Validado o novo Zoneamento Agrícola de Risco Climático da uva para o RS e SC

 

O novo Zoneamento Agrícola de Risco Climático para uva (ZARC Uva) foi validado para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, durante reunião técnica na Embrapa Uva e Vinho, ocorrida no dia 18, em Bento Gonçalves (RS). A nova versão irá contemplar todos os municípios dos estados, com exceção dos localizados na região litorânea, devido às condições de elevada umidade e alta probabilidade para incidência de doenças fúngicas.

As primeiras portarias do ZARC Uva, publicadas para a safra 2005/2006, abrangiam os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Bahia e Pernambuco, com critérios específicos para cada estado. Já a nova versão do ZARC Uva, que deverá ser publicada pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) até o final do ano, desenvolvida pela Embrapa, unificou os critérios apresentados. “A partir das diferentes variáveis, foram considerados como principais riscos climáticos as ocorrências de geadas e secas, padronizando assim, os índices climáticos para todo o Brasil”, sintetizou Marco Antônio Fonseca Conceição, coordenador do ZARC Uva e pesquisador da Embrapa Uva e Vinho.

Pesquisador Marco Antônio, coordenador do ZARC Uva, apresentou as variáveis consideradas - foto Viviane Zanella
Pesquisador Marco Antônio, coordenador do ZARC Uva, apresentou as variáveis consideradas -Foto/Viviane Zanella

Na sua avaliação, os critérios e as variáveis utilizadas atualmente para essa unificação foram concebidos de forma a representar adequadamente as especificidades principais de cada região. A metodologia será detalhada na nota técnica que irá acompanhar a Portaria. Estão sendo considerados três tipos solos, cinco tipos de cultivares (variando de precoces a tardias) e a segmentação por municípios, considerando as variáveis climatológicas. “No futuro, acreditamos que as propriedades possam ser georreferenciadas e, dessa forma, seja possível calcular o risco específico para cada local”, detalhou Conceição, que contou com a participação da pesquisadora Maria Emília Borges Alves na força tarefa para a implementação do ZARC Uva.

Para Antônio Conte, assistente Técnico Estadual em Fruticultura da Emater-RS/Ascar, a proposta atende as expectativas pois irá enquadrar todos os municípios, mesmo aqueles que já estavam produzindo e não estavam contemplados. “É um início, a próxima etapa será atender as especificidades de cada região”, complementou.

Para Luís Balduíno Gonçalves, coordenador técnico da Análise de Risco do Mapa, a expectativa da publicação do zoneamento da uva é bastante grande, pois é a primeira cultura perene que está sendo revisada. A nova metodologia utilizada, que leva em consideração os tratos culturais, em especial a brotação, irá resolver a principal reclamação dos produtores na hora de buscar o financiamento, pois a anterior somente considerava os períodos de plantio o que em muitos casos impedia o financiamento. “Com certeza a classe produtiva será atendida e o modelo poderá auxiliar as outras culturas”, avaliou.

 

Chefe Adeliano destacou a importante participação do setor produtivo no refinamento do ZARC -foto Viviane Zanella
Chefe Adeliano destacoiu a importante participação do setor produtivo no refinamento do ZARC – Foto/Viviane Zanella

 

“A Embrapa está disponibilizando o ZARC Uva. Agora é importante que o setor ajude a consolidar e a refinar essa ferramenta, ajustando à realidade da viticultura”, pontuou o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Uva e Vinho, Adeliano Cargnin, que coordenou o evento. Ele destacou a importância do ZARC como uma ferramenta confiável e segura para todo o setor agrícola, que desde 1996 está sendo utilizada para outras culturas. No caso específico da cultura da uva desde 2005. Ele ainda citou que no caso específico do vinho são complementares ao ZARC uva o Zoneamento de Aptidão e o conceito de Terroir.

Estiveram presentes no encontro representantes da Embrapa, Ibravin, Fecovinho, Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação do RS, Emater/Ascar-RS, Instituto Federal do Rio Grande do Sul, Agavi, Senar, Secretarias e prefeituras municipais, Sindicatos Rurais, Vinícolas e viveiristas.

Segundo José Eduardo Monteiro, pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária e coordenador geral do ZARC, agora as informações serão consolidadas em um relatório final que será  elaborado para envio ao Ministério da Agricultura para publicação da portaria no Diário Oficial da União até o final do ano.

 

ZARC: 22 anos avaliando riscos da lavoura*

O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) é um instrumento de política agrícola e gestão de riscos na agricultura. O estudo é elaborado com o objetivo de quantificar os riscos relacionados aos fenômenos climáticos adversos que podem ocasionar perdas na produção.

Na realização dos estudos de ZARC são analisados os parâmetros de clima, solo e ciclos de cultivares, a partir de uma metodologia validada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e adotada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O resultado do estudo é publicado por meio de Portarias da Secretaria de Política Agrícola do Mapa, por cultura e Unidade da Federação.

O ZARC foi publicado pela primeira vez na safra de 1996 para a cultura do trigo. Atualmente, os estudos de Zoneamentos do Mapa já contemplam 25 Unidades da Federação e mais de 40 culturas divididas entre espécies de ciclo anual e permanente, além do ZARC para o consórcio de milho com braquiária.

Atualmente, a tecnologia é uma das mais importantes ferramentas utilizadas pelos sistemas bancário e securitário para concessão de créditos e avaliação de seguro rural, incluindo o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro).

*Informações com bases no site do Mapa (http://www.agricultura.gov.br/assuntos/riscos-seguro/risco-agropecuario/zoneamento-agricola).

Fonte: Viviane Zanella (14400 DRT/RS) – Embrapa Uva e Vinho

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