Enxertia dos tomateiros: atenção à qualidade das mudas

Tecnologias auxiliam na qualidade e resistência das plantas, diminuindo cerca de 95% as chances de contaminação

A enxertia diminui cerca de 95% as chances de contaminação não apenas de tomateiros, mas das hortaliças no geral Foto: Emater RS Ascar/Divulgação
A enxertia diminui cerca de 95% as chances de contaminação não apenas de tomateiros, mas das hortaliças no geral
Foto: Emater RS Ascar/Divulgação

Com o frio que persiste neste início da primavera, quem cultiva tomates tem esperado um pouco mais para realizar o transplante dos pés. Antes disso, é importante buscar qualidade nas mudas para garantir uma produção sadia. A enxertia de tomateiros vem ganhando investimentos e tecnologias que auxiliam o produtor nesta fase delicada e fundamental. Este foi um dos assuntos abordados durante o Dia de Campo promovido pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS-Ascar) no mês de setembro na cidade de Flores da Cunha. Para falar sobre o assunto, que envolve não somente a enxertia dos tomateiros, mas também de hortaliças como pepino e pimentão, o engenheiro agrônomo da Emater da cidade Boa Vista do Sul, Henrique Thomas Queiroz, mostrou opções como as presilhas de silicone que caem sozinhas com o crescimento da planta.

A enxertia é um método de propagação que consiste na fusão de tecidos de duas plantas diferentes, com a finalidade de explorar as características desejáveis de cada uma. Em geral, o segmento inferior (porta-enxerto) contribui com as raízes e com a parte inferior do caule, tornando-se responsável pelo suporte da nova planta, pela absorção de água e nutrientes e pela adaptação da planta às condições do solo ou outro substrato. A parte superior (enxerto), que é o segmento comercial, contribui com o caule, folhas, flores e frutos. Com isso, associa-se em uma só planta as características favoráveis das duas plantas.

O engenheiro Queiroz recomenda que a enxertia do tomateiro deve acontecer aproximadamente 25 dias após a semeadura. “O transplante a campo está ocorrendo desde o início de setembro, contudo, este ano, devido ao risco de geada tardia, alguns agricultores estão aguardando mais tempo antes de transplantar as mudas”, adianta. Outra recomendação é que os produtores encomendem as mudas sempre com antecedência. “O transplante da primeira safra é realizado de agosto a setembro, neste ano um pouco mais tarde, e a segunda safra de janeiro a fevereiro”, acrescenta.

O porta-enxerto é considerado resistente, pois limita a colonização e translocação da bactéria pelo xilema (tecido das plantas vasculares por onde circula a água com sais minerais dissolvidos), contudo a enxertia não fornece resistência total (imunidade) a doenças como a murcha bacteriana (ralstonia), portanto outras práticas são necessárias para garantir a sanidade da planta (leia mais abaixo). Tendo esses cuidados, de acordo com a Embrapa, se diminui cerca de 95% as chances de contaminação. Um bom porta-enxerto se caracteriza pela resistência a Fusarium (fungo que sobrevive no solo, das raças I, II e III), a murcha bacteriana, Verticillium (doença de solo) e a nematoides (vermes). “Essa resistência vira aliada do alto vigor”, destaca Queioz. Atualmente, os porta-enxertos disponíveis são Guardião, Muralha, Green Power, Multifort e Shincheonggang.

Passo a passo
Para o procedimento de enxertia do tomateiro é utilizada uma lâmina de barbear ou bisturi, presilhas de silicone, sombrite 50% (tela para sombreamento) e câmara úmida. Porta-enxerto e enxerto devem ser semeados simultaneamente em bandejas para produção de mudas. Após cerca de 25 dias, o primeiro passo para a enxertia é o corte transversal (45 graus) a cerca de oito centímetros da base. Após é feito o contato imediato do porta-enxerto com a variedade copa (enxerto), a presilha de silicone ou de outros materiais deve ser fixada proporcionando um contato íntimo entre os tecidos dos dois genótipos. Desta forma, a muda deve permanecer cinco dias na câmara úmida, com umidade aproximada de 80%, seguindo após para mais 10 dias com sombrite 50%. O último passo é o transplante. “Se o produtor utilizar presilhas de silicone, estas caem sozinhas após o crescimento do tomateiro. Outros tipos de grampos devem ser retirados sete dias após saírem da câmara úmida”, explica Queiroz.

Alguns cuidados ajudam na garantia da sanidade dos tomateiros após o transplante como a rotação de culturas; eliminação dos restos culturais; evitar o contato da variedade copa com o solo; utilizar cobertura do solo; nunca enterrar o ponto de enxertia; e manter mãos e ferramentas sempre limpas.

Compartilhe:

Uma resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Primeira vinícola brasileira idealizada por um homem negro combina qualidade, inclusão e valorização do terroir nacional...
Comemorando seus 95 anos, a Nova Aliança demonstra que tradição e modernidade podem caminhar juntas, oferecendo produtos que expressam a...
Ao qualificar seus associados e aprimorar seus processos, a cooperativa fortalece sua imagem de responsabilidade social e sustentabilidade no setor...