Censo sobre o Vinho apontou carência de profissionais, mas
também revelou intenção de investimentos na área enoturística
Um estudo com 346 empresas gaúchas de diversas regiões produtoras do Estado apontou que existe falta de mão de obra qualificada e carência de profissionalização no setor. Esse e outros aspectos foram revelados no censo da Indústria Vinícola do Rio Grande do Sul elaborado por demanda do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) pela Universidade de Caxias do Sul (UCS). A pesquisa colheu impressões de empresas produtoras de vinhos, espumantes e sucos em diversas regiões do Rio Grande do Sul, entre setembro de 2013 e maio de 2014.
Entre os cinco principais entraves mais citados no estudo, quatro dizem respeito à escassez de profissionais qualificados para o setor vitivinícola. A principal dificuldade se refere a mão de obra para a colheita da uva, cuja média, em uma escala de 0 a 10, ficou na ordem de 7,07. Na sequência, aparece a falta de mão de obra qualificada na área de produção vinícola, para o desenvolvimento de novos produtos, o preços das uvas e a rotatividade de pessoal. Vinícolas como a Panizzon Bebidas, localizada em Flores da Cunha, enfrentam o problema tanto da mão de obra qualificada, quanto não qualificada. Conforme o departamento de Recursos Humanos da empresa, algumas medidas têm sido adotadas para evitar isso, como um contrato salarial acima do estipulado pelo sindicato, por exemplo. “Estamos em uma região que tem grande oferta de empregos e há bastante concorrência com setores como metalmecânico, moveleiro, comércio e serviços, que acabam sendo mais atraentes às vezes. A partir dos resultados da pesquisa, podemos pensar em ações de aperfeiçoamento, talvez via Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) ou outros meios”, aponta o diretor executivo do Ibravin, Carlos Raimundo Paviani.
Enoturismo
Mas nem só dificuldades foram apontadas no censo. Cerca de 60% das empresas consultadas disseram que têm intenção de ampliar a produção de espumante tipo brut, seguido do moscatel e do suco de uva integral. Os produtores de espumante brut são os que mais manifestaram desejo de ampliação, 65% do total, sendo que 28% deles pretendem aumentar em 20% sua produção; outros 20% querem investir 50% a mais e 8% pretendem dobrar a fabricação. O moscatel aparece em segundo lugar nas intenções de investimentos das empresas, com 62% de interessados. Destes, 33% querem aumentar em 20%, 24% querem produzir 50% a mais e 5% pretendem dobrar a produção. O suco de uva integral está na terceira posição, sendo que 58% das empresas dizem ter interesse em produzir mais.
Ampliar os investimentos em enoturismo também está nos planos de mais de 40% das vinícolas que hoje não oferecem atividades para turistas. Conforme a pesquisa, atualmente, apenas 25%, ou seja, uma a cada quatro indústrias do setor promove atividades nesse sentido. Entre as que possuem ações no segmento, 79% estão inseridas em algum roteiro turístico. Entre os que não possuem, aproximadamente 42% têm intenção de implementá-los nos próximos cinco anos. “Grande parte das vinícolas tem gestão familiar e, por isso, o enoturismo é muito importante nesse segmento, em especial para as pequenas, mas a atividade ainda está em seus primórdios”, diz o professor e coordenador do curso de Comércio Internacional do Campus Universitário da Região dos Vinhedos (Carvi) Fabiano Larentis, que coordenou a pesquisa junto com Cíntia Paese Giacomello, diretora do Centro de Ciências Exatas, da Natureza e da Tecnologia do Carvi.
A pesquisa
Segundo o diretor executivo do Ibravin, o objetivo da pesquisa é, primeiramente, entender melhor as empresas e ter mais informações para tornar a comunicação com o setor mais efetiva. “Há diferenças de resultados partindo do ponto de vista do tamanho do negócio ou da produção, pois tem muitos grupos com realidades distintas. Temos grupos que só trabalham com vinho de mesa a granel. Outros, com vinhos finos engarrafados ou com suco. E tem grupos que fazem de tudo. Precisamos compreender bem isso para desenvolvermos as ações”, explica.
O estudo mostrou que as empresas apresentam idade média de 26,4 anos, sendo fundadas entre 1980 e 2013, sendo que o maior número de negócios foi aberto nos últimos 10 anos. Grande parte delas (85,8%) tem até nove funcionários. Em relação à receita bruta anual, o valor é inferior a R$ 360 mil em 61% das empresas e entre R$ 361 mil e R$ 3,6 milhões em 24,9%. A pesquisa apontou que 78% possuem vinhedos próprios, com média total do estado de 16,9 hectares por vinícola. Do total pesquisado, 89,6% das videiras estão localizadas na Serra Gaúcha e 4,5%, na Campanha. No Rio Grande do Sul existem 545 vinícolas ativas registradas no Cadastro Vinícola.
Outros resultados da pesquisa
– 9,2% das empresas possuem ações de exportação, com predomínio do vinho fino como foco de trabalho. Dos que não exportam, 30% afirmaram que têm intenção de passar a exportar nos próximos cinco anos. Os 70% que não pensam nessa possibilidade, afirmam que os principais motivos seriam a falta de capacidade produtiva e de estrutura interna.
– O estudo avaliou o interesse das empresas em financiamento. Metade afirmou que busca empréstimos, principalmente para investir em maquinário e tecnologia (70,2%). A justificativa dos que não buscam financiamentos é a falta de necessidade (59,4%), seguida pela falta de garantias bancárias (15,3%).
– A participação da receita proveniente do enoturismo varia entre as vinícolas, mas apresentou média de 15%.
– A maioria das vinícolas (55,7%) com ações de enoturismo recebeu, em 2013, até 500 visitantes, sendo predominantemente famílias. Na maioria dos casos (65%), os visitantes conseguem informações sobre o empreendimento por meio de recomendações de amigos ou familiares. A internet foi citada por 48% das vinícolas.
– 39% das empresas entrevistadas possuem uma margem líquida de lucro (descontando os impostos) de até 5%. Cinco delas, ou 1,4%, lucram mais de 20% nas transações. Além disso, 4,9% informaram que têm margem negativa.
– Quanto à produção, verificou-se que 77,7% das vinícolas contam com vinhedos próprios. Metade delas possui área própria inferior a sete hectares
– 73,6% das empresas têm o Rio Grande do Sul como destino dos produtos, 13,1% comercializam para os demais estados da região Sul (Santa Catarina e Paraná) e 24,2% para a região Sudeste.
– O vinho de mesa exportado apresenta 25% de participação, enquanto que espumante e suco de uva representam 21% e 15%, respectivamente.
– 64% das vinícolas produzem vinho de mesa para a faixa de preço de até R$ 7. No vinho fino, 60,1% concentram seu preço até R$ 15. Para espumantes, um terço das vinícolas atua entre R$ 16 a R$ 30. No suco de uva, 84% indicaram até R$ 10 ao litro.
– 55% dos entrevistados participam de alguma entidade ou associação ligada ao setor.
Uma resposta
prezados senhores,sou formado agrotécnico na italia, tenho 56 anos gostaria de alguem me contactar pra colheita da uva pois eu gosto de trabalhar ao ar livre e nao estou conseguindo recolocacao no mercado de trabalho pois opto por um trabalho temporario, ma minha e4sposa faleceo dois anos atras teve cancer de mama e tive que tomar conta dela nao pude fazeer mais nada. gostaria de uma oportunidade na colheita da uva. meu cel e 011 – 982971496 riccardo.