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Objetivo de envolver as flores e ramos do mirtilo com gelo é proteger do rompimento celular. (Foto: Eduardo Pagot/Divulgação)

 

A semana entre os dias 22 e 26 de julho foi gelada no Rio Grande do Sul. Em algumas regiões, como os Campos de Cima da Serra, o frio foi ainda mais intenso e fez com que os agricultores se prevenissem dos prejuízos que a geada traz. Em Vacaria, por exemplo, produtores de mirtilo utilizaram uma técnica que congela as flores da fruta. O engenheiro agrônomo e secretário da Agricultura e Meio Ambiente de Vacaria, Eduardo Pagot, explica abaixo o que é e como funciona essa técnica:

 

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“O objetivo de envolver as flores e ramos do mirtilo com gelo é proteger do rompimento celular que pode ocorrer à partir de -2ºC. Provoca-se a formação de uma camada de gelo sobre as plantas através da aspersão de água durante um período constante, sem interrupção, quando as temperaturas estão baixas. Normalmente ligamos a aspersão quando a temperatura na noite anterior da geada começa a  baixar, chegando em 2 a 3º positivos e somente desligamos a aspersão quando acontecer o desgelo total das plantas na manhã seguinte. Essa técnica é utilizada em todo o mundo, não só para mirtilo. Em Vacaria temos esse sistema instalado também para pêssego, mas é muito utilizado para uva e o outras frutíferas em outros países.  Acredito que seja o sistema de controle antigeada mais eficiente. Depois da geada fomos avaliar as flores de mirtilo no pomar e, com certeza, conseguimos salvar a maioria das flores, apenas perdemos algumas frutas que já estavam formadas e estavam maiores.

 

Funciona assim: As flores e frutas possuem em seu conteúdo aquoso sólidos solúveis, que baixam o seu ponto de congelamento/fusão. Então a água pura livre tem ponto de congelamento a 0ºC, a seiva das flores possuem um ponto de congelamento em torno de -2ºC e dos frutos em torno de -º1C. Isso varia conforme o desenvolvimento e a cultura. Portanto, o gelo formado pela aspersão está a 0ºC, como a água fica caindo constantemente sobre ele rouba energia do sistema não deixando ele baixar de 0ºC.

 

O princípio físico é o seguinte: as plantas podem ser irrigadas por aspersão quando a temperatura estiver próximo ao ponto de congelamento. Conforme a água se congela sobre as plantas, o calor de fusão é liberado. Continuando o congelamento, a temperatura permanece em torno de  0ºC. A aspersão deve continuar até o amanhecer ou até que a temperatura tenha se elevado o suficiente para impedir a formação do gelo. Portanto, quando se utiliza a irrigação por aspersão, a perda de calor da água para o meio é estabelecida pelo calor específico da água e pelo calor latente de fusão. Isso faz com que a temperatura permaneça até um pouco superior a 0ºC nas folhas, flores e ramos, mesmo que a temperatura do ambiente esteja baixa”. Mais informações sobre a técnica pelo telefone (54) 32316523.

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