Sistema Antigranizo avança, mas setor reforça cautela com foco ambiental

Lideranças vitivinícolas defendem rigor técnico e garantem: “não estamos medindo esforços”
Foto: SEMA/RS

O setor vitivinícola da Serra Gaúcha segue mobilizado em torno da implantação do Sistema Antigranizo, projetado para proteger as lavouras de uva e outras frutas contra um dos fenômenos climáticos mais temidos da região. Após nova rodada de reuniões com autoridades estaduais, Ricardo Pagno, presidente da Comissão Interestadual da Uva e do Vinho, e Luciano Rebellato, presidente do Consevitis-RS, destacaram a importância do projeto e reforçaram a necessidade de cautela e embasamento técnico.

Nesta segunda (26), representantes do setor participaram de encontro em Porto Alegre com técnicos da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (SEMA), da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM) e da Secretaria da Agricultura. O foco foi discutir as condições técnicas e ambientais para a instalação do sistema, que prevê inicialmente cerca de 130 geradores automáticos de iodeto de prata em 17 municípios da Serra Gaúcha.

“Nós gostaríamos e estamos fazendo de tudo para que, para essa próxima safra, já esteja funcionando. Quando eu digo próxima safra, é ali quando inicia a brotação das uvas e ao período de mais incidência de granizo, que seria ali em outubro, novembro, dezembro, mas não sei se a gente consegue ir para essa safra. Não estamos medindo esforços”, afirmou Ricardo Pagno.

Pagno destaca ainda que há experiências positivas no Brasil e no exterior que podem embasar os estudos sobre. “Temos que ter algumas certezas em relação a não ter contaminação de solo e água. Foi solicitado alguns estudos, algumas pesquisas em países que já aplicam e até aqui no estado vizinho, Santa Catarina, que já aplica mais tempo. Há muitas fakes, muitos boatos em relação ao iodeto de prata”, reforçou.

Luciano Rebellato destaca que, embora o sistema não exija formalmente licenciamento ambiental, conforme indicou a SEMA, o setor está adotando uma postura de extrema cautela.

“Mesmo que não haja necessidade legal de licenciamento, precisamos ter garantias de que não haverá impacto ambiental. Nosso setor já sofreu muito com rotulações negativas. Não queremos que a sociedade veja o setor como um poluidor, mas como um defensor do meio ambiente e da sustentabilidade”, ponderou.

Funcionamento e benefícios do sistema

O sistema antigranizo funciona com a emissão controlada de iodeto de prata na atmosfera, promovendo a condensação de vapor de água antes que o granizo se forme ou reduzindo significativamente o tamanho das pedras.

“O iodeto de prata funciona como uma espécie de aglutinador. O aglutinador faz com que as moléculas de água que estão em suspensão, em forma de vapor na nuvem, se juntem a esse núcleo e caiam em forma de água. Isso faz com que a precipitação, a chuva, caia antes do congelamento ou, se acontecer o congelamento, ele caia em menor intensidade. Segundo documentos da região de Videira, o índice de redução de granizo é de 85% a 95%”, explicou Rebellato.

Além da proteção das vinhas, o sistema beneficiará outras culturas e a população. “Vai proteger também frutas, lavouras e até áreas urbanas”, completou.

Recursos garantidos

Rebellato confirmou que os recursos para implantação do sistema serão garantidos pelo Fundovitis. “Essas palavras foram do vice-governador e foram confirmadas pelo secretário da Agricultura, que é quem faz a gestão desse Fundovitis na reunião de ontem. O recurso está à disposição do setor”, relembrou.

Experiências internacionais

A tecnologia é adotada há décadas em países como China, Estados Unidos, França, Espanha e Canadá, com estudos que indicam que as concentrações de iodeto de prata no ar, água e solo são milhares de vezes inferiores aos limites considerados críticos para a saúde humana e ambiental.

Para o setor vitivinícola da Serra Gaúcha, a adoção segura do sistema é vista como uma necessidade, diante de prejuízos recorrentes com eventos climáticos extremos e do desafio crescente das mudanças climáticas.

Lideranças vitivinícolas defendem rigor técnico. Foto: Divulgação

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