A produção vitivinícola para 2025 nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina está cercada de otimismo e cautela. A Associação dos Produtores de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apassul) e a Embrapa Uva e Vinho divulgaram recentemente dados que mostram um aumento significativo nos pedidos de mudas de videira, refletindo a dinâmica do mercado e as perspectivas de crescimento do setor. Com o número de mudas em torno de 1,7 milhão, a expansão de novas áreas de vinhedos e a reposição de plantas já existentes estão em curso, alinhando-se às expectativas de consumo tanto de uvas para suco quanto para vinhos.
Um dos grandes motores dessa expansão é o crescimento contínuo do mercado de sucos de uva, especialmente com a crescente demanda por produtos mais saudáveis. As cultivares Bordô, Isabel e as melhoradas BRS Magna, Cora e Carmem, desenvolvidas pela Embrapa, têm sido protagonistas nesse cenário. Essas variedades não apenas garantem altos rendimentos, como também oferecem qualidade e resistência, fatores essenciais para o sucesso dos produtores.
Além do mercado de suco, a demanda por uvas para consumo in natura, como as Niágara branca e rosa, segue estável, com pedidos constantes de mudas. Isso reflete a manutenção desse segmento no Brasil, que se mostra resiliente ao longo dos anos, apesar das oscilações econômicas.
Por outro lado, o mercado de viníferas tintas enfrenta desafios. O aumento da importação de vinhos da Argentina e do Chile, que têm preços competitivos, pressionou a demanda por cultivares tradicionais como Sauvignon Blanc, Pinot Noir, Alvarinho e Riesling. Embora essas variedades sigam presentes nos vinhedos do sul do Brasil, muitos produtores estão redirecionando esforços para nichos mais específicos, como vinhos orgânicos e naturais, onde a competitividade com os países vizinhos é menor.
Um ponto de destaque no mercado é o crescente interesse pelos espumantes. O Brasil, com sua tradição crescente na produção de vinhos espumantes de qualidade, tem se consolidado como um dos principais produtores desse tipo de bebida no cenário internacional. As cultivares Chardonnay, Moscato e Prosecco estão no centro desse movimento, com um aumento expressivo nas vendas tanto no mercado interno quanto nas exportações. A qualidade dos espumantes brasileiros, aliada à sua boa relação custo-benefício, tem atraído consumidores que buscam produtos de qualidade premium sem o peso do preço elevado de espumantes europeus.
Já no segmento de vinhos de mesa, a cultivar BRS Lorena, desenvolvida pela Embrapa, tem ganhado notoriedade. Com características únicas que a tornam uma das favoritas entre os produtores de vinho de mesa, a Lorena oferece uma alternativa viável e de alta qualidade para pequenos e médios vinicultores, especialmente em tempos de competitividade crescente.
Com base nas previsões de plantio e nos pedidos de mudas, 2025 promete ser um ano movimentado para o setor vitivinícola do sul do Brasil. A diversificação das cultivares, aliada a uma adaptação estratégica frente aos desafios do mercado internacional, permite que os produtores se posicionem de forma competitiva. Se por um lado há cautela em relação às viníferas tintas, por outro, a explosão no mercado de espumantes e o crescimento contínuo do consumo de suco de uva oferecem um panorama positivo.
Os produtores estão atentos às oportunidades e aos riscos, ajustando suas estratégias para garantir que a safra de 2025 continue a consolidar a reputação do Brasil como um importante polo vitivinícola.