Chuvas e frio atípico exigem atenção dos viticultores gaúchos e podem afetar a safra 2025/2026

Relatórios da Emater/RS-Ascar e Seapi indicam bom potencial produtivo, mas alertam para riscos de doenças fúngicas e impactos do clima instável nos parreirais

 

Os mais recentes relatórios da Emater/RS-Ascar e da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) apontam que o clima instável e as baixas temperaturas fora de época estão exigindo atenção redobrada dos produtores de uva no Rio Grande do Sul. Embora o vigor vegetativo das videiras seja considerado satisfatório, o frio prolongado e as chuvas recorrentes podem influenciar o desenvolvimento dos cachos e aumentar a pressão de doenças como míldio, oídio e antracnose.

Na região de Caxias do Sul, as videiras apresentam brotação uniforme e boa sanidade, especialmente na variedade Isabel. No entanto, alguns viticultores relatam paralisação no desenvolvimento dos cachos da uva Bordô devido ao frio atípico para o período, segundo Informativo Conjuntural. Os técnicos da Emater reforçam a importância de tratamentos fitossanitários preventivos e do manejo de copa e desfolha para manter a circulação de ar entre os ramos.

Em Frederico Westphalen, os vinhedos apresentam fases de crescimento distintas, variando entre florescimento e compactação de cachos, conforme a cultivar. Produtores seguem com o monitoramento rigoroso de doenças fúngicas, aliado à adubação e tutoramento das plantas. Já em Santa Rosa, foi identificada a presença de antracnose em áreas com excesso de umidade e vento, especialmente em variedades precoces que já atingem cerca de 0,5 cm de diâmetro de baga.

De acordo com o Boletim Integrado Agrometeorológico 42/2025, o tempo instável deve permanecer até o final de semana, com chuvas moderadas a fortes nas regiões Oeste e Central. A previsão indica retorno da estabilidade a partir de domingo (19), com queda nas temperaturas. O documento destaca que o cenário ainda é favorável ao desenvolvimento dos cachos, desde que os viticultores mantenham o controle fitossanitário preventivo e manejo técnico constante.

Para os especialistas, o frio prolongado e a alta umidade representam desafios adicionais para floração e frutificação, tornando essencial o planejamento e o acompanhamento técnico nas próximas semanas, a fim de preservar o potencial produtivo e a qualidade da safra 2025/2026.

Percepção dos produtores

Para o produtor Ricardo Pagno, presidente do Sindicato dos Trabalhadores (STR) de Flores da Cunha e Nova Pádua, o clima, por ora, inspira otimismo. “Esse frio pode acabar atrasando um pouco o desenvolvimento, mas não se vê com preocupação o clima, por enquanto. Estamos torcendo para que dê uma boa chuva neste final de semana e na próxima há previsão de sol, então a videira entra em florescimento”, avaliou.

O engenheiro agrônomo Paulo Tesser, da Cooperativa Vinícola São João, também reforça a importância do equilíbrio climático para a sanidade das plantas. “O inverno proporcionou uma brotação boa e, na primavera, temos manhãs frias e isto é excelente porque as plantas adoecem menos”, reforçou.

Mesmo diante de um inverno prolongado e irregular, o consenso entre técnicos e produtores é de que a safra 2025/2026 segue promissora, desde que o manejo siga atento às condições climáticas e fitossanitárias.

 

Quem acompanha o Portal A Vindima por e-mail terá acesso antecipado a artigos exclusivos sobre os temas mais relevantes da vitivinicultura brasileira! Cadastre-se no campo ‘Receba as notícias por e-mail e fique atualizado’ no final desta página!

Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Relatório entregue à Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa propõe rastreabilidade, fiscalização digital e políticas de convivência entre sistemas produtivos...
Relatório aponta o enoturismo como força motriz do desenvolvimento rural, da inovação e da sustentabilidade na vitivinicultura mundial...