No mês dedicado ao homem do campo, conheça as histórias de agricultores que têm orgulho da profissão e buscam crescer na atividade

 

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Mário e os filhos Eduardo e César Fachin: orgulho de trabalhar com a terra. (Foto: Larissa Verdi)

O mês de julho é marcado pelas comemorações do Dia do Agricultor e também pelo Dia do Colono, respectivamente festejados nos dias 28 e 25 de julho. Presente no campo e na cidade, o produtor rural é responsável por movimentar vários segmentos da economia brasileira. É do campo que provém 70% dos produtos consumidos no Brasil. Historicamente, foi a agricultura o viés responsável pelo desenvolvimento da humanidade. Ainda na Pré-história, o homem descobriu que poderia usar a terra para produzir seu alimento e isso ocasionou o desenvolvimento socioeconômico, pois foi a partir do surgimento das técnicas agrícolas que nasceram as cidades.

 

Milhões de anos depois, o agricultor tem algumas conquistas a comemorar. O século XX e XXI foram marcados por fases distintas: a primeira focada na organização do setor agrícola; a segunda na conquista de questões ligadas à saúde e a previdência social; e a terceira e atual no cumprimento das políticas públicas. No final da década de 1970, os agricultores conseguiram a aprovação do preço mínimo da uva e de outros produtos agrícolas. Nos anos 80, a constituição garantiu aposentadoria, auxílios e benefícios. Na década de 90 foram as tecnologias, com o incremento de maquinários e novas formas de trabalhar à terra. Atualmente, a liberação de recursos para o custeio e investimento na lavoura podem ser festejadas. O Governo Federal aumentou os recursos para o Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), criou linhas de créditos especiais com juros mais baixos e ampliou os serviços da Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater). “O Plano Safra que a cada ano é incrementado e o seguro agrícola são fatos importantes a se comemorar, pois são políticas que têm dado certo. Acho que o que o agricultor tem a festejar essa organização, mobilização e reivindicação constante”, aponta a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Farroupilha, Josecarla Signor.

 

Para o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caxias do Sul, Rudimar Menegotto “temos que comemorar é a boa vontade do agricultor em fazer as coisas acontecerem, apesar das dificuldades. A esperança dele de que a cada safra tudo vai melhorar, apesar da remuneração baixa. Isso é um bom motivo para comemorar”, pontua.

 

O desafio atual é fazer com que essas políticas públicas aconteçam e lutar pela garantia de renda do produtor rural. Abaixo e na página a seguir, duas famílias de agricultores contam suas histórias, falam sobre seu amor à terra e sobre o orgulho em ser agricultor.

 

Trabalho em família e tecnologia como aliada

“Ser agricultor é um orgulho. Temos oportunidades, fizemos cursos e temos boa renda. O trabalho é pesado, mas ver uma boa produção no final de cada safra é gratificante”. Essas são palavras do jovem agricultor Eduardo Fachin, 30 anos. Ao lado do irmão César, 40 anos, e do pai, Mário, 68 anos, ele trabalha no cultivo de uva, alho e cebola, e tem orgulho do que faz.

 

O amor pela terra que os agricultores Eduardo e César cultivam é herdado do pai e de outras gerações da família Fachin. A história começa com Luigi Fachin, o avô de Mário, quando ele adquiriu um pedaço de terra na comunidade Nossa Senhora do Carmo, interior de Flores da Cunha. Um dos filhos de Luigi, José, herdou a propriedade dos pais. Dos filhos de José, Mário foi quem seguiu trabalhando no mesmo pedaço de terra.  Hoje ele conta com a ajuda dos filhos, e diz que a tecnologia é a grande aliada da agricultura e motivo para comemorar o Dia do Agricultor. “O alho e cebola exigem cuidados, mas a tecnologia atual vem para facilitar o trabalho permitindo ao produtor agregar valor ao seu produto”, destaca Mário, relembrando que quando começaram as condições eram poucas e tudo era manual. “Hoje dispomos de maquinário necessário para fazer desde o processo do terreno, irrigação, colheita, classificação e até embalagem”, explica.

 

Mário Fachin incentiva os filhos a continuarem trabalhando na agricultura, ressaltando que assim como qualquer outro negócio é um plano de carreira. “Para ser agricultor tem que gostar do que se faz e ser persistente. Nem sempre temos resultados imediatos, porém precisamos estar investindo em tecnologia para acompanhar o setor, mas sem dúvida é gratificante e recompensador”, afirma.

 

Entre os benefícios, luz e telefone

No interior do município de São Marcos, na Linha Marechal Deodoro, está a propriedade do agricultor Darvi Cioato, 67 anos (foto acima). Pai de cinco filhos, e com a vida já estabelecida, Cioato relembra sua trajetória que inicia na Linha Zambicari, onde ele nasceu. Depois de casado, adquiriu uma terra, que já havia pertencido ao seu avô. A propriedade familiar, com 27 hectares, tem como principal produto a uva, mas Cioato aposta na diversificação das culturas para garantir boa produtividade, cultivando também frutas como caqui, mirtilo, kiwi, e ameixa. Ao longo da vida, Darvi foi representante de diversas entidades no município, onde passou mais de 20 anos, não consecutivos, na presidência do Sindicato dos Trabalhos Rurais de São Marcos. Foi secretário e responsável pelo setor de compras da Cooperativa Agrícola Mista Rio Branco, representante da Secretaria da Agricultura do município e conselheiro da Cooperativa de Crédito Sicredi Serrana. “Essas experiências me trouxeram muito conhecimento e aprendizado de como lidar com as pessoas. É preciso calma para conquistar os nossos objetivos”, define o agricultor. Durante o período em que trabalhou fora da propriedade, sempre dedicava um tempo para seus afazeres agrícolas, mesmo nos finais de semana. Hoje seu tempo é dedicado somente à agricultura.

 

Cioato destaca as dificuldades que os agricultores enfrentaram para chegarem onde estão. “Uma vez não tínhamos luz e muito menos telefone. Nossa categoria conquistou inúmeros benefícios, e hoje tudo é mais fácil”. Assim, Cioato sente orgulhoso em, além de ser agricultor, poder representar essa classe lutando por diversas causas durante os anos de representação sindical. “Defendo os agricultores até o fim. Afinal, sou um deles”, brinca Cioato. Ele ressalta que a rotina do agricultor é árdua, porém rende conquistas e possibilidades. “Trabalhar é preciso em qualquer área. Então que seja com dedicação e sempre pensando no bem comum”, finaliza o agricultor.

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