A Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), criada em 1924, nasceu de uma crise que abalou o setor vitivinícola no início do século passado. A expansão desordenada da produção e comércio de vinhos levou a uma onda de fraudes, com o mercado global inundado por bebidas erroneamente rotuladas como vinho. Essa situação, aliada a outros desafios como a devastação da filoxera e o impacto da Primeira Guerra Mundial, resultou na criação de uma entidade intergovernamental dedicada a harmonizar regras e disseminar conhecimento científico.
Desde sua fundação, a OIV tem desempenhado um papel essencial na regulamentação do setor vitivinícola, especialmente na Europa, onde a vitivinicultura é uma atividade econômica e cultural de grande relevância. A organização se concentra em estabelecer normas científicas, garantir a qualidade dos produtos e promover a cooperação internacional. Suas atividades são organizadas em quatro comissões:
1. Viticultura e Uvas de Mesa
2. Enologia e Métodos de Análise
3. Economia e Direito
4. Saúde e Segurança
Adicionalmente, a OIV conta com subcomissões especializadas, como a Subcomissão de Métodos Analíticos, atualmente presidida pela brasileira Fernanda Spinelli, um marco de representatividade no setor.
Brasil: Destaque na liderança científica
Em outubro, durante o 45º Congresso Mundial de Vinha e do Vinho, realizado em Dijon, França, a doutora em Biotecnologia **Fernanda Spinelli, de Caxias do Sul, assumiu a presidência da Subcomissão de Métodos Analíticos da OIV. Essa subcomissão é responsável por desenvolver e validar métodos de análise, definir padrões de qualidade e elaborar instruções técnicas para a produção de vinhos e seus derivados.
Fernanda destaca a importância de seu trabalho:
– Harmonização de métodos internacionais: Facilitar o comércio e garantir a qualidade dos produtos.
– Segurança e inovação: Desenvolver métodos analíticos que assegurem a autenticidade e segurança dos vinhos e derivados.
A delegação brasileira tem se mostrado ativa, com seis metodologias propostas em discussão, incluindo análises específicas para suco de uva e métodos para determinar o teor de álcool residual em vinagres. Entre os avanços recentes, destacam-se novos métodos para detectar contaminantes como ocratoxina A e para medir adoçantes em vinhos brancos.
Planos Estratégicos para 2025-2029
O plano estratégico da OIV para os próximos anos inclui seis eixos principais:
1. Sustentabilidade: Promover a viticultura resiliente e sustentável.
2. Adaptação ao futuro: Desenvolver tecnologias e métodos inovadores.
3. Simplificação do comércio internacional: Facilitar a circulação de produtos vitivinícolas entre os países membros.
4. Segurança do consumidor: Garantir padrões elevados de qualidade e saúde.
Nesse contexto, a subcomissão liderada por Spinelli buscará fortalecer a aplicação da Química Verde para criar métodos analíticos sustentáveis, bem como colaborar com organizações internacionais para garantir padrões globais.
Transformação e Inovação
O legado da OIV, que começou como uma resposta à fraude no mercado de vinhos, hoje é marcado pela liderança científica e pela promoção de boas práticas no setor vitivinícola. A presença brasileira no comando de uma subcomissão de tamanha relevância reafirma a importância do país no cenário internacional, contribuindo para moldar o futuro da vitivinicultura global.