Antracnose da videira: perdas podem chegar a 100%

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Figura 1: Necrose e deformação da folha causada por antracnose.
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Figura 2: Cancros em pecíolo e nos ramos herbáceo causado por antracnose.
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Figura 3: Lesões e atrofia do broto apical causadas por antracnose.
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Figura 4: Lesões em baga causadas por antracnose.

A antracnose é uma doença importante da videira, também conhecida como varola ou “olho-de-passarinho”, que costuma aparecer no início do ciclo vegetativo da planta e estende-se até o início da maturação das bagas. O agente causador dessa doença pode ser tanto o fungo Elsinoe ampelina, quanto Glomerella cingulata. Apresenta-se distribuída em todas as regiões vitícolas brasileiras, especialmente na região Sul do Brasil. Contudo, nem todos os vinhedos estão contaminados com a antracnose e as infecções iniciais ocorrem em reboleiras. Além de causar perda de produção, que podem chegar a 100%, pode afetar toda a parte aérea da planta comprometendo seu desenvolvimento nos anos subsequentes. Outro dano observado é o baixo vigor das plantas que foram atacadas na safra anterior, vindo a comprometer, em parte, a safra seguinte.
O fungo ataca todos os órgãos verdes da planta (folhas, gavinhas, ramos, inflorescências e frutos), sendo os tecidos mais jovens e tenros os mais suscetíveis. Nas folhas, formam-se, inicialmente manchas circulares castanho-escuras e levemente deprimidas (Figura 1) que, posteriormente, necrosam. O tecido morto pode desprender-se da lesão, originando um pequeno furo. No pecíolo e nas nervuras da folha essas lesões são mais alongadas, sendo mais facilmente perceptíveis na face inferior. Asuscetibilidade da folha diminui à medida que se tornam maduras, mas a ponta dos ramos novos ainda pode ser afetada pelo fungo. Nos brotos, ramos e gavinhas, aparecem lesões necróticas (Figura 2) pardo-escuras que vão se alargando, aprofundando-se no centro e transformando-se em cancros, de coloração cinzenta no centro e bordos negros levemente salientes. Sob condições de alta umidade, o centro das lesões costumam apresentar uma massa rosada formada pela esporulação do fungo. Se o ataque se dá na extremidade, o ramo jovem fica com o desenvolvimento comprometido e a parte atacada pode ser totalmente destruída, apresentando aspecto de queimado (Figura 3). Nos ramos maduros, os cancros tornam-se profundos (Figura 2), semelhantes a danos causados por granizo, podendo provocar rachaduras ou quebra dos mesmos. Os sarmentos são mais atacados na sua base, pela proximidade da fonte de inóculo presente no ramo do ano anterior. Nas inflorescências, ocorre a seca, o escurecimento e a queda dos botões florais. Nas bagas, a doença manifesta-se como manchas arredondadas, necróticas e isoladas. O tecido atacado torna-se mumificado adquirindo coloração cinza-escura no centro e pardo-avermelhada nos bordos (Figura 4), dando origem ao que popularmente se chama de “olho-de-passarinho”. As bagas afetadas pela doença apresentam menor conteúdo de açúcares.
O fungo sobrevive de um ano para o outro nas lesões dos sarmentos e gavinhas, bem como sobre os restos culturais sobre o solo. Ao final do ciclo da cultura, pode haver formação de escleródios (estruturas de resistência) nos bordos das lesões. Os escleródios no início da primavera, em condições de alta umidade, dão origem aos conídios (sementes do fungo) pela ação dos respingos da água de orvalho ou da chuva e do vento, são disseminados para as partes verdes da planta em desenvolvimento, iniciando novas infecções. Nas lesões primárias resultantes, produz-se inóculo secundário responsável por lesões em outras partes da planta, como as gavinhas, pecíolos, folhas, pedúnculos e bagas.
O fungo se desenvolve numa ampla faixa de temperatura, de 2°C a 32°C, sendo a temperatura ótima entre 24°C e 26°C, associado com primaveras chuvosas, nevoeiros ou cerrações, com umidade relativa superior de 90%, sendo ainda favorecida por ventos frios. A doença surge mais em áreas localizadas do vinhedo, pois sua dispersão depende principalmente da chuva e em parte pelo vento, podendo chegar até 7 metros da fonte de inóculo. Em longas distâncias a dispersão pode ocorrer com o transporte de mudas ou materiais de propagação infectados.
O controle mais adequado da antracnose da videira depende da utilização de um conjunto de medidas para um manejo mais eficiente da doença, não devendo ser restrito apenas a utilização de fungicidas. Assim, deve-se aliar a escolha do local adequado de plantio, uso de cultivares resistentes, material de propagação sadio, adubação equilibrada, manejo correto da cultura, eliminação de plantas ou partes vegetais doentes e o uso de fungicidas. Depois de seu estabelecimento, a antracnose é de difícil controle, devendo-se adotar medidas preventivas desde a implantação da videira.

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