Safra de uva inicia com perspectivas otimistas

Projeção do Instituto Brasileiro do Vinho é colher cerca de
700 milhões de quilos da fruta. Previsão é de pouca chuva em janeiro

 

Remi Guarese, morador do Travessão Sete de Setembro, no interior de Flores da Cunha, é um dos milhares de agricultores da Serra Gaúcha que nessa época do ano está com tudo pronto para iniciar a colheita da uva. Depois de meses de trabalho, seja sob o sol escaldante ou enfrentando o frio e a geada, a vindima é o período mais importante para todo o viticultor. É o momento de colher dos pés de videira os frutos de muita dedicação. Em muitas propriedades a vindima até já começou, visto que há variedades de uva que são mais precoces. Algumas delas até já foram colhidas no final de dezembro e início de janeiro.
Guarese tem boas expectativas com relação a safra da uva 2014. Ele e o irmão Rui possuem 13 hectares de vinhedos. A principal variedade é a Bordô, da qual elaboram o vinho que vendem a granel. “Os frutos estão com boa qualidade e há também quantidade. Espero que o tempo permaneça bom e que não tenhamos falta de chuvas”, diz o vitivinicultor. Guarese pretende iniciar a vindima em fevereiro. “No início do mês já devemos estar colhendo. Neste ano, a maturação das uvas está mais tardia devido às temperaturas mais baixas à noite”, explica. O agricultor também espera que o quilo da fruta seja valorizado, além do litro do vinho. Toda a produção da bebida dos irmãos Guarese tem colocação certa todos os anos. “A perspectiva é de que a safra 2014 seja normal, em torno dos 700 milhões de quilos, caso não ocorra nenhuma intempérie climática nos próximos meses. Não temos como precisar o volume ou mesmo a qualidade. Entretanto, as previsões climáticas para janeiro é de chuvas abaixo do normal, o que é favorável para a qualidade da uva”, pontua o diretor técnico do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Leocir Bottega. O temporal e o granizo que ocorreram no início de novembro provocaram prejuízos bem pontuais, sem reflexos significativos no volume geral da safra. A colheita de 2013 foi menor do que a do ano anterior, com 611,3 milhões de quilos de uva, um recuo de 12,3% em relação a 2012. A quebra de produtividade foi registrada, principalmente, nas variedades americanas e híbridas, como a Isabel, que totalizaram 537,3 milhões de quilos (queda de 13,4% sobre 2012). Entre as variedades viníferas, que somaram 73,9 milhões de quilos em 2013, a safra foi apenas 3,1% menor em comparação com o ano passado.
Na Cooperativa Aurora os primeiros cachos de Pinot Noir chegaram logo no início de janeiro e as expectativas são as melhores possíveis, com uvas viníferas e de mesa com muita qualidade. “O clima foi muito adequado, com noites e manhãs frias e tardes  quentes, alongando o ciclo vegetativo, o que é muito bom para a uva”, diz o engenheiro agrônomo  da Aurora, João Carlos Rigo.  A cooperativa deverá receber cerca de 57 milhões de quilos de uvas em 2014, praticamente o mesmo volume recebido na safra anterior. Para atuar junto ao agricultor na busca pela qualidade da uva, a Aurora conta com uma “área técnica composta por cinco engenheiros agrônomos e dois técnicos agrícolas sobre os  tratos culturais, tecnologia e cuidados de aplicação de agroquímicos e respectivas carências, receituário agronômico e utilização da caderneta de campo, onde o associado mantém registrado todas as atividades relacionadas aos vinhedos”, sintetiza Rigo.

Remi Guarese, vitivinicultor de Flores da Cunha, tem boas expectativas com relação a colheita 2014. Na foto acima, feita no dia 19 de dezembro, as uvas estavam em maturação. (Foto: Antonio Coloda)
Remi Guarese, vitivinicultor de Flores da Cunha, tem boas expectativas com relação a colheita 2014. Na foto acima, feita no dia 19 de dezembro, as uvas estavam em maturação. (Foto: Antonio Coloda)

Na Cooperativa Garibaldi a primeira variedade a chegar dos vinhedos dos associados foi a Chardonnay, também no início de janeiro. “A qualidade está muito boa, em função da brotação uniforme e das condições climáticas dos meses de novembro e dezembro”, diz o enólogo da cooperativa, Gabriel Carissimi. A Garibaldi recebe apenas as uvas dos cooperados e previsão é de que sejam entregues em torno de 18 milhões de quilos de uva, número maior que 2013 em função de um aumento de produtividade e de vendas. Assim como na Aurora, a Cooperativa Garibaldi também possui um programa de melhoria de qualidade da uva junto a seus associados.  “Orientamos os agricultores desde a implantação dos vinhedos e segue até uma classificação das uvas no momento de entrega na vinícola. A remuneração da uva começa a ser caracterizada no modelo de plantio, isso estimula a produção de qualidade”, afirma o enólogo. Com relação a comercialização, a cooperativa teve um 2013 muito bom, principalmente com relação ao suco de uva, que teve um crescimento de 56%. As vendas de espumantes também tiveram um aumento, em cerca de 10%.

 

Comercialização de vinhos em 2013

De acordo com dados do Ibravin, de janeiro a novembro a comercialização de vinhos de mesa teve um acréscimo de 2,66% em relação a 2012, fechando em quase 195 milhões de litros vendidos. No vinhos finos o aumento foi maior com 6,46% e uma comercialização que atingiu os 19 milhões de litros. Somando os vinhos viníferas e de mesa foram 213 milhões de litros comercializados.Os espumantes atingiram um crescimento de 7% em relação ao mesmo período do ano passado, com uma comercialização de 33 milhões. Os vinagres também tiveram crescimento significativo com 14,73%, que resultou em 14 milhões de litros vendidos em 2013.
Mas a categoria que mais teve aumento e se tornou o ‘fenômeno do momento’ foi o suco de uva. De janeiro a novembro, a comercialização de sucos prontos para consumo aumentou 41%. Esse índice representa mais de 71 milhões de litros.

 

Estoques
Apesar dos bons números da comercialização, o setor vitivinícola deve iniciar 2014 com 260,6 milhões de litros estocados. As medidas do governo federal não foram suficientes para baixar estoques antes da safra.
O presidente do Ibravin, Alceu Dalle Molle, aponta que nos últimos cinco anos o setor vem operando com estoques excedentes muito acima do volume de passagem – montante armazenado antes da entrada de uma nova safra – considerado normal. “A margem de segurança para o estoque de passagem gira em torno de R$ 150 milhões litros mas, nos últimos anos, os volumes tem girado em torno de 300 milhões. Isso acaba inviabilizando o espaço de estocagem e a capacidade de recebimento da safra que está a caminho”, observa Dalle Molle.
Em janeiro deste ano, o montante estocado era de 317,1 milhões de litros.

Volume dos estoques nas vinícolas gaúchas (em litros)

2007 – 155 milhões
2008 – 211,3 milhões
2009 – 313,1 milhões
2010 – 255,6 milhões
2011 – 211,5 milhões
2012 – 268,9 milhões
2013 – 317,1 milhões
2014 – 260,6 milhões*
* Projeção com base no total produzido
versus o total comercializado em 2013.

* Projeção com base no total produzido  versus o total comercializado em 2013. (Foto: Cave Geisse/Divulgação)
* Projeção com base no total produzido
versus o total comercializado em 2013. (Foto: Cave Geisse/Divulgação)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cuidados na hora de contratar safristas
Em época de safra da uva é comum a vinda de diversos trabalhadores contratados para auxiliar na colheita. Para isso, é preciso tomar alguns cuidados na hora de contratar esses safristas. O coordenador da Comissão Interestadual da Uva, Olir Schiavenin, orienta que a melhor alternativa para agricultores que irão contratar funcionários para a safra é procurar os sindicatos rurais de suas cidades, onde receberão as indicações necessárias.
Dentre as principais orientações está a não contratação de menores de idade e o restante sempre com contrato assinado, que destaca os direitos e os deveres tanto do lado do agricultor quanto do safrista. Por exemplo, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores e Nova Pádua, oferece um modelo de contrato previsto por lei que regulariza todos os quesitos.

Direitos do trabalhador temporário
– Remuneração equivalente à percebida pelos empregados de mesma categoria da empresa tomadora ou cliente calculados à base horária, garantida, em qualquer hipótese, a percepção do salário mínimo regional;
– Jornada de oito horas, remuneradas as horas extraordinárias não excedentes de duas, com acréscimo de 20% (vinte por cento);
– Férias proporcionais;
– Repouso semanal remunerado;
– Adicional por trabalho noturno;
– Indenização por dispensa sem justa causa ou término normal do contrato, correspondente a 1/12 do pagamento recebido;
– Seguro contra acidente do trabalho.

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Respostas de 3

  1. boa tarde, procuro trabalho na safra da uva tenho 42 anos tenho experiencia em trabalhos Rurais,sou de Lagoa Vermelha ,rs , posso levar mais gente se houver interesse,deixo meu contato ,54 96223672.

  2. Bom dia!!

    Sou de Piratini e já venho trabalhando em anos anteriores na colheita da uva. gostaria de deixar meu contato pois perdi os contatos que tinha. meu número(53) 999485822.

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