O jovem Marcelo Rossi administra praticamente sozinho o empreendimento familiar, no interior de Nova Roma do Sul

O moreno da pele de Marcelo prova que o jovem passa boa parte do tempo sob o sol. De família italiana – os Rossi – ele abriu mão de ingressar no ensino superior para ajudar a família com os negócios agrícolas. Seu pai, Ivanildo Luiz, de 54 anos, tem desgaste nos ossos do joelho e hérnia de disco na coluna; já não pode trabalhar como antes. Aos 27 anos, o rapaz administra praticamente sozinho todo o empreendimento da família, que mora em São Luiz, no interior de Nova Roma do Sul. Desde novembro de 2011, porém, a aquisição de um aviário climatizado vem amenizando a rotina de Marcelo.

Há cerca de dois anos os Rossi decidiram que era hora de deixar de lado o aviário totalmente manual e investir na automatização do sistema de água e ração. Mas era possível ir mais longe. Por incentivo de diretores da Pena Sul (que posteriormente seria comprada pela Seara e que hoje é de propriedades de outro grupo) a família optou por um aviário climatizado, que além do sistema de água e ração automáticos, também controla a temperatura ambiente. Este controle, explica Marcelo, resulta em produtos com mais qualidade; o frango se desenvolve mais ao mesmo tempo em que ingere menos ração. “Eles não ficam estressados”.

A estrutura de 150m X 16m conta com 10 exaustores, além de algumas aberturas no teto e um sistema que, em dias de muito calor, molha as paredes de tijolos a fim de refrescar o ambiente. Nos primeiros três dias os filhotes precisam permanecer em temperaturas de 31 a 32°C. Depois disso, a temperatura cai 2°C por semana. Ao término dos 45 dias em que os frangos ficam no aviário, a temperatura se aproxima dos 24°C. A luz, que fica acesa o dia inteiro, também é programada para acender automaticamente duas vezes durante a noite, já que no escuro os frangos não se alimentam.

A conta de energia da família, que antes beirava os R$ 200, saltou para R$ 2,4 mil. O investimento com a implantação do aviário também foi alto: cerca de R$ 480 mil. Parte do valor, explica Marcelo, foi financiada por linhas de crédito, entre elas o ‘Mais Alimentos’, do governo federal, que incentiva a modernização do meio rural; outra parte foi emprestada por familiares e o restante parcelado em seis prestações. A prefeitura de Nova Roma do Sul, acrescenta Marcelo, se encarregou da terraplanagem do terreno onde foi construída a estrutura sem cobrar nada. Na cidade, pelo menos três famílias têm aviário climatizado.

O retorno, no entanto, é grande. Com o fechamento da Seara os Rossi passaram a vender para a Frinal Alimentos. Por lote, são 35 mil aves ao preço que varia entre R$ 18 mil e R$ 20 mil. Entre o recebimento de um lote e outro há um intervalo de 15 dias, tempo para preparar o aviário. Além disso, a economia de tempo também pode se reverter em lucro. Hoje, ele gasta em média meia hora por dia supervisionando o aviário. O tempo restante pode ser aplicado no cuidado às parreiras e ao cultivo de alho.

Como muitos dos moradores da localidade são seus parentes, Marcelo evita contratar terceiros e, em época de colheita, se unem e fazem rodízios nas propriedades. Uma forma econômica e eficiente de administrar um dos  grandes obstáculos dos agricultores. “O problema da agricultura é a falta de mão de obra”, conclui Marcelo.

Sendo o único filho homem e o único filho a permanecer com a família (sua irmã mais nova, Luciana, já casou), Marcelo zela pelo futuro dos pais e da avó, Regina, de 74 anos, que mora com eles. Para que os negócios tenham vida longa e próspera, ele espera ter filhos e pretende incentivar o convívio no interior.” Se eu tiver a graça de ter uma companhia e ter família também, com certeza vou incentivar”.