Sistema de alertas agroclimáticos fortalece manejo técnico na vitivinicultura gaúcha

Alerta Videiras e índice de aplicação do 2,4-D oferecem dados estratégicos para prevenir doenças e orientar o uso racional de herbicidas
Foto: Fernando Dias/Ascom Seapi

Diante da crescente demanda por decisões mais assertivas no campo, a vitivinicultura no Rio Grande do Sul tem incorporado ferramentas que associam ciência, tecnologia e previsibilidade climática. É o caso do Simagro-RS (Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos), iniciativa da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), que vem ganhando espaço entre os produtores de uva como instrumento de prevenção e gestão de riscos nas lavouras.

Projetado para diferentes cadeias produtivas, o sistema oferece recursos específicos para a vitivinicultura, como o Alerta Videiras — que emite sinais baseados em condições climáticas para antecipar riscos de míldio, oídio, geadas, chuvas intensas e estiagens, além de orientar manejos com maior segurança.

“Primeiramente a gente tem o problema, ou seja, alguma praga ou doença que possa prejudicar uma cultura em função das condições meteorológicas. A partir daí vamos atrás de artigos, dissertações, teses para definir a equação que nós vamos usar dentro do modelo meteorológico e transformar a previsão de tempo em um produto para dar suporte ao setor. A ideia é transformar a previsão do tempo em algo que o setor agropecuário possa usar no dia a dia da propriedade”, explica o meteorologista e coordenador do Simagro-RS, Flávio Varone.

Manejo técnico e redução da deriva de 2,4-D

Outro destaque do sistema é o índice de aplicação do herbicida 2,4-D, cuja deriva tem gerado prejuízos consideráveis às videiras, sobretudo em regiões como a Campanha Gaúcha. O índice foi desenvolvido com base na normativa estadual vigente e nas orientações dos próprios rótulos do produto.

“A gente pega estas condições determinadas pela normativa e transforma o índice numa espécie de ‘semáforo’, onde o produtor vai saber os melhores horários para aplicação: verde pode aplicar sem problemas, no amarelo é preciso cuidado e o vermelho não pode aplicar de forma nenhuma”, afirma Varone.

A proposta é oferecer previsibilidade técnica baseada no clima, reduzindo a subjetividade nas decisões de aplicação e diminuindo os riscos de contaminação cruzada com culturas sensíveis — especialmente em um estado onde o debate sobre o uso de herbicidas hormonais, como o 2,4-D, está sob forte discussão.

Monitoramento em tempo real

Com 98 estações meteorológicas automáticas em operação no estado, o Simagro-RS abastece modelos preditivos que são atualizados diariamente para os 497 municípios do Rio Grande do Sul. As informações são públicas e podem ser acessadas de forma gratuita online, servindo como base técnica para decisões no campo.

Além da vitivinicultura, o sistema também cobre culturas como soja, por meio do modelo de alerta para ferrugem asiática, e atua como instrumento de planejamento para o uso racional de insumos agrícolas em diversas cadeias produtivas.

Segundo a Seapi, a estratégia do Simagro é contribuir para a redução de perdas, o uso inteligente de defensivos e a mitigação de impactos diante de eventos climáticos cada vez mais extremos. O sistema é gerido pelo Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Sistemas Integrados e Meteorologia Aplicada (CESIMET), com sede em Hulha Negra (RS), que também conduz estudos em apicultura, pecuária, butiás e integração lavoura-pecuária.

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