Até a primeira quinzena de julho registrou-se a ocorrência de apenas 70 horas de frio, ou seja, 17,2%
Do ponto de vista técnico, as alterações climáticas registradas nas primeiras semanas do inverno não interferem na agricultura em geral. Os meses de março, abril e maio seguiram a condição normal, com um somatório de 56 horas de frio (HF – tempo na condição térmica menor ou igual a 7,2°C). De acordo com o pesquisador da Embrapa Uva e Vinho na área de fisiologia vegetal, Henrique Pessoa dos Santos, as frentes frias registradas até o mês de maio foram suficientes para o início do estado de dormência, que induz à senescência e queda das folhas, não só da videira, mas da maioria das plantas que perdem as folhas no período outono/inverno.
No entanto, o mês de junho foi atípico, pois somou apenas 14 horas de frio (HF), enquanto o normal seria de 104. Até agora registrou-se a ocorrência de 70HF, ou seja, 17,2% do normal para período hibernal (abril a setembro) que é de 408. O pesquisador observa que as temperaturas mais estáveis e baixas são necessárias para manter a videira no estado de dormência e sem o consumo de reservas, que são importantes para o potencial de produção do ciclo seguinte. Além disso, conforme ele, o frio é importante para que as gemas possam superar o estado de dormência, atingindo uma brotação elevada e uniforme no início da primavera.
A esperança de técnicos e agricultores é que ocorra um somatório de frio mais intenso nas próximas semanas para compensar a variação ocorrida em junho e no início de julho. Entretanto, se isso não acontecer, o pesquisador da Embrapa supõe que será necessário fazer podas mais curtas (mais esporões em detrimento de varas) para o próximo ciclo. Pessoa dos Santos também não descarta a possibilidade de uso de estimulante químico para evitar irregularidades de brotação no início da primavera.
Previsão do tempo para agosto
Para agosto também está prevista uma grande variabilidade de temperaturas. “Está prevista a entrada de uma onda de frio entre a primeira e a segunda quinzena, entre os dias 8 e 14. Ainda é cedo para afirmarmos com precisão, mas pelo que os modelos colocam, é provável que tenhamos geadas nesse período”, afirma o meteorologista da Somar Meteorologia, Gustavo Verardo. Já para a segunda quinzena de agosto, a previsão aponta temperaturas mais altas do que o normal, com máximas próximas de 25ºC. Apesar da variação, Verardo destaca que agosto deve fechar com uma média climatológica dentro da normalidade.
O prognóstico de setembro indica que será outro mês atípico no RS, registrando frio tardio, com avanço de ondas polares até o final da primeira quinzena. De acordo com os mapas, o período de maior calor se dará na última metade do mês, com temperaturas em torno dos 26ºC e 27ºC.
Em um panorama geral, pode-se afirmar que o inverno de 2012 foi mais frio do que será o de 2013, principalmente nos meses de junho e julho. O meteorologista Gustavo Verardo tem uma explicação técnica para o fenômeno. “Estamos em um período chamado de ‘neutro’, sem a atuação dos fenômenos El Niño e La Niña e como estamos registrando diversos bloqueios atmosféricos, as massas de ar polar ficam restritas à Argentina e ao Uruguai e avançam, no máximo, até o extremo Sul gaúcho, desviando para o oceano.
Temporais e granizo para setembro
Quanto à precipitação pluvial, a previsão da Somar Meteorologia indica que o período que compreende o final do mês de agosto e todo o mês de setembro, apresentará chuvas acima da média no Rio Grande do Sul, inclusive na Serra Gaúcha. O meteorologista do instituto, Gustavo Verardo, faz um alerta importante para o período. “Os modelos climáticos preveem que entre os dias 20 e 28 de agosto poderemos ter registro de precipitação intensa. Em setembro poderemos ter grandes temporais, com altos índices acumulados de chuva. A previsão para a Serra Gaúcha é de 210 à 250 milímetros, sendo que a média para o período é de 166”. O especialista também alerta para a possível ocorrência de granizo, em decorrência do choque entre temperaturas altas e baixas.