A 7ª edição do Vitis Aurora – Feira de Negócios, Inovação e Sustentabilidade foi oficialmente aberta nesta terça-feira (13), em Pinto Bandeira (RS), com forte presença de produtores, técnicos, empresas e estudantes ligados à cadeia da uva e do vinho. Promovido pela Cooperativa Vinícola Aurora, o evento segue até quinta-feira (15) com uma programação focada em apresentar soluções práticas para os desafios da viticultura.

Mais do que expositores e máquinas, o Vitis Aurora é hoje um ambiente de troca de conhecimento técnico e estratégias para a produção sustentável.

O presidente da Cooperativa, Renê Tonello, lembrou que a feira começou como uma iniciativa interna, voltada apenas aos cooperados, e hoje se consolida como um espaço aberto à comunidade rural.

“Somos uma cooperativa. E um dos princípios do cooperativismo é abrir as portas. O ser humano aprende com a natureza. E mesmo depois de um ano tão difícil, voltamos mais preparados e determinados a seguir produzindo”, disse.

Durante a cerimônia de abertura, o gerente agrícola da cooperativa, Maurício Bonafé, reforçou que o principal objetivo do Vitis Aurora é fornecer informação útil e aplicável à realidade dos produtores. “A inovação só faz sentido se puder ser usada no campo. Não adianta mostrar uma máquina de alta tecnologia se o vinhedo não está preparado para recebê-la. Por isso, a feira também ensina como adaptar a propriedade à nova realidade”, reforçou.

Um exemplo é a colheita mecânica, que já está disponível no mercado há mais de uma década, mas ainda enfrenta resistência por parte de produtores que mantêm sistemas antigos de condução dos vinhedos. A Aurora busca, com demonstrações práticas, quebrar esse ciclo e mostrar que a modernização aumenta a rentabilidade, reduz custos e melhora a eficiência.

Drones de pulverização

Entre as tecnologias em destaque no Vitis Aurora está o uso de drones para pulverização de defensivos agrícolas. Segundo o engenheiro agrônomo Jovani Milesi, a cooperativa acompanha o desenvolvimento desses equipamentos há seis anos e já utiliza seis drones operacionais em áreas dos cooperados.

A pulverização aérea é especialmente útil em períodos de alta umidade, quando os tratores não conseguem entrar nos vinhedos. Em 2023, por exemplo, produtores que usaram drones evitaram perdas causadas pelas chuvas intensas.

Principais vantagens dos drones:

• Agilidade nas aplicações mesmo com janelas climáticas curtas
• Redução da exposição do produtor a produtos químicos
• Menor demanda por mão de obra, que está escassa na região
• Custo acessível e linhas de crédito comparáveis ao de um trator

No entanto, Milesi alerta que o drone não substitui completamente os pulverizadores terrestres, sendo mais eficaz em fases específicas da videira, com complementaridade ideal entre solo e ar.

Outro impacto direto do uso de drones é o retorno dos jovens ao campo. Muitos operadores recém-habilitados são filhos de produtores que encontraram na tecnologia uma motivação para permanecer ou voltar à atividade rural.

“A tecnologia reaproxima o jovem do campo. Ele quer usar aplicativos, operar máquinas modernas, entender dados. É um novo perfil de produtor que está surgindo”, avaliou.

Estações climáticas

Outro destaque da feira é o sistema de monitoramento climático em tempo real apresentado pela Metos Brasil, que utiliza sensores de temperatura, umidade, chuva e risco de geada para oferecer aos produtores informações precisas e localizadas sobre as condições de suas propriedades.

Segundo a desenvolvedora e pesquisadora Juliete Frighetto, a tecnologia é essencial para controlar doenças como o míldio, comum em regiões úmidas da Serra Gaúcha. “Com os dados das estações, o produtor sabe exatamente quando pulverizar, sem desperdício de insumo. Sai do achismo e toma decisões baseadas na realidade da sua área”, explicou.

A tecnologia utiliza algoritmos que cruzam dados das estações instaladas na propriedade com mapas de calor. O produtor recebe alertas com áreas classificadas em verde (seguro), amarelo (atenção) ou vermelho (ação necessária), garantindo manejo mais eficiente e econômico.

Benefícios adicionais:

• Monitoramento de horas de frio para decidir sobre quebra de dormência;
• Armazenamento de histórico climático para planejamento de safras;
• Previsões meteorológicas corrigidas com base nos dados reais do solo;
• Aluguel ou aquisição das estações com modelos acessíveis aos pequenos produtores.

“Hoje, o produtor tem no máximo um alerta de celular. Mas ele precisa de dados locais, da sua realidade. Isso é o que muda o jogo”, resume Juliete.

A longo prazo, a adoção dessas ferramentas permitirá que os produtores escolham melhor as cultivares, planejem sistemas de irrigação e adotem estratégias preventivas diante de eventos extremos.