Safra do caqui está menor neste ano

Com uma previsão de colheita estimada em 30 mil toneladas,
o Rio Grande do Sul terá uma quebra estimada de 10% neste ano

 

Produtor Marcos Camassola deve colher  em torno de 100 mil quilos. (Foto: Camila Baggio)
Produtor Marcos Camassola deve colher em torno de 100 mil quilos. (Foto: Camila Baggio)

Originário da Ásia, o caqui conquistou produtores e consumidores no Rio Grande do Sul. A Serra Gaúcha é a principal região no cultivo, principalmente da cultivar Kyoto – de polpa escura, mais conhecida como chocolate preto. A Kyoto está em 98% da área plantada nos 1.400 hectares na Serra. De acordo com a Emater do Rio Grande do Sul, Caxias do Sul é o principal município produtor, com cerca de 360 produtores. Nos últimos cinco anos a produção média da cidade foi de 10 mil toneladas, em 405 hectares, ou seja, uma produção média de 25 toneladas por hectare. Na safra deste ano, embora as frutas apresentem calibre e sabor satisfatórios, a produção tem quebra em média de 10% em função das condições registradas desde a floração, com friagem e temperaturas extremas na formação da fruta.
De acordo com dados da Emater, além das perdas de produção em função do clima, a safra do caqui também sofre este ano com a incidência da doença antracnose – fitopatia até então desconhecida na região serrana. O início da colheita foi marcado pela demanda de mercadoria de boa qualidade e preços atraentes, situação que se inverteu no início de maio, quando a oferta do produto aumentou e os preços caíram acentuadamente. A baixa resistência dos frutos ao armazenamento é um problema que pede a atenção do produtor, alguns frutos estão perdendo pressão de polpa de dois a três dias após a colheita. Essa condição faz com que os produtores necessitem do máximo de cuidado no armazenamento dos frutos.
Para o engenheiro agrônomo da Emater de Caxias do Sul, Mauro Tessari, a safra está boa, apesar de um pouco menor, com quebra em torno de 10%. O sabor e o calibre das frutas estão satisfatórios, porém com falta de coloração. “Tivemos além das temperaturas o granizo e a antracnose, que surge principalmente nas regiões mais quentes, com calor e umidade. Mas no geral a safra está sendo boa”, avalia Tessari. Como principal orientação pós-colheita, o agrônomo destaca os cuidados nos tratamentos e na poda dos caquizeiros. “Realizar os tratamentos com fungicidas, além de prestar atenção na poda para evitar que a doença se espalhe é fundamental”, complementa.
O preço do caqui neste ano segue na média de R$ 1,20 ao quilo. No início da colheita, com um mercado aquecido, os frutos com qualidade superior contavam com um preço variante entre R$ 1,20 e R$ 1,50 ao quilo. Com a safra avançando e a oferta de mercado também, os preços ofertados nas propriedades caíram de R$ 0,70 a R$ 0,80 ao quilo. Isso porque a condição de inconsistência da polpa do caqui, resultado das temperaturas extremas a que as plantas e frutas foram submetidas nos meses de verão, prejudica o armazenamento.  Além da variedade conhecida como chocolate preto, a Serra Gaúcha produz ainda a cultivar Fuyu (chocolate branco).

 

Marcos Agostinho Camassola e a mãe Enedina Camassola cultivam 6 hectares de caqui. (Foto: Camila Baggio)
Marcos Agostinho Camassola e a mãe Enedina Camassola cultivam 6 hectares de caqui. (Foto: Camila Baggio)

 

Preço deixa a desejar

Infelizmente não são apenas as condições climáticas que preocupam os produtores de caqui. O preço que vem sendo pago por quilo também deixa a desejar no bolso do agricultor. Assim pensa Marcos Agostinho Camassola, 40 anos, morador de Santa Bárbara, no distrito caxiense de Ana Rech. Produtor de caqui há 10 anos, Camassola lembra de safras em que a cultura já foi vantajosa. “Hoje, infelizmente, temos bastante produção e pouco consumo. Os preços são baixos e nossos custos sobem todos os anos”, lamenta o agricultor.
A produção de seis hectares, embora tenha sofrido com as temperaturas e com o granizo, está satisfatória para o agricultor. Normalmente ele colhe de 150 a 160 toneladas, mas neste ano está esperando uma média de 100 toneladas. Dos seis hectares, Camassola pretende investir mais na cultivar Fuyu, conhecida como chocolate branco, e eliminar as plantas da variedade Kyoto. “Ainda não tive perdas com a doença antracnose, mas algumas plantas da cultivar Kyoto apresentam alguns sinais, por isso quero reduzir esse risco”, planeja o agricultor. Antes do caqui, Camassola trabalhava com maçã e ameixa.
Apesar do descontentamento de alguns produtores, de acordo com Rudimar Menegotto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Caxias do Sul, nos últimos anos a produção da fruta vem crescendo na cidade pela demanda de outros Estados, principalmente do Centro do país. Isso se identifica na produção de Camassola, que da Ceasa de Porto Alegre deve ser destinada quase que integralmente para Santa Catarina. “Precisamos de preços melhores e, claro, mais consumo”, acrescenta o produtor.
A safra da família Camassola deve durar até o final de maio. Para garantir frutos com mais qualidade, a safra é feita em etapas. Primeiro são colhidos os frutos mais maduros e, em uma segunda colheita, os tardios, que com alguns dias a mais já ganharam peso e sabor.

 

Confira os 15 principais municípios produtores de caqui do Estado

Tabela

 

Produção no Rio Grande do Sul

A produção gaúcha do caqui representa a fonte de renda de 1.438 produtores, em uma área plantada de 1,8 mil hectares. Levando em consideração a média de produção de 25 toneladas por hectare, o Rio Grande do Sul produz mais de 30 toneladas de caqui por ano.

 

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