Safra 2024: Desafios e Expectativas para 2025 na Produção de Uvas e Vinhos no Rio Grande do Sul

A estimativa para a próxima safra gira em torno de mais de 700 mil toneladas de uvas no Rio Grande do Sul.

A safra de 2024 foi marcada por grandes desafios para o setor vitivinícola no Rio Grande do Sul, afetando tanto os produtores de uvas quanto os fabricantes de vinhos. Segundo dados divulgados pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Estado, houve uma queda significativa de 26,98% na produção total de uvas em comparação com o ano anterior. Essa redução foi especialmente acentuada nas uvas viníferas, com uma diminuição de 41,05%, enquanto as uvas americanas ou híbridas registraram um declínio de 24,50%.

As condições climáticas adversas, como o excesso de chuvas na primavera e a proliferação de doenças fúngicas, especialmente o míldio, foram apontadas como os principais fatores responsáveis por essa redução. Consequentemente, a produção de vinhos também foi fortemente impactada, com uma queda de 42,04% em relação à safra de 2023. Os vinhos finos registraram uma queda de 51,27%, enquanto os vinhos de mesa diminuíram 39,55%.

 

Expectativas para a Safra 2025

Diante dessas dificuldades, as expectativas para a safra de 2025 são moderadas. A recuperação dependerá, sobretudo, das condições climáticas e do manejo adequado de pragas e doenças. Embora o cenário ainda seja incerto, especialistas sugerem que a tecnologia e a adaptação dos produtores serão fatores-chave para evitar prejuízos semelhantes no próximo ano.

Segundo Ricardo Pagno, presidente da Associação da Comissão Interestadual da Uva e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha e Nova Pádua, há um otimismo cauteloso: “As parreiras estão em plena brotação. Não acreditamos, e não há previsão, de geadas tardias. A expectativa é boa, mas sabemos que não será uma super safra. A brotação foi uniforme, mas não indica uma grande produção.”

 

Estoques, Vendas e o Mercado

A escassez de uvas em 2024 impactou diretamente os estoques de sucos e vinhos. A maioria das vinícolas enfrenta dificuldades para manter o fornecimento aos clientes, o que pode abrir espaço para ajustes no preço. José Virgílio Venturini, presidente do Sindicato da Indústria do Vinho do Rio Grande do Sul (Sindivinho), enfatiza essa situação: “Chegaremos ao final do ano com estoques muito baixos. Isso é positivo para os produtores de uva, que terão uma demanda garantida. Mas, por outro lado, o mercado de vinhos finos enfrenta a concorrência de vinhos importados e de descaminhos, o que complica as vendas.”

Para os produtores, a baixa oferta de uvas representa uma oportunidade de ajustar os preços e aumentar a lucratividade. “O menor estoque histórico nas cantinas nos dá margem para negociar melhores valores,” afirmou Venturini. “No entanto, precisamos ter cautela para não elevar os preços ao ponto de abrir ainda mais espaço para os vinhos importados, que já estão ocupando uma fatia considerável do mercado.”

 

Preço Mínimo da Uva para 2025

Um dos temas mais discutidos para a safra de 2025 é a definição do preço mínimo da uva. Em 2023, o preço estabelecido foi de R$ 1,58 por quilo, e para 2024, o acordo fechado entre indústria e produtores era de R$ 1,50. No entanto, devido às enchentes que afetaram o estado e a queda na produção, o mercado atuou com valor na cada dos R$ 2,00 por quilo em 2024. A grande dúvida agora é se um novo acordo será firmado para 2025 e se o preço da uva se manterá elevado.

Cedenir Postal, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves, destaca a importância de um preço justo: “Acreditamos que o preço não pode ser menor do que foi praticado em 2024. Os custos de produção estão altos, e a mão de obra está cada vez mais escassa. Os agricultores precisam ser valorizados, e isso só será possível com uma remuneração justa.”

Por outro lado, José Virgílio Venturini, do Sindivinho, defende que o mercado deve regular o preço segundo a oferta e a demanda: “O que dita o preço da uva é a lei da oferta e procura. Se tivermos uma safra normal, os preços devem se manter com alguma correção. Mas se houver uma nova quebra de safra, os preços podem subir ainda mais, pois as cantinas estarão com estoques baixos e a demanda por matéria-prima será alta.”

 

A Safra 2025 e o Futuro da Vitivinicultura

Com a produção de 2024 em declínio, a safra de 2025 será decisiva para o futuro da vitivinicultura no Brasil. O setor está em alerta, acompanhando de perto as condições de produção e o comportamento do mercado. A continuidade de políticas de incentivo, somada a investimentos em tecnologia e manejo sustentável, será fundamental para garantir a sustentabilidade deste importante setor econômico.

A estimativa para a próxima safra gira em torno de mais de 700 mil toneladas de uvas no Rio Grande do Sul. A definição dos preços e a recuperação da produção serão cruciais para manter o setor competitivo, tanto no mercado interno quanto no externo.

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