A Vinícola Salton, uma das referências da vitivinicultura brasileira, implantou um sistema de irrigação por gotejamento em seus vinhedos de Santana do Livramento (RS). A iniciativa busca reduzir os impactos das mudanças climáticas, assegurar a qualidade das uvas e fortalecer a sustentabilidade da produção.

Segundo Junior Marques, administrador da unidade, a decisão foi motivada pela crescente instabilidade climática na região da Campanha, marcada por baixos volumes de chuva na primavera e no verão. “O projeto viabiliza uma viticultura sustentável e rentável, trazendo produtividade aliada à qualidade e amenizando o fator climático”, explica.

O sistema adotado foi o de gotejamento, amplamente utilizado na fruticultura. A escolha considerou a precisão da rega e a eficiência hídrica, sem alterar o microclima do vinhedo — fator essencial para evitar doenças.

De acordo com Marques, o impacto da tecnologia já pode ser percebido no desenvolvimento uniforme dos vinhedos e na elevação dos índices de maturação, fatores que refletem em maior concentração de açúcares e polifenóis nas uvas. “Conseguimos estender o ciclo de maturação em até duas semanas, garantindo maior volume e qualidade”, ressalta.

A irrigação também está associada a práticas de fertirrigação, permitindo a aplicação de compostos químicos, orgânicos e biológicos diretamente no solo. Esse manejo otimiza a nutrição das plantas, melhora a estrutura dos solos e reduz desperdícios, contribuindo para a preservação ambiental.

A água utilizada é proveniente de barragens próprias, legalizadas e abastecidas durante o inverno, quando as videiras estão dormentes. O consumo é monitorado por sensores de umidade em diferentes profundidades, com dados acessados em tempo real, o que garante eficiência e controle preciso.

Sustentabilidade como estratégia

Para a Salton, a gestão hídrica é um tema estratégico tanto nas atividades industriais quanto no campo. “A irrigação bem manejada é essencial para manter a propriedade rentável em um cenário de mudanças climáticas. É uma ferramenta que alia sustentabilidade, produtividade e respeito ao meio ambiente”, reforça Junior Marques.

Atualmente, o volume médio aplicado é de 90 mil litros por hectare por semana, variável conforme o clima. Apesar do investimento inicial e da necessidade de manutenção contínua, a vinícola considera o sistema um passo decisivo para a consolidação da viticultura de precisão no Brasil.

DG Aggro e a engenharia hídrica aplicada ao projeto da Salton

A implantação do sistema de irrigação dos vinhedos da Salton em Santana do Livramento foi conduzida pela DG Aggro, que estruturou o projeto a partir de análises de solo, demanda hídrica regional e índices de evapotranspiração.

Segundo o gestor Deonir Ortigara, o objetivo central foi garantir irrigação de precisão, aliando eficiência no uso da água, sustentabilidade e autonomia operacional para o produtor.

“Entregamos ferramentas que permitem decidir quando irrigar e quanto irrigar, sempre antes de a videira entrar em estresse hídrico. Esse é o ponto-chave do sucesso no manejo da água”, afirma Ortigara.

A solução inclui automação, operação otimizada em horários de menor evapotranspiração e monitoramento remoto — reduzindo mão de obra e maximizando o desempenho do sistema.

“Cada região exige um projeto diferente. A Campanha tem demanda hídrica muito superior à Serra Gaúcha, e isso precisa ser considerado desde a engenharia até o pós-venda”, reforça.

A DG Aggro destaca que iniciativas como esta consolidam a vitivinicultura de precisão na Fronteira Oeste, setor cada vez mais dependente de gestão hídrica avançada diante das mudanças climáticas.

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