AVIVA impulsiona a vitivinicultura fluminense e trabalha para consolidar certificação de origem

Associação reúne 29 empreendimentos da Serra do Rio de Janeiro, adota práticas de dupla poda e fortalece o enoturismo com apoio técnico e institucional
Lançamento do roteiro de experiência das vinícolas em Areal, apoiado pela AVIVA

A Associação dos Viticultores da Serra Fluminense (AVIVA) vem se consolidando como o principal elo de articulação do setor vitivinícola fluminense. Criada a partir de um encontro de produtores em dezembro de 2022 e formalizada no ano seguinte, a entidade reúne atualmente 29 associados distribuídos entre Areal, Paraíba do Sul, Três Rios, Paty do Alferes, Petrópolis, São José do Vale do Rio Preto, Teresópolis, Nova Friburgo e Itaguaí, integrando propriedades que vão desde pequenos produtores familiares até empreendimentos voltados ao enoturismo.

A proposta nasceu da necessidade de troca de experiências e cooperação técnica entre os produtores, em uma região onde o clima, o relevo e o solo diferem significativamente das tradicionais áreas de viticultura do Sul e Sudeste do país.

“A AVIVA surgiu para unir produtores num contexto completamente diferente do Sul e Sudeste tradicionais. Aqui o clima, o terroir e o aprendizado são outros — ninguém guarda segredo: quando alguém evolui, todos evoluem”, explica Luciana Caserta, diretora da associação.

A maioria dos empreendimentos associados utiliza a técnica da dupla poda, que inverte o ciclo da videira e concentra a colheita no inverno, entre julho e agosto. O método, amplamente adotado no Sudeste, permite obter uvas de melhor sanidade e maturação, reduzindo o impacto das chuvas e da umidade típicas da região.

As altitudes na Serra fluminense variam entre 600 e 1.300 metros, criando microclimas favoráveis à produção de diferentes castas. As uvas Syrah (tinta) e Sauvignon Blanc (branca) são as que mais se adaptaram às condições locais, embora outras variedades — como Cabernet Franc, Merlot, Marselan, Viognier e Chardonnay — também apresentem bons resultados.

“A amplitude térmica da serra — dias quentes e noites frias — tem sido decisiva para acumular açúcares e compostos essenciais à qualidade das uvas. O aprendizado é contínuo e compartilhado entre os produtores”, destaca Caserta.

Identidade do vinho do Rio

Um dos principais projetos em andamento é o desenvolvimento de uma marca coletiva para certificar vinhos produzidos exclusivamente com uvas cultivadas na Serra do Rio de Janeiro. O trabalho, realizado em parceria com o Sebrae, visa valorizar o terroir fluminense, garantir rastreabilidade e fortalecer o reconhecimento da origem no mercado nacional.

A certificação não contemplará rótulos elaborados com uvas de outras regiões, assegurando transparência e proteção ao consumidor.

Enoturismo

O enoturismo tornou-se o principal motor da vitivinicultura fluminense. A maior parte das vinícolas associadas à AVIVA comercializa seus vinhos diretamente nas propriedades, em roteiros de visitação e degustação que unem gastronomia, hospedagem e experiências ao ar livre.

Com o apoio da AVIVA e do Sebrae, em maio de 2025, os associados de Areal e região lançaram um roteiro oficial de enoturismo, que integra propriedades de diferentes perfis e amplia a visibilidade dos vinhos produzidos na Serra do Rio.

“O enoturismo movimenta a cadeia local, gera empregos e aproxima o consumidor da nossa realidade produtiva. Ele é o grande responsável por dar rosto e sabor ao vinho do Rio de Janeiro”, afirma Caserta.

Tecnologia e sustentabilidade

A AVIVA também tem estimulado o uso de tecnologias e práticas sustentáveis nos vinhedos. Algumas propriedades iniciaram testes com agricultura de precisão, em parceria com instituições de pesquisa como a Coppe/UFRJ, utilizando sensores e drones para identificar doenças e otimizar o uso de defensivos.

O manejo sustentável inclui o uso de defensivos biológicos e coberturas de solo com leguminosas, práticas que ajudam a preservar a biodiversidade e reduzir a necessidade de herbicidas.

Desafios e formação profissional

Entre os principais desafios do setor estão o alto custo de produção — já que a dupla poda exige dois ciclos de manejo para uma colheita — e a escassez de mão de obra especializada.

Para superar essas limitações, a associação tem buscado parcerias com Emater, Embrapa, Epamig e Sebrae para promover cursos e capacitações voltadas à viticultura e ao enoturismo.

Um dos projetos mais promissores é a Universidade do Vinho de Maricá, iniciativa da Prefeitura de Maricá em parceria com a Univassouras e especialistas do setor, que prevê formações em enologia, sommellerie, agronomia e produção agroecológica.

Reconhecimento crescente

Apesar de jovem, a vitivinicultura fluminense já colhe resultados expressivos. Vinícolas associadas à AVIVA, como Família Eloy, Tassinari, Altos do Rio e Casa Rozental, já conquistaram premiações nacionais e internacionais, o que reforça a qualidade dos vinhos produzidos na Serra do Rio.

“Nosso desafio é desconstruir a ideia de que o Rio é apenas praia e samba. A Serra fluminense produz vinhos de excelência, com identidade própria e qualidade reconhecida”, conclui Caserta.

 

Luciana Caserta (diretora) e Ideraldo Machado (presidente)

 

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