ARTIGO – Viticultura e Desenvolvimento

Não há nenhum outro setor econômico que gere tanta renda por hectare de área plantada e distribua a riqueza de forma equitativa quanto a vitivinicultura

Carlos Raimundo Paviani
Diretor do Portal A Vindima

O apoio do governo Eduardo Leite ao setor vitivinícola é tímido. Pode ser adjetivado também como simbólico, da mesma forma que a lei promulgada no dia 28 de abril, que institui o vinho e o espumante como símbolos do Rio Grande do Sul.

Quando se observam os números de investimentos do Fundovitis, de acordo com o Portal da Transparência, nos últimos cinco anos, entre 2020 e 2024, o Fundovitis arrecadou R$ 163 milhões. No mesmo período, ou seja, até abril de 2025, os investimentos somaram apenas pouco mais de R$ 30 milhões, ou seja, apenas 18,4% do total arrecadado.

Se considerarmos que a legislação permite que 50% da arrecadação do Fundovitis seja realizada diretamente para uma instituição representativa do setor — possibilidade que foi perdida em 2019, no primeiro ano do governo Eduardo Leite —, de lá para cá, o setor já perdeu mais de R$ 50 milhões em burocracias e exigências tecnocráticas.

Há poucos dias, na abertura da Wine South America, o governo assinou novo compromisso de destinar R$ 11 milhões ao setor. Mesmo com este, o investimento chegaria a 25% do Fundovitis, ou seja, metade do valor que deveria ter sido repassado.

A sanção do projeto que torna o vinho e o espumante símbolos do Rio Grande do Sul acrescenta muito pouco para o setor. Há outras ações mais importantes que o governo Leite deveria realizar para confirmar este como um setor estratégico para o desenvolvimento do estado, que produz 90% dos vinhos brasileiros.

O Distrito Federal, que tem apenas uma vinícola — fruto do estímulo daquele território a um projeto coletivo que envolve uma dezena de produtores —, tem investido em pesquisa e desenvolvimento territorial muito mais do que o Rio Grande do Sul, quando comparadas as proporcionalidades.

Se o governo do Rio Grande do Sul quer estimular o setor, a primeira ação a ser realizada é investir pelo menos 50% dos recursos do Fundovitis. Se, para tanto, são necessários ajustes na legislação, este deveria ser um esforço conjunto entre Executivo e Legislativo, para dar maior celeridade nas aplicações desses recursos.

A segunda ação que Legislativo e Executivo gaúchos devem realizar é impedir que o uso de herbicidas hormonais continue afetando a produção de uvas e outras frutas. Faz pelo menos 10 anos que este problema se arrasta. Diversos produtores já anunciaram a redução de investimentos e alguns já pensam em deixar a atividade. Na mesma situação estão produtores de oliva, frutas, erva-mate e outros produtos agrícolas que sofrem as consequências da deriva dos herbicidas.

Não há nenhum outro setor econômico que gere tanta renda por hectare de área plantada e distribua a riqueza de forma equitativa quanto a vitivinicultura. Onde ela existe, em qualquer região do mundo, há desenvolvimento. É preciso que os governantes enxerguem esta realidade.

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