Ozônio na viticultura: Serra das Galés testa água ozonizada no controle de pragas em Goiás

Em Paraúna (GO), o médico e vitivinicultor Dr. Sebastião Ferro conduz há quase 3 meses ensaios com gerador de ozônio e aplicação por microbolhas; até aqui, ele relata sanidade foliar e vigor sem uso de agroquímicos

 

A Vinícola Serra das Galés, na cidade de Paraúna (GO), iniciou um protocolo de manejo sanitário com água ozonizada na videira. O projeto é conduzido pelo proprietário, Dr. Sebastião Ferro (médico e vitivinicultor), que decidiu testar no vinhedo princípios que conhecia da prática médica após estudar referências e visitar produtores na Espanha que, segundo ele, utilizam ozônio há mais de 20 anos.

“Pode ser uma grande novidade para o agronegócio. Aqui não usamos química; quem aplica não precisa de máscara ou roupão especial, porque o ozônio não deixa resíduos. Nosso objetivo é mudar a relação com o meio ambiente, se a eficácia se confirmar”, afirma Dr. Sebastião.

O sistema instalado no parreiral concentra o oxigênio do ar (de ~21% para cerca de 93%); em seguida, um gerador converte O₂ em O₃ (ozônio). O gás é disperso em microbolhas e dissolvido na água até o limite de saturação; essa água ozonizada é então carregada no pulverizador tracionado para aplicação nas linhas.

Segundo o Dr. Sebastião, o alvo do manejo são fungos (como míldio, oídio, antracnose), bactérias e insetos mastigadores de folha. No período observado, ele relata ausência desses problemas nos talhões tratados, além de bom metabolismo e vigor vegetativo.

“Temos 60–70 dias de uso associado à poda. As plantas estão vigorosas, de verde intenso, e não observamos pragas até agora. O resultado está muito bom, mas não é afirmação definitiva”, pondera.

O viticultor ressalta que o insumo primário é o ar (oxigênio) e a energia elétrica para os equipamentos.

“Eu diria que quase zera o custo de insumos. Fica a mão de obra e a eletricidade. O ozônio se forma do oxigênio e exerce ação fungicida, bactericida e viricida pela sua oxidação”, diz.

O produtor pretende publicar um relatório com fotos, protocolo e observações no primeiro trimestre de 2026, apresentando o comportamento das plantas e os resultados do período de avaliação. Paralelamente, ele informa que testa o método em outras culturas da região (soja, cana e milho).

“Não queremos adiantar conclusões. Se a eficácia se confirmar, queremos compartilhar o processo com o Brasil — e, quem sabe, com o mundo”, conclui Dr. Sebastião Ferro.

Delineamento

  • Área em teste: ~1,4–1,5 ha.
  • Variedades: Malbec, Tempranillo e Cabernet Sauvignon.
  • Manejo regional: dupla poda (Cerrado).
  • Condução no ensaio: uma “poda mista” (para observar brotação, sanidade e vigor) e aplicações desde pré-brotação

 

 

 

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