
A qualidade das mudas de videira, tema cada vez mais central para a vitivinicultura brasileira, ganha novo capítulo com o trabalho desenvolvido pela Epagri, em Santa Catarina. Pesquisas conduzidas na Estação Experimental de Lages visam disponibilizar ao setor mudas livres de vírus, assegurando ganhos diretos para viveiristas e produtores de uvas.
Segundo o engenheiro-agrônomo Murilo Dalla Costa, responsável pela pesquisa, a iniciativa parte da constatação de que uma planta infectada por vírus não tem cura. “Não existe um produto capaz de eliminar o vírus de uma planta já contaminada. A única forma é a limpeza clonal, realizada em laboratório”, explica.
O processo envolve a manutenção de plantas matrizes de videiras — além de citros e macieiras — em salas de crescimento com temperatura e luminosidade controladas. Após o cultivo in vitro e os tratamentos específicos, como termoterapia, quimioterapia ou crioterapia, as plantas passam por nova testagem. Quando livres de vírus, podem ser registradas como matrizes e servir de fonte de material propagativo para viveiristas, que, por sua vez, repassam mudas de qualidade superior aos produtores.
O impacto da tecnologia é significativo para o setor. Uma muda livre de vírus, destaca Dalla Costa, garante maior produtividade, frutos de melhor qualidade e ciclos mais longos de produção, além de maturação mais homogênea. “É um investimento que vale a pena. Mesmo que o produtor pague mais caro por uma muda com alto padrão fitossanitário, o retorno é compensador em tempo de produção e qualidade do fruto”, afirma.
Atualmente, a pesquisa contempla cerca de 11 variedades de videira, entre cultivares de domínio público e materiais do programa de melhoramento da própria Epagri, como Bordô, Vermentino, Manzoni e Rebo. A metodologia inclui a indexação molecular por PCR para identificar os vírus presentes, seguida de terapias específicas para a eliminação.
Convergência com outras iniciativas
O trabalho da Epagri soma-se a outras ações relevantes já em andamento no Sul, como a parceria da Apassul com a Embrapa Uva e Vinho, que criou um sistema de selos para garantir a rastreabilidade e a qualidade das mudas de videira. Esse movimento institucional fortalece a base da vitivinicultura brasileira, ao oferecer material vegetal saudável e tecnicamente validado.
“Ao desenvolver matrizes livres de vírus, nossa meta é apoiar diretamente o produtor, que é o beneficiário final desse esforço. Quanto mais forte for o elo da muda, mais competitivo será todo o sistema de produção”, reforça Dalla Costa.

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