Avvine impulsiona o crescimento da vitivinicultura na Serra dos Encontros e transforma o sudeste do Brasil em novo polo do vinho nacional

Com 27 associados, mais de R$ 1 bilhão em investimentos privados e 46 medalhas no Decanter World Wine Awards, a Associação dos Viticultores da Serra dos Encontros consolida o potencial do terroir entre São Paulo e Minas Gerais.
Vice-presidente da Avvine, Juliano Lourenço

 

Na divisa entre São Paulo e Minas Gerais, onde os limites geográficos se confundem com a paisagem da Mantiqueira, um novo território do vinho brasileiro ganha destaque: a Serra dos Encontros. É ali que o vigor empreendedor paulista se encontra com a tradição mineira, formando uma identidade única que vem reposicionando o mapa da vitivinicultura nacional.

A Associação dos Viticultores da Serra dos Encontros (Avvine), fundada em 2022, representa essa nova fronteira do vinho brasileiro. Com 27 associados distribuídos entre Espírito Santo do Pinhal (SP), Jacutinga (MG), Albertina (MG) e Santo Antônio do Jardim (SP), a entidade articula produtores, vinícolas e empreendedores locais em torno de um mesmo propósito: construir uma vitivinicultura de alto valor agregado, sustentável e competitiva.

Localizada no planalto noroeste da Serra da Mantiqueira, a Serra dos Encontros combina altitudes entre 800 e 1.350 metros, solos graníticos profundos, alta mineralidade e amplitude térmica ideal para a produção de uvas de excelência. O clima tropical de altitude, com verões frescos e invernos secos, favorece a maturação lenta dos frutos, gerando vinhos equilibrados, aromáticos e com forte expressão de terroir.

Segundo o engenheiro agrônomo e vice-presidente da Avvine, Juliano Lourenço, essa é a região produtora de vinhos de inverno mais nova do país — e também uma das mais promissoras. “Temos elevações muito favoráveis, alta exposição solar, noites frias e solos pedregosos, o que confere aos nossos vinhos uma presença marcante de mineralidade e estrutura”, explica.

A produção atual soma 160 hectares de vinhedos e uma estimativa de 560 mil garrafas para este ano, com predominância das variedades Syrah, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Pinot Noir e Malbec entre os tintos, e Sauvignon Blanc, Viognier e Chardonnay entre os brancos.

Em apenas três anos, a Avvine já acumula resultados expressivos. Em 2025, a Serra dos Encontros foi reconhecida como a região mais premiada do Brasil no Decanter World Wine Awards, conquistando 46 medalhas e confirmando o potencial dos vinhos de altitude do Sudeste brasileiro.

“Esses resultados mostram que estamos no caminho certo e que nossos vinhos já competem com grandes nomes da viticultura mundial, mesmo com menos de duas décadas de implantação”, destaca Lourenço.

Economia, turismo e geração de oportunidades

A região vive uma verdadeira transformação econômica. Os investimentos privados já superam R$ 1 bilhão, impulsionando o desenvolvimento de novas vinícolas, restaurantes, hospedagens e experiências enoturísticas. Segundo a Avvine, cada hectare de videira gera um emprego direto, já que 90% das operações são manuais e de alta especialização.

Atualmente, a Serra dos Encontros movimenta mais de 250 empregos diretos e 400 indiretos, atraindo mais de 10 mil visitantes por mês nas 11 vinícolas abertas ao público. A expectativa da associação é crescer 30% nos próximos anos, consolidando-se como um dos destinos enoturísticos mais dinâmicos do Brasil.

A logística é outro diferencial. “Estamos a menos de duas horas de São Paulo, uma hora do aeroporto de Viracopos e também do interior paulista. Isso facilita tanto o turismo quanto o acesso a insumos e mercados consumidores”, ressalta o vice-presidente.

Desafios e metas para o futuro

Apesar dos avanços, a Avvine enfrenta desafios estruturais típicos de regiões em expansão: falta de pavimentação e sinalização nas rotas internas, baixa conectividade rural e ausência de incentivos governamentais.

“Temos uma cadeia complexa que envolve produtores de vinho, café, azeite, queijo e cachaça. Mas ainda faltam políticas públicas que incentivem o crescimento sustentável do setor”, observa Lourenço.

Mesmo assim, o espírito coletivo dos produtores e a união entre os estados garantem o ritmo do progresso. Com base em tecnologia, sustentabilidade e inovação, os associados da Avvine vêm investindo em manejo orgânico, compostagem, otimização do uso de defensivos e testes contínuos de vinificação e maturação.

“A gente está fazendo isso com amor e coragem, porque acredita que o Brasil tem todas as condições de produzir vinhos de excelência reconhecidos no mundo inteiro”, resume Juliano Lourenço.

 

Foto: Divulgação

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