Atividades simples do dia a dia podem ajudar no fortalecimento da habilidade da memória, ajudando a prevenir doenças como o Alzheimer
Camila Baggio
camila@avindima.com.br
Uma tarefa, um nome, um rosto, uma data importante. Essas e muitas outras coisas da vida podem ser muito prejudicadas por uma memória ruim. Memorizar algo novo é um complexo fenômeno cerebral que nos permite armazenar e lembrar de informações a curto, médio e longo prazo, facilitando a realização de centenas de tarefas. Porém, com o passar dos anos nossa capacidade se reduz e, devido às mudanças que a atividade do cérebro sofre, pode se deteriorar significativamente. Com isso, a pessoa começa a ter dificuldades para lembrar e, conforme o tempo passa, pode deixar passar dados e aspectos relevantes de sua vida. O mais preocupante é que o problema pode avançar de forma gradual e, em casos graves, pode se transformar em doenças como o Alzheimer. É por isso que é importante prestar atenção, mantendo hábitos de vida saudáveis e praticando exercícios que ajudem a fortalecer a memória.
Além disso, estudos comprovam que tentar memorizar algo novo, exige concentração. Quanto mais nos concentramos, melhor será nosso desempenho. Nesses momentos, devemos buscar ‘interferências mínimas’, evitando qualquer atividade que possa interferir na delicada missão de formação da memória. Por isso, evite executar tarefas pequenas, verificar seus emails ou mexer no seu celular quando estiver se concentrando em algo novo. É preciso dar ao cérebro a oportunidade de uma recarga completa sem distrações. É sabido, por exemplo, que, uma vez inicialmente codificadas, as memórias passam por um período de consolidação que as cimenta no armazenamento a longo prazo.
Antigamente, pensava-se que isso acontecia principalmente durante o sono, com uma maior comunicação entre o hipocampo – onde as memórias são formadas pela primeira vez –, e o córtex, um processo que pode construir e fortalecer as novas conexões neurais que são necessárias para a lembrança posterior. Essa intensa atividade noturna pode ser a razão pela qual muitas vezes aprendemos coisas de forma mais eficaz antes de dormir, contudo pesquisas descobriram que a solidificação da memória não se limita ao sono – uma atividade neural semelhante ocorre também durante períodos de repouso.
Exercite seu cérebro
– Uma dica é buscar sempre aprender algo novo. A aprendizagem é um processo que pode ser feito durante toda a vida e, ainda que não nos demos conta, é um dos melhores treinamentos para manter a memória forte. Isso permite que o cérebro saia de sua zona de conforto e, por sua vez, ative funções da mente que costumam se apagar quando não há desafios para superar. Portando, para prevenir a deterioração desta habilidade, algumas sugestões funcionam como, por exemplo, aprender um novo idioma, fazer um novo curso, tocar um instrumento musical ou investigar dados de seu interesse.
– Outra sugestão é tentar memorizar dados simples. Não é necessário aprender dados complexos para que a mente se ative, o exercício de memorizar coisas simples é suficiente para que o cérebro fortaleça sua habilidade de assimilar e armazenar informação. A dica é tentar memorizar números de telefone, datas de aniversários, lista de compras do supermercado e endereços. Além disso, faça um exercício semanal para lembrar o que comeu nos dias anteriores ou como foi sua rotina nos dias que já passaram.
– Crie mapas mentais. Essa prática é recomendada para desenvolver a inteligência espacial. Consiste em desenhar um mapa na mente, por exemplo, depois de visitar um lugar novo. Nesse mapa é legal traçarmos toda a nossa rota, procurando adicionar todos os detalhes que foram vistos no caminho.
– Uma sugestão também é memorizar usando acrósticos, onde se escreve, na vertical, nomes de pessoas (José, Ana…), personagens fictícias (Pinóquio, Cinderela…), um objeto (lápis, cadeira…), animais (cachorro, sapo…), ou qualquer frase que você queira e, após isso, utilizar as letras colocadas na vertical como as iniciais de cada verso, construindo um poema que se relacione com as palavras ou com a frase. É um passatempo simples, mas pode ativar o funcionamento de várias áreas do cérebro para facilitar o fortalecimento da habilidade da memória. Você pode desenhar um acróstico que se adapte a uma palavra chave daquilo que você precisa lembrar.
– A informação visual desempenha um papel muito importante na habilidade que o cérebro tem de distinguir entre um objeto e outro. Usar o tato permite identificar diferenças sutis entre os elementos e, por isso, ativa e fortalece áreas cerebrais que processam informações importantes. Por essa razão, os adultos que perdem a visão podem distinguir as letras em braille, visto que seu cérebro desenvolve mais vias para processar o tato. Um exercício rápido consiste em colocar moedas em uma bolsa e, se precisar delas, usar só o tato para determinar qual é o seu valor.
– Trabalhar sua mão não dominante também é um exercício muito bom para manter a memória forte e ativa. Ainda que não seja tão simples quanto usar a mão dominante, usar o lado oposto do cérebro, como se faz com esta atividade, ajuda a expandir partes do córtex cerebral que se encarregam de processar informação do tato da mão. Procure fazer isso em tarefas como escrever, escovar os dentes, usar o celular e os talheres.
– Algo tão simples e acolhedor quanto ouvir música pode servir para exercitar a memória e manter uma boa saúde mental. Esta atividade, principalmente com músicas clássicas, melhora as habilidades cerebrais, independentemente da etapa da vida. A música estimula células do cérebro que permitem manter uma ótima concentração mental, memória e desenvolvimento auditivo.
Alimentação também contribui
Além do avanço da idade, do cansaço e do estresse, uma alimentação deficiente pode influenciar nos esquecimentos do dia a dia. Grãos, frutas e peixes são exemplos de alimentos que ajudam no combate ao esquecimento. Quinoa e linhaça são dois grãos ricos em ômega 3, um dos nutrientes necessários para um cérebro mais ativo. No caso da linhaça, para extrair o nutriente de sua estrutura, é importante comê-la na forma triturada ou germinada (depois de ficar de molho na água). Nas carnes, o salmão é uma ótima fonte de ômega 3 e, por isso, tem um grande potencial para melhorar o desempenho cognitivo e o funcionamento do cérebro, para gravar informações. Outros peixes de água fria, como atum e sardinha, também possuem esse nutriente.
Entre as frutas, o morango possui a fisetina, outro nutriente que desempenha um papel importante nas lembranças. Esse nutriente também é encontrado no tomate, que possui, ainda, licopeno, antioxidante que reduz os danos causados às células pelos radicais livres e previne doenças como o câncer. A uva também é bastante benéfica, pois além de ter fisetina, as variedades vermelhas e roxas são ricas em flavonoides. Ambas as substâncias são importantes porque protegem o sistema nervoso, influenciam na regulação da morte de neurônios e na regeneração dessas células.
Outras opções de fontes de flavonoides, que ajudam no desenvolvimento e recuperação da memória, são os chás verde, branco e vermelho, que possuem efeitos similares aos da uva e demais opções. O chá verde tem ainda mais uma boa vantagem, para quem quer perder peso. Saúde mental, melhor aprendizado e memória boa são alguns dos efeitos positivos da colina, substância presente na gema do ovo. Essa ajuda é vista principalmente no envelhecimento, já que ela protege as células do cérebro enquanto o corpo sofre com o passar do tempo.
Fonte: exame.abril.com.br