Nos últimos dois anos, o Programa ATER levou a 600 famílias de agricultores da Serra Gaúcha conhecimento técnico e novas tecnologias na área de produção, gestão e de redução dos custos. A afirmação é do Diretor Executivo da Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (FECOVINHO), Hélio Marchior, que apresentou durante a Jornada Vitícola, realizada no Parque da Fenachamp, em Garibaldi, no dia 15 de junho, um balanço das atividades do programa. A iniciativa foi desenvolvida com recursos repassados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário(MDA).
Ao representante do Ministro Pepe Vargas, Marco Reguelin, dirigentes sindicais, líderes cooperativistas e mais de 500 agricultores, Marchioro disse que a dinâmica do assessoramento direto e sistemático conseguiu implantar uma rede de referência técnico-produtiva entre agricultores, técnicos, extensionistas, sindicatos e cooperativas vinícolas. A execução obedeceu a um método de interação para o repasse de tecnologias e orientações. A tabela abaixo mostra a abrangência das ações executadas. “Aquilo que parecia impossível mexer, os técnicos, com certa facilidade, conseguiram envolver os agricultores em ações de desenvolvimento”. Segundo ele, há um pré-conceito de que para produzir precisa utilizar muito insumo e muito agrotóxico. O programa está conseguindo desconstruir essa concepção equivocada.
Conforme Marchioro, o programa foi alicerçado em três pilares fundamentais, com foco no desenvolvimento sustentável da agricultura familiar e suas organizações: Formação e capacitação contínua dos técnicos e dos agricultores responsáveis pelos Núcleos de Desenvolvimento Rural(NDRs); Assistência técnica para o desenvolvimento do processo produtivo nas 600 Unidades Agrícolas Familiares(UAFs); Planejamento e monitoramento sistemático das ações com uma comunicação interativa e divulgação constante dos resultados alcançados.
Constatações importantes
Marchioro disse que com as ações realizadas o Programa constatou algumas realidades existentes no setor, como baixa rentabilidade das propriedades, passivo ambiental crescente, uso indiscriminado de “agrotóxicos”, desestímulo dos jovens para a atividade, problemas na qualidade de mudas, ociosidade de máquinas e equipamentos, inadequado manejo de equipamentos de pulverização e falta de assistência técnica contínua e qualificada.
Paralelo a isso, o Programa ATER, embora em pouco tempo de execução, conseguiu avanços consideráveis na área agronômica. Entre essas medidas estão a diminuição no uso de agrotóxicos, uso adequado de fertilizantes químicos, correção adequada do solo a partir da análise laboratorial e crescimento na adesão de agricultores às práticas ecológicas. “Essas mudanças tiveram repercussão positiva na região, com adesão de muitos parceiros”, destacou o diretor da Fecovinho.
Exemplo disso é o apoio da Diocese de Caxias do Sul no desenvolvimento de uma ação com os jovens e mulheres. O padre Remi Casagrande foi liberado para acompanhar essa ação inovadora. “Todos os padres da Diocese estão envolvidos na defesa da pequena propriedade. Esse é um suporte importante para o aspecto da assistência técnica”.
Gestão
O dirigente da Fecovinho lembrou que foram desenvolvidas metodologias importantes e novos saberes aplicados pelo programa. Novas tecnologias tornaram-se acessíveis aos agricultores. Outro grande avanço foi a tomada de consciência para a importância de realizar o controle rigoroso dos custos de produção e avaliação permanente das medidas adotadas.
O conjunto de ações do ATER permitiu o conhecimento de tecnologias que resultaram na excelência da qualidade da produção e permitiram agregação de valor ao produto. Hélio Marchioro defende que é necessário não apenas manter o programa, mas agregar mais famílias nesta ação, mantendo a unidade, a complementariedade e a solidariedade entre técnicos, sindicatos, cooperativas, agricultores, poder público e entidades apoiadoras. Soma-se a isso a necessidade de ampliar as parcerias com entidades de pesquisa e assistência técnica, especialmente com o Ibravin.
Ministério
O representante do Ministro Pepe Vargas, Marcos Reguelin, disse que o Ministério está comprometido em viabilizar formas de continuidade do programa. Conforme Reguelin, uma nova normatização foi aprovada para facilitar a viabilização e repasse de recursos para assistência técnica, através de chamada pública. “Temos certeza que o programa ATER é o mais importante para a agricultura familiar, porque não basta qualificar tecnicamente a produção, mas acompanhá-la com programas de gestão e controle da atividade, como foi aqui demonstrado”, destacou.
No final da exposição do balanço do Programa ATER, foi realizada a entrega do Encarte das publicações do Caderno Técnico ao representante do Ministro. O material foi entregue pela agricultora Maria Alberton Ferranti, representando as mulheres e todas as famílias do Programa ATER, pelo Presidente da Fecovinho, Oscar Ló e pelo Presidente do Ibravin, Alceu Dallemole.
Indicadores de Execução do Programa ATER
– 8 encontros de Capacitação e nivelamento técnico: 100% concluído;
– 40 encontros para formação Núcleos de Desenvolvimento Rural: 100% concluído;
– 600 coletas e análises de solo: 100% concluído;
– 600 visitas para coleta de dados para diagnóstico de cada UAF: 100% concluído;
– 160 encontros coletivos para integração, troca de
– experiências e informações nos NDRs: 100% concluído;
– 3 mil visitas técnico-agronômicas: 100% concluído;
– 1.200 visitas de Gestão Rural nas UAFs: 100% concluído;
– 40 visitas de Monitoramento: 100 % concluído.
Por Elton Bozzetto Jornalista eltonbozzetto@portoweb.com.br