada dessas variedades no mercado.
“Se o produto for bom na taça, a aceitação é natural. O brasileiro, em geral, ainda não conhece muitos tipos de uva e vinhos, como em países mais tradicionais do velho mundo. A grande maioria dos consumidores ainda não tem o conhecimento tão aprofundado sobre esse tema, e aprovará o produto pela qualidade enológica e perfil pessoal”, ressalta Betina.
Com o sucesso das primeiras garrafas e a expansão do plantio, a expectativa é que mais vinícolas passem a considerar essas variedades nos próximos anos. Além de Santa Catarina, produtores do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Pernambuco já estão testando cultivos com as PIWI, motivados pelos benefícios observados nas pesquisas e pelos resultados positivos no campo.
O futuro das uvas PIWI no Brasil ainda está em construção, mas as primeiras garrafas já demonstram que essa aposta tem potencial para transformar o setor vitivinícola, unindo inovação, sustentabilidade e qualidade.
–
Quem acompanha o Portal A Vindima por e-mail tem acesso antecipado a artigos exclusivos sobre os temas mais relevantes da vitivinicultura brasileira! Cadastre-se no campo ‘Receba as notícias por e-mail e fique atualizado’ no final desta página!