Vales da Uva Goethe conquista Denominação de Origem e consolida identidade vitivinícola no sul de Santa Catarina

Reconhecimento oficial valoriza a tipicidade dos vinhos elaborados com a uva Goethe e fortalece a vitivinicultura catarinense no cenário nacional
Foto: Divulgação

O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) publicou na edição nº 2840 da Revista da Propriedade Industrial (RPI), de 10 de junho de 2025, o deferimento da alteração da Indicação Geográfica (IG) “Vales da Uva Goethe” para a categoria de Denominação de Origem (DO). O reconhecimento reforça a identidade territorial dos vinhos produzidos com a uva Goethe na região sul de Santa Catarina, conferindo ao produto uma proteção mais abrangente em relação à sua procedência, composição e modo de produção.

O pleito foi apresentado pela Associação dos Produtores da Uva Goethe (Progoethe), que desde 2012 detinha a Indicação de Procedência (IP) da região. Agora, com a aprovação da DO, os vinhos Goethe passam a integrar o seleto grupo de produtos vitivinícolas brasileiros com certificação de origem controlada, ao lado de regiões como Vale dos Vinhedos, Pinto Bandeira e Altos Montes.

A área delimitada pela DO compreende os municípios de Urussanga, Pedras Grandes, Morro da Fumaça, Cocal do Sul, Treze de Maio, Orleans, Nova Veneza e Içara. A certificação se aplica a vinhos das categorias branco seco, branco suave ou demi-sec, leve branco seco, leve branco suave ou demi-sec, espumantes elaborados pelos métodos Charmat e Champenoise, e vinhos licorosos.

Segundo estudos técnico-científicos apresentados ao INPI, a uvas Goethe desenvolveram uma tipicidade única na região, resultado da sinergia entre os fatores naturais — solo, clima e topografia — e as práticas culturais transmitidas por gerações de viticultores. Os solos predominantes, com textura franca e boa retenção de umidade, aliados ao clima subtropical úmido com grande amplitude térmica diária, criam condições ideais para o equilíbrio vegetativo e a maturação lenta das uvas.

A presença de microclimas específicos — influenciados pela topografia ondulada, altitudes entre 105 e 289 metros e a proximidade com os rios Urussanga e Tubarão — favorece a formação de compostos fenólicos e aromáticos nos frutos. Além disso, a condução das videiras em sistema de latada e o uso de tanques de fermentação de alvenaria revestidos com tinta alimentar preservam técnicas tradicionais herdadas dos imigrantes italianos, reforçando o vínculo entre identidade cultural e qualidade do produto.

A diversidade genética da uva também se expressa em dois clones adaptados localmente: a Goethe Clássica e a Goethe Primo. Os vinhos da Goethe Clássica apresentam coloração amarelo-dourada, com aromas de maracujá e frutas tropicais, além de acidez, salinidade e persistência marcantes. Já os da Goethe Primo são mais delicados, com coloração amarelo-esverdeada, notas herbáceas e sutileza no paladar. Análises químicas revelam ainda a presença de elementos terras raras — como lantânio, cério e neodímio — que permitem a rastreabilidade do produto e confirmam sua origem geográfica.

Para Andréa Vargas dos Santos, responsável técnica pela elaboração do processo que culminou no reconhecimento da DO, o momento é de celebração. “Participar desse processo é muito mais do que um reconhecimento técnico: é celebrar a história, a tradição e o trabalho árduo de tantas pessoas que, ao longo do tempo, construíram a reputação e a identidade única do nosso produto e da nossa região! Ver cada etapa desse esforço se transformar em resultados concretos é motivo de orgulho. A Denominação de Origem é uma conquista que valoriza não apenas o nosso produto, mas também a cultura, o saber-fazer e o compromisso com a qualidade que nos distingue.”

O presidente da Progoethe, Guilherme Biachini, também destacou os benefícios que a DO traz ao território e à vitivinicultura regional. “Com a DO, garantimos que o vinho produzido aqui carrega identidade, autenticidade e origem. Isso valoriza o nosso produto no Brasil e no mundo, protege o nosso modo de produção e abre portas para o enoturismo, para novos mercados e para o desenvolvimento sustentável da nossa região.”

Com a chancela da Denominação de Origem, os Vales da Uva Goethe reafirmam sua vocação vitivinícola e ganham um instrumento importante de proteção legal, valorização mercadológica e desenvolvimento local. O selo DO não apenas assegura ao consumidor a autenticidade dos vinhos produzidos na região, como fortalece a posição do sul catarinense no mapa da vitivinicultura nacional.

 

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