Viticultura já está presente em 27 das 35 microrregiões gaúchas. Destaque é para a Campanha, que saltou de 95 hectares para 564 em 20 anos. Na foto, vinhedos da Dunamis em Dom Pedrito. FOTO/JEFERSON SOLDI/DIVULGAÇÃO
Viticultura já está presente em 27 das 35 microrregiões gaúchas. Destaque é para a Campanha, que saltou de 95 hectares para 564 em 20 anos. Na foto, vinhedos da Dunamis em Dom Pedrito. FOTO/JEFERSON SOLDI/DIVULGAÇÃO

Viticultura já está presente em 27 das 35 microrregiões gaúchas e ocupa uma área de aproximadamente 40 mil hectares de vinhedos. Serra Gaúcha está reduzindo sua supremacia

A área plantada de uvas no Rio Grande do Sul quase dobrou de tamanho em um período de 20 anos. Foi o que mostrou a mais recente edição do Cadastro Vitícola do Rio Grande do Sul 2013-2015. A viticultura já está presente em 27 das 35 microrregiões gaúchas e ocupa uma área de aproximadamente 40 mil hectares de vinhedos, de acordo com dados registrados em 2015, quase o dobro em comparação aos pouco mais de 21,5 mil hectares que eram plantados em 1995, quando a cultura estava presente em apenas 11 microrregiões gaúchas.

A mais tradicional região produtora de uvas e vinhos do Brasil, a Serra Gaúcha, está reduzindo sua supremacia na produção de uvas em função da expansão da cultura em outras regiões. A Microrregião (MR) Caxias do Sul, que contempla 19 municípios na Serra Gaúcha, era detentora de 90,08% da área vitícola do estado entre os anos de 1996 e 2000. De acordo com os dados do novo Cadastro Vitícola, a região ainda permanece em primeiro lugar, mas sua área plantada corresponde a 80,09% da produção do Estado.

Apresentado no mês de abril, a nova edição do Cadastro Vitícola, base de dados sobre a produção de uvas no Rio Grande do Sul, também indica que a viticultura está aumentando em regiões mais planas, nas quais é possível a mecanização do cultivo. “A viticultura da Serra Gaúcha é essencialmente baseada na agricultura familiar, com uma média de área das propriedades de 2,81 ha. Agora, com o avanço do plantio na Campanha Gaúcha, por exemplo, as propriedades possuem maior área de produção, variando de 95 ha até 564 ha”, destaca a pesquisadora da Embrapa Uva e Vinho, Loiva Maria Ribeiro de Mello, que coordena o Cadastro Vitícola. Outro ponto interessante é que nessa região estão sendo cultivadas uvas para elaboração de vinhos finos, com maior valor agregado, e que os produtores já estão se organizando para buscar a certificação de seus vinhos com a Indicação de Procedência Campanha Gaúcha.

Único estado que possui esse tipo de cadastro, o Rio Grande do Sul responde pelo cultivo de 138 variedades de uva, entre Vitis vinifera, destinadas para a produção de vinhos finos, e uvas americanas e híbridas, destinadas à produção de vinho de mesa e sucos. Destas, 30 são responsáveis por 95% da área total de cultivo e duas delas, ‘Isabel’ e ‘Bordô’, representam 49,19% da área do estado.
Se for considerada a renovação ou a expansão de áreas, obtidas de plantas jovens, com até três anos de idade, a grande aposta dos produtores continua sendo as uvas para suco e para a elaboração de espumante, produtos que são reconhecidos por sua qualidade e conquistaram espaço no mercado consumidor.

Entre as cultivares para suco, destaque para o grande avanço das cultivares ‘Bordô’ e ‘BRS Violeta’, esta desenvolvida por pesquisas da Embrapa. “Elas são uvas bastante produtivas e possuem uma cor violácea intensa, que conferem ao suco essa tonalidade, bastante apreciada pelos consumidores”, avalia Loiva.
Lançada em 2006, a ‘BRS Violeta’ saltou de uma área de nove hectares, em 2007, para 240 ha, em 2015. “Além da elevada capacidade corante, a cultivar possui altos índices de açúcar e de compostos relacionados à saúde, características que fazem toda a diferença para qualificar o suco”, avalia Patrícia Ritschel, uma das coordenadoras do Programa de Melhoramento Genético Uvas do Brasil, conduzido pela Embrapa Uva e Vinho, que desenvolveu a uva. Ela reforça que a ‘BRS Violeta’ é recomendada para cortes de sucos de outras variedades, melhorando a cor e a estrutura do produto final.

Outras cultivares desenvolvidas pela Embrapa para elaboração de suco, como a ‘BRS Carmem’, ‘BRS Cora’, ‘BRS Magna’ e ‘BRS Rúbea’ também apresentaram aumento nas suas áreas. “Elas estão sendo utilizadas para qualificar e agregar características diferenciadas aos sucos elaborados com outras cultivares, como a Isabel, por exemplo”, complementa.

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