Tarifação dos vinhos europeus nos EUA: o que isso significa para o Brasil

O impacto da guerra tarifária entre EUA e Europa pode ser tanto um obstáculo quanto um trampolim para o Brasil

A nova onda de tarifas anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reacende preocupações no mercado global de vinhos. A medida prevê uma taxação de 25% sobre produtos europeus, incluindo vinhos, o que já gera apreensão entre os produtores franceses e demais países do bloco. O impacto para a vitivinicultura mundial pode ser significativo, inclusive para o Brasil, que vê tanto desafios quanto oportunidades nesse cenário de tensão comercial.

Essa não é a primeira vez que os vinhos europeus enfrentam barreiras no mercado americano. Em 2020, durante a primeira gestão de Trump, tarifas semelhantes foram aplicadas, afetando duramente as exportações de vinhos da França, Itália e Espanha. Na ocasião, a taxação impulsionou o aumento de preços e reduziu as vendas de rótulos europeus nos EUA, favorecendo produtores de outras regiões, como Chile, Argentina e Austrália.

Em 2021, a administração de Joe Biden negociou o fim dessas tarifas, normalizando as relações comerciais entre os dois blocos. Agora, com o retorno das medidas protecionistas, a indústria vinícola europeia teme novos prejuízos, o que pode redesenhar o mercado global de vinhos nos próximos anos.

A disputa comercial entre Estados Unidos e Europa pode impactar o setor vitivinícola brasileiro de diferentes formas. Segundo o Observatório Consevitis-RS, os EUA são um dos maiores consumidores de vinhos e sucos de uva do Brasil. Em 2024, a Região Sul exportou US$ 2 milhões em vinhos e sucos para os americanos, um número menor do que os US$ 3,5 milhões de 2021, o melhor ano da história do setor.

Se os vinhos europeus ficarem mais caros no mercado americano, produtores brasileiros podem ter uma janela de oportunidade para aumentar sua participação nos EUA, principalmente com vinhos de inverno e rótulos premium que já vêm conquistando espaço internacional.

O Brasil precisa fortalecer sua estratégia de marketing, distribuição e competitividade de preços para preencher essa lacuna deixada pelos vinhos europeus. Países como Chile e Argentina, que já têm forte presença nos EUA devido a acordos comerciais favoráveis, também devem se movimentar rapidamente para ocupar essa fatia do mercado.

Além disso, há um outro fator de atenção: o aumento da volatilidade no comércio internacional. Caso o governo americano amplie suas medidas protecionistas para outros produtos, o Brasil pode enfrentar barreiras que dificultem sua expansão no mercado externo.

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