Na Expointer 2025, o Conselho de Desenvolvimento da Vitivinicultura do RS (Consevitis-RS) promoveu nesta quinta-feira (4) o painel “Diferenciais do suco de uva brasileiro”, que reuniu especialistas para discutir avanços científicos, padrões internacionais e estratégias de mercado. O encontro também marcou o lançamento da nova campanha de incentivo ao consumo de suco de uva no país, voltada especialmente ao público jovem.
Participaram da mesa Henrique Pessoa, chefe-adjunto de Pesquisa da Embrapa Uva e Vinho, e Fernanda Spinelli, delegada científica do Brasil na Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV).
Henrique Pessoa destacou que a transformação do suco brasileiro começou com o Programa de Melhoramento “Uvas do Brasil”, desenvolvido pela Embrapa. O trabalho resultou no lançamento de 24 cultivares, entre elas BRS Rúbea, Concord Clone 30, Isabel Precoce, BRS Cora, BRS Carmem, BRS Violeta e BRS Magna.
Segundo Pessoa, essas cultivares foram criadas com foco em adaptabilidade, maior produtividade e qualidade agronômica, ampliando áreas de cultivo e garantindo longevidade aos vinhedos. O pesquisador ressaltou ainda o avanço em resistência a doenças, a possibilidade de colheita mecanizada com até 98% de eficiência e a abertura para novos produtos, como sucos brancos e blends exclusivos. “O mérito está em produzir uvas que permitem ao Brasil oferecer um suco de qualidade superior, funcional e competitivo, alinhado às demandas do consumidor moderno”, afirmou.
Entre os diferenciais tecnológicos, foi apresentado o processo de crioconcentração, que preserva melhor compostos bioativos sensíveis ao calor, como as antocianinas, em comparação à concentração por evaporação. O método, ajustado pela Embrapa, também gera coprodutos como a chamada “água da uva”, que conserva propriedades aromáticas e fenólicas.
Fernanda Spinelli destacou a relevância do reconhecimento do suco de uva brasileiro pela OIV, processo que levou quase sete anos e envolveu intensos debates técnicos. Com base na análise de mais de 1.600 amostras de safras nacionais, o Brasil conseguiu demonstrar que o padrão de 14 °Brix é característico da produção nacional, evitando que grande parte do suco brasileiro fosse considerado fora de especificação no mercado internacional.
“Foi uma conquista técnica e científica que garante ao Brasil visibilidade e legitimidade no cenário global. Hoje o suco de uva brasileiro é oficialmente reconhecido pela OIV como referência, o que abre portas para novos mercados e fortalece nossa imagem internacional”, destacou Spinelli.
Ela também ressaltou os benefícios do produto para a saúde, lembrando que o suco 100% uva reúne compostos antioxidantes, minerais e vitaminas, sendo um alimento funcional acessível a todas as faixas etárias.
Campanha para aproximar o consumidor

Na ocasião, o Consevitis-RS lançou uma nova campanha nacional, apresentada por Cristiane Carniel, com foco na Geração Z. O objetivo é aproximar o suco de uva de um público jovem que busca alternativas saudáveis às bebidas alcoólicas. A estratégia aposta em música e humor como elementos de comunicação, com personagens criados para interagir em diferentes plataformas.
Para o presidente do Consevitis-RS, Luciano Rebellatto, a iniciativa é mais um passo para consolidar o espaço do suco de uva no mercado. “Precisamos mostrar como esse produto é resultado do esforço da pesquisa, dos produtores e de toda a cadeia vitivinícola, e, ao mesmo tempo, aproximá-lo do consumidor final de forma clara e envolvente”, afirmou.
O painel também contou com a presença de Ricardo Felicetti, diretor do Departamento de Defesa Vegetal da Secretaria da Agricultura, que ressaltou o papel do setor em manter a qualidade e fortalecer a competitividade.
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