Agricultor Diego Smiderle, morador do distrito de Otávio Rocha,
em Flores da Cunha, investe seus conhecimentos na área rural
Larissa Verdi
Contestando as pesquisas que dizem em que o jovem está cada vez menos motivado a permanecer no
meio rural, a família Smiderle, moradora de Otávio Rocha, interior de Flores da Cunha, é a prova de que incentivo e a valorização ao jovem é uma forma de fazer os negócios da família progredirem. As atitudes empreendedoras de Jorge Smiderle, 62, vêm acompanhadas da visão aberta e inovadora do filho Diego Smiderle, 28 anos, um dos três filhos de Jorge e Suzete.
Diego é formado em Administração de Empresas e, segundo ele, desde o início da faculdade já tinha planos de continuar na propriedade rural. “Aqui aplicamos princípios simples da administração, como o controle de finanças e planejamento. Já fizemos muitas mudanças para melhorar cada vez mais o sistema da propriedade, mas procuro respeitar a experiência dos meus pais também”, conta o jovem.
A propriedade rural tem sua base no cultivo de frutas, como uva, morango, ameixa, caqui e kiwi, permanecendo praticamente o ano inteiro em períodos de safra. Nessa época, a colheita é de morangos, cuja produção da família chega a cerca de 130 toneladas da fruta por ano. Além da mão de obra familiar, eles contam também com quatro funcionários.
O diferencial da propriedade está na diversificação e na forma do cultivo. Na uva estão partindo para o sistema orgânico, e os morangos são cultivados no sistema semi-hidropônico. Ambas culturas são abrigadas em cultivo protegido. “Assim como em uma empresa, precisamos criar diferenciais no cultivo, no cuidado e na finalização das frutas. Todo o investimento se reverte em rentabilidade, porém pode apresentar riscos também”, explica Diego.
O cultivo protegido já inibe pela metade o risco de pragas e intempéries, o que se reverte em menor quantidade de agrotóxicos aplicados. Conforme Diego, a diferença é considerável. “Em um vinhedo comum, cultivo externo, aplica-se uma média de 13 doses de agrotóxicos durante o período. No cultivo protegido, a média são quatro aplicações, utilizando metade da dose e pulando uma fila”.
Todo o processo, desde plantio, colheita, seleção e embalo ocorre na propriedade, agregando valor ao produto final. “Vendemos boa parte da produção para atacadistas que destinam para grandes redes de supermercados. O morango, por exemplo, é um produto rentável, porém o preço oscila muito no mercado. É a lei da oferta e da demanda”, conta Diego. Outra parte da produção é destinada para sucos, sendo esta não selecionada para venda in natura, tanto na uva, quanto no morango – que são as produções mais significativas na propriedade.
“Hoje em dia é preciso ter diversos produtos para garantir lucros e para estar sempre no mercado. Já chegamos a trabalhar com 11 culturas ao mesmo tempo, mas acabamos optando pelas quais mais nos davam satisfação, boas condições de trabalho e consequentemente lucro”, destaca.
Diego acredita que o jovem não se mantém na agricultura, pois, muitas vezes, não busca desafios e acaba se acomodando. “É preciso aprender a gostar da vida no interior. Hoje temos tudo a mão. É uma oportunidade para quem encarar o trabalho como um negócio viável”, defende Diego.
A família Smiderle trabalha junta para manter o alto padrão da propriedade. É a prova que unir a sabedoria dos pais com a disposição e inovação dos jovens é uma aposta viável.