
O espumante elaborado em Garibaldi (RS) poderá ser reconhecido oficialmente como patrimônio histórico e cultural. A proposta, liderada pela Associação de Produtores de Espumantes de Garibaldi (APEG), marca um novo capítulo na trajetória da bebida que se tornou símbolo da cidade e do desenvolvimento da vitivinicultura nacional.
A articulação junto ao poder público foi iniciada com uma reunião no gabinete do prefeito Sérgio Chesini. O projeto conta com apoio da administração municipal e já recebeu o compromisso do deputado estadual Guilherme Pasin. A mobilização tem como objetivo formalizar o reconhecimento de um produto que, mais do que valor comercial, representa um saber coletivo construído ao longo de gerações.
“O espumante está presente nas festas, nas memórias, no trabalho de gerações e no orgulho de uma comunidade, até na arquitetura. Por isso, dar a ele esse reconhecimento é uma forma de preservar e valorizar um patrimônio que vai além da taça”, afirmou o presidente da APEG, enólogo Ricardo Morari. Segundo ele, o primeiro passo é o reconhecimento em Garibaldi, mas a intenção é expandir a valorização do espumante como expressão cultural brasileira.
A cidade carrega um histórico consistente que fundamenta o pleito. Em 1913, foi elaborado na Vinícola Peterlongo o primeiro espumante brasileiro pelo método tradicional, consolidando Garibaldi como berço da bebida no país. Nas décadas seguintes, a cidade foi palco de outros marcos: o primeiro espumante pelo método Charmat, pela Georges Aubert; o lançamento do primeiro moscatel pela Martini & Rossi; e a chegada da Chandon, em 1973, seguida da Maison Forestier em 1977. Essas iniciativas colocaram Garibaldi no centro da evolução técnica e comercial do espumante no Brasil.
A proposta de reconhecimento busca destacar o valor imaterial do espumante como expressão identitária e cultural. Para a APEG, mais importante do que o produto em si é o conhecimento coletivo envolvido em sua produção — desde o cultivo das uvas até as diferentes técnicas de elaboração. Trata-se de um legado que moldou paisagens, práticas agrícolas e rotinas produtivas, além de influenciar a economia local.
Fundada por dez vinícolas do município, a APEG tem como missão fortalecer a imagem do espumante de Garibaldi e garantir sua valorização no mercado nacional e internacional. A entidade pretende liderar novas ações de proteção, promoção e posicionamento do espumante como ativo cultural e estratégico para a vitivinicultura brasileira.
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