Uva Goethe: A tradição vitivinícola de Santa Catarina ganha força com enoturismo e identidade regional

Entre tradição e inovação, a uva Goethe impulsiona a vitivinicultura catarinense e reafirma sua importância cultural e econômica na Região Sul
Foto: Divulgação

A uva Goethe, um símbolo da vitivinicultura em Santa Catarina, tem se consolidado como peça central na revitalização da produção de vinhos na região. Com a obtenção de Indicação Geográfica (IG) e o empenho de produtores locais, a região dos Vales da Uva Goethe recuperam um espaço significativo no mapa da vitivinicultura nacional, integrando tradição e inovação.

Patrícia Mazon, da Vigna Mazon, destacou como a história e as experiências oferecidas pela vinícola têm contribuído para preservar e promover a cultura única da uva Goethe. “Como historiadora, a gente trabalha muito essa questão da história da fama dos vinhos brancos de Urussanga dos anos 30, 40, e a identidade do imigrante italiano. Estamos na terceira geração; minha filha é sommelier e desenvolve os cursos de degustação orientada. Contribuímos abrindo a propriedade para o turismo; fomos a primeira vinícola a abrir a propriedade para o turismo em Santa Catarina,” compartilha.

A produção de vinhos Goethe vai além da bebida: envolve história, cultura e experiências únicas. “O fato da região dos Vales da Uva Goethe estar aberta para a colheita, para a pisa da uva, para trabalhos com a uva, valoriza o produtor e torna o nosso vinho atraente por meio dessas experiências. Os visitantes não só levam o produto, mas também vivenciam a tradição de pisar a uva como os antepassados faziam,” explica Patrícia.

A união entre os produtores locais também tem sido um ponto forte. “A nossa união na associação de produtores da uva e do vinho Goethe e o caminho que traçamos para a aquisição do selo da Indicação Geográfica nos mantém muito unidos. Trabalhamos muito a identidade, porque esse é o nosso diferencial no mercado,” ressalta.

A obtenção do registro de Indicação Geográfica tem gerado resultados expressivos na qualidade da produção e no reconhecimento dos vinhos Goethe. “Nos obriga a estar sempre atentos ao caderno de normas, à qualidade da produção, e tem atraído muitos visitantes. Retomamos o mapa da vitivinicultura nacional, após um período de afastamento da região. Hoje fazemos parte de roteiros que integram o sul do Brasil e da América,” afirma Patrícia.

Além de honrar a tradição, os produtores têm investido em inovação para atender às demandas do mercado. A Vigna Mazon, por exemplo, desenvolveu produtos adaptados ao clima tropical brasileiro. “Criamos um frisante com 9% de álcool, um vinho refrescante e ideal para o verão. Também estamos investindo na linha de espumantes, com cinco opções, incluindo o Naturi, que é muito próprio para drinks devido ao seu sabor neutro,” detalha Patrícia.

Futuro da Uva Goethe

O enoturismo tem se mostrado uma estratégia eficaz para fortalecer a uva Goethe e o setor vitivinícola da região. “Estamos integrando o enoturismo com os atrativos do sul de Santa Catarina, entre o litoral e a Serra Geral. Nossa meta é continuar as atividades e apostar nas novas gerações,” conclui Patrícia.

A revitalização da vitivinicultura nos Vales da Uva Goethe é uma demonstração de como tradição, união e inovação podem transformar uma região e criar oportunidades para o futuro. Para o setor vitivinícola brasileiro, a região dos Vales da Uva Goethe, que inclui os municípios de Urussanga, Pedras Grandes, Cocal do Sul, Morro da Fumaça, Treze de Maio, Orleans, Nova Veneza e Içara, surge como um exemplo de como o legado histórico pode ser integrado a estratégias modernas para impulsionar o desenvolvimento.

Foto: Vigna Mazon/Divulgação

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