O Brasil conquistou avanços significativos na 23ª Assembleia Geral da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), realizada em Chisinau, na Moldávia, durante o 46º Congresso Mundial da Vinha e do Vinho. Entre as 14 resoluções aprovadas por 51 países, destaca-se a padronização internacional do suco de uva reconstituído a partir da uva Vitis labrusca com 14° Brix — padrão adotado no Brasil e agora reconhecido globalmente.
Segundo Fernanda Spinelli, integrante da delegação brasileira na OIV, “esse é o nosso padrão nacional, estabelecido com base nas nossas condições edafoclimáticas. Com o padrão internacional anterior, de 16° Brix, cerca de 50% da nossa produção seria excluída. Fizemos um levantamento de 10 anos para comprovar essa realidade”.
A aprovação pela OIV repete integralmente o texto já reconhecido pelo Codex Alimentarius, o que, segundo Spinelli, “evita divergências entre os padrões internacionais e facilita o comércio e a exportação do suco brasileiro”. Com isso, o Brasil não só assegura maior competitividade, mas também valoriza as características únicas do seu produto. “Apresentamos ao mundo o perfil do nosso suco, com mais estrutura, cor e corpo em comparação ao europeu”, afirma.
Brasil lidera seis projetos na OIV
Além do avanço no tema dos sucos, o Brasil atualmente coordena seis projetos técnicos na OIV. “Temos métodos focados para análise de suco de uva, como determinação de etanol, densidade e dióxido de enxofre, além de métodos para pesticidas em vinhos e sucos, e um projeto sobre práticas biodinâmicas liderado pelo professor Juan, da Unipampa”, detalha Spinelli.
Essas ações colocam o país em posição de liderança técnica e científica, conectando a produção nacional com as exigências do mercado global.
Atualização na pontuação de concursos internacionais
A nova ficha de pontuação aprovada para concursos internacionais propõe maior objetividade e precisão técnica. “Mudou a nomenclatura dos parâmetros e o peso dos grupos de descritores”, explica. A harmonia, por exemplo, ganha mais destaque: aparência (10%), olfato (30%), paladar (40%) e harmonia (20%), ante os 11% anteriores.
Rotulagem nutricional e ingredientes
As novas diretrizes sobre rotulagem aprovadas na Assembleia tratam de recomendações, não obrigações. “Os países podem exigir ou autorizar essas informações de acordo com suas legislações. A lista de ingredientes e os dados nutricionais podem constar em rótulos eletrônicos, desde que o valor energético esteja no rótulo físico. Em todos os casos, as substâncias que causam hipersensibilidade, incluindo alergias, e ainda presentes no produto final devem ser indicadas”, esclarece Spinelli.
Regiões emergentes e dupla poda em pauta
As novas regiões produtoras brasileiras têm despertado interesse técnico na OIV. “Trabalhos sobre a dupla poda são apresentados nos congressos da OIV e essa pode ser uma futura resolução liderada pelo Brasil”, propõe. Em agosto, o diretor da OIV, John Barker, visitará o país com foco nessas regiões emergentes.
Adesão e implementação das resoluções
As resoluções da OIV funcionam como referências. “No Brasil ainda temos algumas diferenças quanto a recomendações, mas estamos em constante busca da implementação”, comenta Spinelli. A adoção exige adaptações regulatórias, mas é estratégica para fortalecer a competitividade da vitivinicultura brasileira.
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