
Apesar dos desastres naturais que marcaram 2024, incluindo chuvas intensas e prolongadas que saturaram os solos por meses, a safra de uva 2024/2025 na Serra Gaúcha superou as expectativas. Segundo levantamento da Emater/RS-Ascar em 55 municípios, a produção deverá alcançar 860 mil toneladas, um aumento de 55% em relação à safra anterior e 5% acima de uma safra considerada “normal”.
A antecipação da colheita da variedade Bordô em 20 dias indica uma vindima acelerada, com término previsto para o final de fevereiro. Cultivares superprecoces e precoces exibiram excelente sanidade, coloração e teor de açúcar, enquanto as variedades de ciclo médio e tardias, como Cabernet Sauvignon e Moscatos, prometem manter a qualidade caso as condições climáticas atuais prevaleçam.
Para o engenheiro agrônomo Enio Ângelo Todeschini, do Escritório Regional da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, os resultados positivos são surpreendentes diante das condições adversas. Os resultados foram impulsionados por fatores climáticos como o acúmulo de horas de frio, ausência de geadas tardias e temperaturas favoráveis entre setembro e dezembro. “Surpreendentemente houve uma ótima brotação – número e vigor das gemas; fertilidade (número de cachos/broto) dentro da média e tamanho/peso dos cachos acima da média”, explica Todeschini.
Outro destaque foi o uso de plantas de cobertura do solo, uma prática promovida pela Emater/RS-Ascar há décadas. “É a prática cultural de maior adesão e efeitos a médio e longo prazo, reduzindo o uso de herbicidas e fertilizantes, as perdas de solo, nutrientes e água. A cada ano que passa, o manejo imprimido aos pomares vem sendo aperfeiçoado, refletindo-se em aumento da produtividade ou, como nessa safra, na redução das perdas”, afirma Todeschini.