
O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) emitiu nesta quarta-feira, 5 de novembro, um alerta laranja de tempestade para os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, com validade a partir das 22h desta quinta-feira (6). O aviso prevê chuvas entre 30 e 60 mm/h ou 50 e 100 mm/dia, ventos intensos de 60 a 100 km/h e queda de granizo, com risco de corte de energia elétrica, danos em plantações, destelhamentos, queda de árvores e alagamentos.
O comunicado acendeu o sinal de alerta entre viticultores e vinícolas da Região Sul, ainda impactados pelos estragos causados por uma forte tempestade de granizo em Sarandi (RS) na última segunda-feira (3). A Vinícola Vizini perdeu 100% da produção — cerca de 4 hectares de vinhedos e 100 toneladas de uvas — destruídos durante a floração das videiras, uma das fases mais sensíveis do ciclo produtivo.
As imagens registradas no local mostram a devastação completa das plantas, com ramos e flores danificados, evidenciando o potencial destrutivo do fenômeno e a vulnerabilidade da produção agrícola frente aos eventos climáticos extremos.
Discussões da Política Antigranizo
Os prejuízos registrados em Sarandi reacenderam o debate sobre a implantação de um sistema antigranizo no Rio Grande do Sul, projeto que vem sendo discutido há mais de um ano por entidades do setor e pelo governo estadual.
Uma reunião na Casa Civil, marcada para o dia 12 de novembro, às 10h, no Palácio Piratini, colocará o tema novamente em pauta. A agenda tratará da Política Antigranizo e contará com a presença do secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos, da chefe de gabinete, Cátia Belmonte, do secretário da Agricultura, Edivilson Brum, do secretário adjunto, Márcio Madalena, e do diretor do Departamento de Defesa Vegetal, Ricardo Augusto Felicetti.
Também participarão os deputados estaduais Elton Weber (solicitante da reunião), Carlos Búrigo, Guilherme Pasin e Neri Carteiro, representantes das principais regiões vitivinícolas do estado.
“Neste ano, só rezar”, diz dirigente sindical
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha e Nova Pádua, Ricardo Pagno, a expectativa é que o projeto avance, mas não haverá tempo hábil para implementação em 2025.
“Vai ter essa reunião semana que vem, mas para este ano não tem como isso funcionar. Mesmo que fosse dado o ok agora, não dá mais tempo de instalar. Estamos pensando em uma viabilidade para o ano que vem. Neste ano, é rezar a Deus, queimar oliva, jogar sal grosso. Temos que nos virar por isso”, afirmou Pagno.
Ele lembra que a falta de uma política de proteção deixa milhares de hectares de vinhedos vulneráveis justamente no período de floração e formação dos primeiros cachos, etapa decisiva para o volume e a qualidade da próxima safra.
Riscos aumentam durante a primavera
O granizo é considerado um dos principais inimigos da vitivinicultura durante a primavera, quando o desenvolvimento das videiras está no auge. Um único evento pode aniquilar safras inteiras, reduzir a longevidade dos vinhedos e provocar prejuízos irreversíveis a pequenos e médios produtores.
Enquanto países como França, Itália e Espanha contam com sistemas nacionais de defesa antigranizo, equipados com radares meteorológicos e mecanismos de dispersão de nuvens, o Brasil ainda enfrenta entraves legais, orçamentários e ambientais para implantar o modelo em larga escala.
Com o alerta do INMET em vigor e tempestades previstas para as próximas 48 horas, produtores seguem em estado de atenção, na expectativa de que o tema avance e o sistema antigranizo finalmente saia do papel em 2026.

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