Um jovem estudante no Paraná

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Desde janeiro de 1977, o filho de agricultores Natalino Mascarello, 68 anos, decidiu que construiria seu ‘lugar ao sol’ tendo a agricultura como companheira. O desafio foi lançado longe de casa, na cidade de Irati, no Paraná, onde mora hoje. O trabalhou com a terra na propriedade da família, na capela de São Vitor e Corona, interior de Flores da Cunha, na Serra Gaúcha, determinou seu futuro. Aos 23 anos, o jovem, filho mais velho entre oito irmãos, mudou-se para Porto Alegre para estudar e trabalhar. Três anos depois, passou no vestibular em Agronomia pela Universidade de Passo Fundo (UPF). A oportunidade de trabalho no Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-PR) foi decisiva para que a cidade natal ficasse na lembrança e um novo Estado brasileiro passasse a ser seu endereço.

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Mascarello exibe os resultados da fruticultura cultivada no sítio da família, em Irati, no Paraná.

Aos 30 anos de idade, após ter concluído o curso de Agronomia em Passo Fundo, Mascarello encarou uma mudança de endereço e de vida. A cidade de Irati, no Sudeste do Paraná, foi o destino do recém-formado engenheiro agrônomo. A produção agrícola do Paraná ocupa mais de 1 milhão de pessoas e é responsável por 16% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, com quase 100 diferentes produtos. Dentre as principais culturas do Paraná estão milho, feijão, soja, fumo e a criação de aves de corte, suínos e bovinos. Foi neste cenário que o gaúcho ingressou no Estado como engenheiro da Emater. “Quando me mudei para Irati, foi em vista de uma oportunidade de trabalho. A Emater do Paraná buscou junto à Universidade de Passo Fundo profissionais para trabalharem no Estado. Fiz entrevista e prova, fui aprovado, e contratado. Quando estava na universidade, não tínhamos muita perspectiva de emprego, então agarrei a oportunidade e vim sem conhecer nada do Paraná”, conta Mascarello.

Na época, o florense teve o incentivo e a companhia da esposa Ana Rita Gaertner Mascarello, natural de Porto Alegre, com quem já estava casado há dois anos. Hoje, o casal já comemora 40 anos de união. “Nos casamos em Porto Alegre em dezembro de 1975. Quando nos mudamos, o início foi um pouco complicado, mas nos adaptamos ao trabalho e também a nova cidade. Irati tem de tudo e aqui construímos nossa vida e família”, valoriza o agrônomo. Irati está a 150 quilômetros de Curitiba, e tem cerca de 60 mil habitantes.
A família de Natalino e a esposa Ana Rita é formada pelos filhos Maria Carolina, 37 anos, Angela, 35 anos, e João Ricardo, 29 anos. Além deles, a família se completa com os pequenos Bruno, de 8 anos, e Gabriela, de apenas cinco meses, netinhos do casal e filhos de Angela e do esposo Junio Cesar Calixto. A família é motivo de orgulho para Mascarello, que valorizou a educação e destaca que os três filhos possuem curso superior completo.

Envolvimento com a agricultura e a religião
Quando se mudou para o Paraná, Mascarello atuou na Emater, dando assistência aos pequenos produtores de feijão, milho e fruticultura – principalmente pêssego, ameixa, batata e até uva – cultura essa que era o sustento da família de Mascarello na Serra Gaúcha. “Atuei por cinco anos como engenheiro agrônomo na Emater, além de, por mais de 20 anos, estar em cooperativas agrícolas nas culturas de feijão, milho, soja e outras de menor importância. Me dediquei ainda aos hortifrutigranjeiros pela prefeitura e em empresas agropecuárias”, lista Mascarello.

O trabalho em instituições foi sempre desempenhado em conjunto com o sítio adquirido pela família. Após três anos em Irati, eles passaram a cultivar feijão e soja. “O sítio tinha 100 hectares e até 1997 lidamos com essas duas culturas. Depois adquirimos uma chácara menor, de cinco hectares. Esta área mantemos até hoje, onde são cultivados pêssego e ameixas”, destaca o engenheiro. Hoje, além de manter o sítio, Mascarello é diretor conselheiro da Cooperativa de Crédito de Livre Admissão do Centro Sul do Paraná – Sicredi Centro Sul PR/SC.

Não foi somente a agricultura que Mascarello levou consigo para a vida. Ele tem um aporte especial à religião. Desde o nome – Natalino, já que ele nasceu no dia 25 de dezembro – Dia de Natal, até a experiência que teve aos 12 anos, quando passou a presenciar a rotina diária do Seminário dos Capuchinhos no Rio Grande do Sul, onde ficou por 10 anos. Sempre buscou manter a fé muito próxima. Em 1996 Mascarello iniciou o curso de Diácono Permanente, em Florianópolis, onde estudou por três anos. Em 2000 foi ordenado diácono pela Diocese de Ponta Grossa, também no Paraná. Hoje Natalino exerce a função na cidade onde mora – Irati, participando de celebrações, cursos, encontros e pastoras da igreja. “Fui educado na religião Católica e a aprofundei nos 10 anos de Seminário. Ao chegar em Irati me apresentei ao pároco e já comecei a trabalhar nos encontros de noivos, encontros de casais, palestras em escolas, e assim por diante”, conta o gaúcho.

Atualmente ele dá aulas nas Escolas de Teologia para Leigos nos municípios de Irati, Imbituva e Ivai. Dentre as atividades que exerce como diácono estão batizados, matrimônios, cultos na Igreja Matriz e em capelas, além de coordenar a Pastoral Social da Matriz. “A religião para mim ajuda a superar as dificuldades, ver a vida com mais alegria e amor, pois com Deus somos fortes e recebemos tudo o que precisamos”, valoriza.

A família de Natalino e Ana Rita retorna algumas vezes ao ano para o Rio Grande do Sul para visitar amigos e parentes em Flores da Cunha, Caxias do Sul e Porto Alegre.

 

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Natalino Mascarello e a esposa Ana Rita Gaertner Mascarello cercados pelos filhos João Ricardo, Angela e Maria Carolina.

 

Por: Camila Baggio

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