
A Miolo Wine Group iniciou um movimento inédito na vitivinicultura latino-americana ao levar o espumante Punto Final Moscatel, elaborado no Vale do São Francisco (Casa Nova/BA), para o exigente mercado argentino. Mais do que uma operação comercial, a entrada da marca no país vizinho reflete uma estratégia estruturada de internacionalização e a aposta na integração produtiva entre Brasil e Argentina, consolidando a presença da empresa como um grupo genuinamente latino-americano.
De acordo com Adriano Miolo, diretor superintendente do grupo, o processo envolveu uma complexa engenharia logística e regulatória.
“Entrar no mercado argentino com um espumante brasileiro foi um grande desafio e, ao mesmo tempo, uma conquista histórica. A Argentina é um país com forte tradição vitivinícola e um consumo interno dominado por produtos locais. Superar essa barreira cultural exigiu um trabalho cuidadoso. Tivemos que adequar o produto às exigências de rotulagem e certificação argentinas, ajustar questões tributárias e operacionais, e garantir que toda a cadeia — da produção no Vale do São Francisco até a distribuição feita pela Bodega Renacer — funcionasse de forma eficiente e segura”, explica o executivo.
A Argentina, tradicional produtora e consumidora de vinhos tranquilos, até pouco tempo não abria espaço para espumantes importados. Romper esse paradigma foi o primeiro passo de uma estratégia que busca posicionar o espumante brasileiro como referência de leveza, frescor e qualidade na América do Sul.
Moscatel: embaixador da identidade brasileira
A escolha do Moscatel do Vale do São Francisco para liderar a entrada da Miolo no mercado argentino não foi casual. O espumante traduz a personalidade tropical do Brasil, unindo intensidade aromática, acidez equilibrada com um estilo acessível e celebrativo.
“Quando pensamos em apresentar um produto brasileiro ao consumidor argentino, queríamos algo que mostrasse nossa identidade e nossa diferença. O Moscatel é justamente o estilo que o Brasil domina com maestria e que tem grande afinidade com o novo perfil do consumidor argentino, que busca vinhos mais leves, doces e festivos”, destaca Adriano Miolo.
O produto chegou à Argentina por meio da Bodega Renacer, localizada em Mendoza, que pertencente ao grupo brasileiro. A estratégia da Miolo combina a experiência de mercado local e estrutura logística argentina com a diversidade e inovação da produção brasileira.
Integração regional e expansão
A operação também reforça a presença da Miolo como empresa integrada ao contexto produtivo da América Latina, com vinhedos e unidades em cinco terroirs — quatro no Brasil e um na Argentina. Essa estrutura tem permitido à empresa explorar sinergias comerciais e técnicas para ampliar o alcance de seus rótulos.
“O sucesso do Punto Final Moscatel na Argentina confirma que existe espaço para o espumante brasileiro na América Latina. Isso abre portas para mercados próximos, como Chile, Uruguai, Paraguai e Peru, que compartilham hábitos de consumo semelhantes e têm curiosidade crescente por produtos diferenciados. Nosso objetivo é consolidar a presença na Argentina e, a partir dessa base sólida, expandir de forma estratégica para outros países do continente”, antecipa o executivo.
Segundo dados do Fondo Vitivinícola Argentino, o consumo de vinhos no país vizinho caiu 25% em 2024, mas o segmento de espumantes doces cresceu significativamente e já representa 27% do total. Essa mudança de comportamento abriu espaço para o Punto Final Moscatel, que já ultrapassou 50 mil garrafas exportadas e tem recebido forte aceitação do público local.
Posicionamento e branding global
Com presença consolidada em mais de 30 países, a Miolo vê na América Latina uma oportunidade estratégica para consolidar sua marca globalmente.
“O espumante Moscatel na Argentina é mais do que um produto: é um símbolo da integração entre os países latino-americanos e da força do vinho brasileiro no cenário internacional. Queremos que o consumidor enxergue a Miolo como uma marca que representa o melhor do nosso continente, unindo tradição, inovação e autenticidade”, resume Adriano Miolo.
O grupo, que produz 2,5 milhões de garrafas de espumantes por ano, já protagonizou em 2025 a maior exportação de espumante brasileiro para a Suécia, com 200 mil garrafas do rótulo Cuvée N°7, elaborado com uvas Chenin Blanc do Vale do São Francisco.
Espumante brasileiro em ascensão
Os resultados da Miolo refletem um cenário mais amplo: o crescimento sustentado do Brasil no mercado mundial de espumantes. Segundo a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), o país ocupa atualmente a 9ª posição entre os maiores produtores globais e é o 8º maior consumidor.
Essa trajetória reforça o potencial competitivo dos espumantes brasileiros, cada vez mais reconhecidos pela qualidade técnica e diversidade de estilos, atributos que o mercado argentino começa agora a descobrir.
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