O 14º Concurso do Espumante Brasileiro consolidou-se como a maior edição já realizada desde sua criação pela Associação Brasileira de Enologia (ABE). Foram 520 amostras inscritas por 102 vinícolas de Goiás, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, avaliadas por um júri de 54 especialistas nacionais e internacionais. No total, 160 espumantes foram premiados — 15 com Medalha Grande Ouro (nota acima de 94 pontos) e 145 com Medalha de Ouro (90 a 93 pontos), dentro do limite de 30% estabelecido pelas normas da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV).
A edição de 2025 revelou uma mudança significativa no perfil das amostras inscritas. Cresceu a presença de espumantes Brut elaborados pelo método tradicional, especialmente entre pequenos produtores que buscam agregar valor e imprimir identidade própria aos rótulos. Esse formato de produção, com a fermentação realizada na própria garrafa, permite maior controle artesanal e expressão de terroir, sem a necessidade de investimentos pesados em tecnologia como exige o moscatel.
Esse movimento se refletiu no resultado: 124 dos premiados foram espumantes Brut e apenas 36 Moscatel, confirmando a tendência de valorização dos estilos mais secos (Nature, Extra Brut e Brut). Além disso, os espumantes brancos continuam predominando frente aos rosés.
Mesmo com o limite internacional de apenas 30% de amostras premiadas, 388 espumantes atingiram notas que os qualificariam a medalhas, sendo 120 dignos de Ouro e 168 de Prata. Isso reforça que a qualidade média da produção nacional está em patamar elevado, tornando a disputa cada vez mais acirrada.
Entre as 520 amostras inscritas, 407 (78%) eram de segunda fermentação (Charmat e Tradicional) e 113 (22%) de única fermentação (Moscatel). O método tradicional respondeu por 55% das amostras de segunda fermentação, confirmando sua ascensão entre os produtores.
A edição também evidenciou a diversidade de castas utilizadas: cerca de 20 variedades, entre elas Chardonnay, Pinot Noir, Riesling Itálico, Chenin Blanc, Moscateis, Gamay, Grenache, Sauvignon Blanc, Trebbiano, Vermentino e Viognier. Esse leque amplia os estilos e mostra a ousadia dos enólogos brasileiros em propor novas experiências ao consumidor, indo além das variedades mais tradicionais.
Julgamento técnico e credibilidade
A avaliação das amostras ocorreu ao longo de dois dias, em degustações às cegas conduzidas por sete júris simultâneos, assegurando isenção e rigor técnico. O resultado foi anunciado no jantar de premiação realizado no Boulevard Convention Vale dos Vinhedos, em Garibaldi (RS), reunindo vinícolas, autoridades e representantes do setor.
Para o presidente da ABE, enólogo Mário Lucas Ieggli, o concurso é mais que uma premiação. “É uma vitrine que mostra ao Brasil e ao mundo a evolução da qualidade e a diversidade dos nossos espumantes, fruto de muito trabalho, pesquisa e dedicação. A cada edição percebemos não apenas o crescimento no número de amostras, mas também a mudança de perfil e a ousadia dos produtores em apresentar rótulos que traduzem a identidade de seus terroirs e apontam novas tendências para o setor”, afirmou.
Além das medalhas, a ABE concedeu o Prêmio Destaque Sabre de Ouro, que reconhece seis espumantes em diferentes categorias (Charmat, Tradicional, Rosé, Moscatel e Nature). A escolha foi feita entre os Medalha de Ouro com melhores médias, a partir de uma degustação de preferência do júri. O prêmio simboliza a excelência e reforça o compromisso do concurso em estimular a inovação e valorizar a produção nacional.
Números da edição 2025
- 520 amostras inscritas
- 102 vinícolas participantes
- 160 premiados (30,7%)
- 15 Grande Ouro e 145 Ouro
- 388 rótulos fora do limite, mas com pontuação de medalha
- 78% de espumantes de segunda fermentação (Charmat e Tradicional)
- 22% de espumantes Moscatel
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