Mais do que fatores externos, a instabilidade vivida pelo Setor Vitivinícola da Serra Gaúcha é resultado da baixa cooperação e da necessidade de acelerar o ordenamento interno. A posição é do Diretor Executivo da FECOVINHO. Hélio Marchioro defende que o fortalecimento do Setor passa por um grande processo de debate com participação intensa de todos envolvidos na cadeia produtiva. Devem ser ouvidos Agricultores, Indústria, Técnicos, Dirigentes, órgãos governamentais, com intuito de fortalecer as instituições que congregam todos os protagonistas do cenário vitivinícola. Para o Executivo, é necessário que os eventos conjuntos, a exemplo da Jornada Vitícola e de outras iniciativas adotem metodologias de construção de consensos com todos os segmentos para as questões estruturais do setor. “Atualmente o trabalho de toda a cadeia produtiva tem foco predominante na remuneração apenas do capital”.
A posição é compartilhada pelo Presidente da Cooperativa Alfredochavense, Tiago Guerra. Ele salienta que essa falta de integração deixa o setor fragilizado para enfrentar os concorrentes. Um dos componentes importantes é que “a produção vitivinícola da Serra Gaúcha está diante de corporações que trabalham o mercado de forma agressiva e articulada”. Guerra acredita que temas como desoneração tributária, conquista de mercado, aprimoramento da qualidade da matéria prima e rentabilidade para o Produtor somente serão alcançados com uma integração efetiva de todos os protagonistas do setor. “Uma solução pontual para apenas um segmento específico pouco contribui”.
Segundo Marchioro, perdemos o protagonismo mercadológico, porque estamos pressionados pela área de distribuição, que não dominamos. Esta situação é agravada pela pressão do descaminho e do contrabando que afetam a produção local. “Esse contexto fragiliza a indústria e também os Agricultores”. Ele defende que não é mais possível atuar na cadeia produtiva buscando soluções específicas para um segmento, quando o problema afeta a todos. É necessário repensar a lógica de todo o sistema de produção. Tiago Guerra acrescenta que o setor necessita urgentemente ampliar os sistemas de cooperação interna para garantir a competitividade.
Marchioro aponta que seria importante notar que o mercado esta mudando de nome. “Estamos experimentando a forte ação da intermediação no espaço entre a industria e consumidor, tema que foi fortemente debatido na década 70 do século passado”. O intermediário se estabeleceu na relação de mercado de maneira muito forte, controlando a distribuição e o abastecimento. A solução passa pela reestruturação da distribuição, como um componente integrante da cadeia produtiva.