O Global Wine Tourism Report 2025, conduzido pela Hochschule Geisenheim University em parceria com a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), a UN Tourism, a Great Wine Capitals Global Network e a WineTourism.com, oferece o panorama mais abrangente já produzido sobre o enoturismo mundial. O levantamento ouviu 1.310 vinícolas em 47 países, com participação predominante da Europa e do Cáucaso (70%) e 30% provenientes de outras regiões do mundo. Os países com maior representação foram Itália (17%), Alemanha (16,9%), França (11,5%) e Espanha (9,2%), seguidos por Áustria, Portugal, Suíça, Hungria e Grécia.
Fora do continente europeu, os destaques foram Estados Unidos (2,9%), Argentina (2,7%), Austrália (2,4%) e África do Sul (1,9%), além de participações de Chile, Brasil, Canadá, México, Líbano e Nova Zelândia. Essa diversidade de origens assegura uma visão ampla e comparativa das práticas, desafios e inovações do enoturismo global, reforçando o caráter representativo e estratégico do estudo.
Segundo o relatório, 88% das vinícolas já oferecem atividades de enoturismo, com destaque para degustações (79%), visitas às caves (68%) e passeios pelos vinhedos (61%) — experiências que continuam sendo o núcleo da interação entre produtores e visitantes.
Rentabilidade e impacto econômico regional
O estudo aponta que dois em cada três produtores consideram o enoturismo lucrativo ou altamente lucrativo, com o segmento representando cerca de 25% da receita total das vinícolas. Nas empresas fora da Europa, essa participação chega a 32%, evidenciando o potencial econômico global do setor.
Além do retorno financeiro, 60% dos entrevistados reconhecem o enoturismo como um instrumento de resiliência em períodos de crise, graças à sua capacidade de atrair fluxos turísticos, dinamizar economias locais e gerar empregos qualificados.
Perfil do visitante e novas tendências de consumo
O público predominante ainda é formado por turistas entre 45 e 65 anos (82%), embora a faixa dos 25 a 44 anos apresente crescimento expressivo (59%), refletindo o interesse crescente de jovens viajantes por experiências gastronômicas e sustentáveis. A educação sobre o vinho é o principal motivador de visita (54%), seguida por sustentabilidade (43%) e gastronomia (42%), que passam a ser diferenciais estratégicos na atração de novos perfis de consumidores.
Desafios e oportunidades
Entre os principais desafios apontados pelas vinícolas, destacam-se a pressão econômica e a queda no consumo de vinho (51%), além de limitações de mobilidade e carência de mão de obra qualificada (26%). Ainda assim, 73% das vinícolas acreditam que o enoturismo continuará crescendo nos próximos anos, impulsionado pela busca por experiências autênticas, conexão com a natureza e turismo de base local.
O relatório mostra que a inovação é considerada essencial (nota média 4,1/5), mas o investimento ainda é moderado (3,5/5). Estratégias de storytelling, redes sociais e parcerias com negócios locais lideram as iniciativas mais bem-sucedidas — enquanto ferramentas digitais, como inteligência artificial e degustações virtuais, ainda são pouco exploradas.
Sustentabilidade e inovação
A sustentabilidade é hoje um valor central para 67% das vinícolas, com tendência de crescimento nos próximos cinco anos. Certificações de viticultura orgânica (34%) e sustentável (32%) já figuram entre as mais adotadas globalmente.
No campo da inovação, 65% das vinícolas investem em narrativas autênticas e locais, 59% intensificaram o uso de redes sociais e 56% fortalecem colaborações regionais, reforçando o turismo como ponte entre o vinho, a cultura e o território.
Guia estratégico
O Global Wine Tourism Report 2025 reforça que o enoturismo não é apenas um complemento à vinicultura — mas um motor de desenvolvimento rural, inovação e identidade territorial. Para o Brasil, o relatório oferece uma oportunidade clara: integrar o turismo de experiência à valorização dos vinhos nacionais, ampliando a competitividade e o reconhecimento internacional das regiões produtoras.
“O relatório confere ao setor vinícola uma voz verdadeiramente global. Ele estabelece as bases para uma melhor compreensão das expectativas do consumidor e para o desenvolvimento de estratégias inovadoras”, conclui o professor Gergely Szolnoki, da Universidade Hochschule Geisenheim, líder da pesquisa.
🔗 Leia o relatório completo em inglês aqui.
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